Explicação número I.
Um professor de faculdade muitas vezes é alguém com dedicação exclusiva, que trabalha muito em pesquisas, num ambiente que se poderia chamar de “ambiente de laboratório”, com muitas variáveis razoavelmente controladas, é um acadêmico, às voltas com problemas acadêmicos e ligados às regras da Academia. A realidade que vive é bem diferente de um médico “comum”; com seu consultório particular, com clientes que ele, médico, deve conquistar.
Ele tem uma rede de proteção gerada por uma série de elementos – residentes, auxiliares, sub’s alguma coisa, enfermagem especializada, outros serviços para-médicos, etc. . Tem uma instituição que lhes drena pacientes constantemente.
Os pacientes que ele atende são, na sua maioria, pacientes da instituição. Tanto que é comum ouvir-se: “A paciente do 34”. “A paciente da eclampsia.”
O vínculo médico paciente que é sempre exaltado não me parece ser dos mais fortes, pois canso de perguntar no meu consultório. -Quem fez o seu parto? Não me lembro bem doutor. Foi um gordinho, ruivo, muito atencioso.
Já as cesariadas, me dizem: -A minha obstetra é a Dra. Fulana de Tal.
Por quê esta diferença? Acho que está num fato bem simples. À medida que um médico vai se tornando experiente e bom, aumenta a sua clientela. Lá pelas tantas ele não têm mais como atender pacientes com um nível baixo de tolerância à dor, ou a ansiedade, por quatro, seis, oito horas de trabalho de parto, sem deixar desassistidas outras pacientes suas.
Até por que as suas pacientes querem ser atendidas por ele(a) e não por um(a) auxiliar.
Dirão alguns que em outros lugares (países) os partos são feitos pelos plantonistas, auxiliares, parteiras e que tudo funciona até melhor que aqui. E eu vos direi que nos países, como nos EUA, onde se processa um médico pelo que a paciente, ou seus familiares, entende haver sido um erro, a Obstetrícia costuma liderar o ranking (perdão Aldo) dos especialistas mais processados.Num dos momentos mais importantes da vida de uma mulher ela vai querer ser atendida por outro(a) facultativo que não o que ela escolheu?
Um professor de faculdade muitas vezes é alguém com dedicação exclusiva, que trabalha muito em pesquisas, num ambiente que se poderia chamar de “ambiente de laboratório”, com muitas variáveis razoavelmente controladas, é um acadêmico, às voltas com problemas acadêmicos e ligados às regras da Academia. A realidade que vive é bem diferente de um médico “comum”; com seu consultório particular, com clientes que ele, médico, deve conquistar.
Ele tem uma rede de proteção gerada por uma série de elementos – residentes, auxiliares, sub’s alguma coisa, enfermagem especializada, outros serviços para-médicos, etc. . Tem uma instituição que lhes drena pacientes constantemente.
Os pacientes que ele atende são, na sua maioria, pacientes da instituição. Tanto que é comum ouvir-se: “A paciente do 34”. “A paciente da eclampsia.”
O vínculo médico paciente que é sempre exaltado não me parece ser dos mais fortes, pois canso de perguntar no meu consultório. -Quem fez o seu parto? Não me lembro bem doutor. Foi um gordinho, ruivo, muito atencioso.
Já as cesariadas, me dizem: -A minha obstetra é a Dra. Fulana de Tal.
Por quê esta diferença? Acho que está num fato bem simples. À medida que um médico vai se tornando experiente e bom, aumenta a sua clientela. Lá pelas tantas ele não têm mais como atender pacientes com um nível baixo de tolerância à dor, ou a ansiedade, por quatro, seis, oito horas de trabalho de parto, sem deixar desassistidas outras pacientes suas.
Até por que as suas pacientes querem ser atendidas por ele(a) e não por um(a) auxiliar.
Dirão alguns que em outros lugares (países) os partos são feitos pelos plantonistas, auxiliares, parteiras e que tudo funciona até melhor que aqui. E eu vos direi que nos países, como nos EUA, onde se processa um médico pelo que a paciente, ou seus familiares, entende haver sido um erro, a Obstetrícia costuma liderar o ranking (perdão Aldo) dos especialistas mais processados.Num dos momentos mais importantes da vida de uma mulher ela vai querer ser atendida por outro(a) facultativo que não o que ela escolheu?
2 comentários:
dizem maravilhas por aí sobre o modelo inglês, que inclusive usa parteiras e não médicos, os quais só são chamados quando a coisa encrespa. Fui atendida a gravidez toda por um clínico geral, não vi a cara de um obstetra que fosse durante nove longos meses. Vi umas parteiras nas reuniõezinhas obrigatórias no hospital - todas com jeito de tia fingida, dizendo pseudo-meigamente que não havia porque eu me preocupar se na minha família não acontece parto normal há gerações. A hora era de cuidar que a gravidez fosse tranquila, o parto a gente via quando fosse a hora.
Depois da criança nascida (num processo complicadíssimo que eu vou contar em episódios pra me vingar de ti), vi *uma* obstetra *uma* vez, ainda assim uma obstetra que não teve nada a ver com o parto. Como o dito cujo foi uma carnificina, não tinha nenhum detalhe do caso na ficha que a pobre obstetra recebeu. Tudo isso no louvado sistema público inglês = minha empregada teve tratamento muito melhor aqui no SUS. Cidade de médio porte, Rio Grande do Sul, Brasil.
Já a ficar escolhendo médico e fazendo questão do mesmo acompanhar aqui, ali e acolá eu não acho que eu deveria ter tido direito (e acho que ela também não teve) - não há sistema público de saúde que possa fazer de outro jeito que não o que você chamou de 'paciente da instituição'. Para paciente pagante, no entanto, regras do capitalismo. Aí imagino que comecem a aparecer outras questões éticas...
ao teu dispor para contar a história (de horror) de duas mães no UK - minha irmã e eu - para os teus colegas. Vão ficar com os cabelos em pé. Foi como se precisar de cesárea fosse uma falha da nossa parte.
Quero mandar meu email para você poder me enviar aquele texto do Borges, mas não queria fazer isso via blog. Vou procurar você no Orkut, caso não esteja por lá mando meu endereço via Márcia, pode ser?
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