sábado, 15 de dezembro de 2007

POR QUÊ DUAS MULHERES E UM HOMEM?

Tenho um amigo, o Ganso, que é um especialista em tudo que diz respeito à sacanagem, esbórnia, sexo, mas desde que haja um pouco de afeto, de romance.
Pedi que ele fizesse uma enquete entre suas conhecidas para que elas dissessem se preferiam uma relação a três com outro homem ou outra mulher.
Uma amplíssima maioria delas escolheu que preferiam uma outra mulher como companhia na gandaia.
Mas por quê esta preferência?
Uma das explicações, ou pelo menos, tentativa de explicação, seria de que este modelo tem uma ligação atávica com o fato de que no mundo animal se tem um macho
alfa+, que têm várias fêmeas. Alguns alfa- ficam ali, pelas “berbas” esperando uma promoção ou contentando-se com uma só, ou o que sobrasse.
O resto seria massa de manobra.
O fato é que, biologicamente falando, duas fêmeas convivem melhor com um macho do que o inverso. Embora, como sempre, se tenha inúmeras exceções.
Outra explicação é que nós homens somos mais diretos para uma série de coisas. Entre elas para o sexo. As feministas que me perdoem, sei que existem exceções, mas estou falando de maiorias puras. Homem é mais explicito (para o sexo) na maior parte das vezes. Portanto, depois que um homem sai do armário, ele sai do armário. Gostou mais de homem, sai com homem. O sexo entre homens não tem nada de reprodutivo, é prazer puro e simples. Para que então por mulher no pedaço?
Já as mulheres, por mais que, racionalmente, também queiram sexo só pelo prazer que a atividade propicia, têm de lidar com um componente genético/constitucional, não ligado à lógica, que faz um link com a maternidade e, conseqüentemente, com o afeto. (Penso que existe também o link nos homens para a paternidade, mas penso que ele é bem mais fraco.) Talvez seja esta uma terceira razão para explicar a preferência do desenho duas mulheres/um homem. A presença da outra mulher aumenta a carga de afeto e prazer, enquanto a participação do homem satisfaz o link.
Um outro elemento em jogo é o fato de que a presença de um homem ajuda a diminuir eventuais culpas pela atração e prazer homossexual entre as mulheres, pois, teoricamente, estão ali juntas para dar prazer a ele, pela vontade dele.
Duas mulheres se acariciando, fazendo sexo, satisfazendo-se mutuamente, não incomodam, em geral, a um homem, porque esta atividade satisfaz muitas das suas necessidades voyerísticas. (Lembremo-nos que nós homens somos os grandes consumidores das Playboy’s da vida.), além não haver um outro pênis para ele competir ou temer.
Já dois homens, ao se acariciarem, ao transarem, incomodam a mulher, pelo menos as que conheci. Sentem-se excluídas, vêem uma questão hierárquica entre os dois homens (um superior e o outro inferior, em geral o, antigamente, chamado passivo) e nenhuma mulher gosta de se envolver sexualmente com homens inferiores no campo do sexo.
Na relação a quatro se tem o problema de que é difícil contentar todo mundo. Não bastasse isto, o prazer alheio sempre desperta, em maior, ou menor grau, o ciúme e a inveja dos demais. O que faz com que nas relações a quatro, com uma freqüência altíssima, muitos sejam consumidos por percepções desagradáveis ao final da atividade, pois ficam com a sensação de que alguém ficou devendo-lhes algo, o que acaba por minar o possível prazer que os “devedores” nelas teriam.
E, at last, but not least (Finalmente, mas não por último, no sentido hierárquico da palavra – Para satisfazer o deputado Aldo Rabelo, autor desta belíssima lei que exige que cada estrangeirismo tenha a sua tradução. Minha dúvida é a partir de quando uma palavra deixa de ser estrangeira e passa a ser incorporada ao léxico nacional com a ressalva de que é um galicismo, um anglicismo, etc e tal.)
, nas grandes surubas estes problemas não aparecem,paradoxalmente. Ninguém é de ninguém, o prazer dos outros fica tão diluído, os preconceitos tão abalados, que todos acabam mais, ou menos, na mesma média. O problema, no caso, é que as bacanais são pobres emocionalmente, o que faz com que muitos dos participantes tentem uma ou outra vez, mais por curiosidade, e depois se retire para não mais repetir. O que fica de bom delas, para a maioria, pelo menos dos homens, é que têm mais uma história para contar nos Barrancos da vida, com todas as hipérboles possíveis, para uma platéia que precisa acreditar no sonho, para poder fantasiar que um dia a sua vez chegará.
E deu gente, por um tempo cansei de surubas, ménages (encontros, seu Aldo, encontros), troca de casais, par touts (Para todos, seu Aldo.). Mas, como um vicio já antigo, quando menos se espera a vontade de falar no assunto volta.

Um comentário:

Maroto disse...

assim não dá! Você enche a blogosfera de teses absolutamente polêmicas sobre o sexo a três, a quatro e a muitos mais e esta que vos fala tem que ficar calada por falta de conhecimento empírico. Minha intuição vai contra muitas das tuas teses, mas não gosto de abstrações sem base na realidade. Como ficar calada não é o meu forte, a esta altura já identifiquei um bom contexto para a investigação, já imaginei como construir o objeto e recortar o corpus, já saí à procura de entidades interessadas nessa área de conhecimento para subsidiar o trabalho e estou em plena redação do projeto de pesquisa. Em meio a toda essa agitação pré-empiria tu vens com essa de 'chega desse assunto'? Tamanho estraga-prazeirismo me faz descofiar você é representante de alguma área de conhecimento na CAPES