segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O GORDO DAS DROGAS - cap. II

Por outro lado, era de dar pena do cara que se metesse comigo. O hôme partia prá cima e aí, ai de quem estivesse por baixo. Acho que ele tinha uma certa admiração, embevecimento, pelo que, penso eu, seria a minha respeitabilidade.
Através dele tomei conhecimento de um lado lúgrube e mórbido da vida.
O mandar dar uma camaçada de pau num drogadito devedor.
O cobrar em espécie, muitas vezes de modo humilhante, as dívidas de uma madame usuária de drogas.
A desconsideração pelo próximo.
Uma vez ele foi se encontrar com um chefão do tráfico, numa vila que existia na av. Ipiranga, perto de onde é hoje a sede da AMRIGS.
Recebera uma partida, acho eu que era de cocaína, e esta não era de boa qualidade e ele queria trocar. O outro o recebeu numa boa, examinou a mercadoria, constatou o defeito e mandou um capanga ir buscar no depósito uma outra partida para repor a que viera com defeito.
Na sala (Tudo isto me foi contado por ele, não o acompanhava nestas peripécias.) tinha umas 4 ou 5 meninas dos seus 14/17 anos, que ficavam por ali para se atracarem numa sobra de maconha, ou cocaína para darem uma cafungada (O crack ainda não havia aportado nestas plagas, tampouco o LSD, ou a heroína, ou o ectasy.).





O chefão, num cavalheirismo adequado a situação e ao meio, se dirigiu a uma das meninas e disse: -Ô Fulana, vem dá o rabinho aqui pro meu amigo enquanto ele espera. A menina veio prontamente, mas o GORDO disse que não estava afim. O outro não se deu por vencido e chamou uma outra. -Então Beltraninha, dá uma chupadinha no hôme prá ele não ficá inquieto! Desta vez, prá não fazer desfeita, ele aceitou.


Por conta de coisas como estas é que me afastei dele.



Continua num próximo capítulo.

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