terça-feira, 8 de janeiro de 2008

CESÁRIA OU PARTO VAGINAL - Explicação número II

Dizem que a mortalidade e a morbidade (problemas) são maiores entre as pacientes que se submeteram à cesárea. Nos poucos trabalhos que li estas diferenças são mínimas. Tão mínimas que me pergunto se não existirá aí um viés metodológico? Até porque os trabalhos não especificam os detalhes do atendimento. Números gerais podem ser extremamente enganadores. Principalmente no que diz respeito a classes sociais, preparo emocional pré-parto, tipo de atendimento paramédico das instituições.
Trabalhos científicos muitas vezes ajudam a criar regras que, se ideais na teoria, podem não o ser na prática, ou são inaplicáveis.
Um exemplo da área não obstétrica.
Num hospital universitário, uma mãe estava acompanhando a filha que saia de um coma pós-traumático. Para entrar no quarto, chegar na criança, era todo um ritual de assepsia e um protocolo de procedimentos muito rigorosos. Pois lá pelo terceiro dia a mãe, furiosa, chama a Enfermeira Chefe. Acabara de matar uma baratona. No meio da discussão, mais pra bate-boca entre as duas, uma outra barata desfila airosamente sobre uma das brancas paredes... Fim da discussão.
No item morbidade não vi números significativos a diferenciar uma da outra. Em compensação, não vi em tais trabalhos referências a sensação de prazer, de segurança, de satisfação, de gratificação, ou regojizo, ou seja, elementos da área emocional, subjetivos prazerosos. A avaliação parece não levar em conta estes fatores. Agora, ponto inflamado lá está. 1% a mais nas cesariadas, num dos trabalhos que li.
Fiquei impressionado com a pouca quantidade de trabalhos acadêmicos (não só na Medicina) que levam as palavras prazer, satisfação, gozo, etc., no seu título. Parece até que pesquisar, estudar, algo neste campo é até demeritório. E muitos dos trabalhos sobre prazer e felicidade nos remetem ao Dr. Freud, que, como todos nós sabemos, morreu em 1939.
Ou seja, quem dá aulas em ambiente acadêmico parece, digo, parece, não estou lá para ver, que valoriza muito mais o sofrimento, os problemas, do que os prazeres. Pelo menos em tese.
Daí ensinarem mais sobre os problemas, evitação de problemas do que como satisfazer mais o paciente de uma maneira mais global, mesmo que seja à custa de 1% a mais de pontos inflamados.
Sugiro darem uma olhada nos comentários dos post's anteriores.

Um comentário:

Maroto disse...

me parece que seja todo um modo de encarar a prática médica, que considera que o especialista, em sua grande sabedoria, libertará o paciente do sofrimento. Tu ainda queres que os demiurgos dêm prazer ao dito cujo paciente?

aliás, tava demorando pra reaparecer a questão do gozo por aqui :P