quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

MUTILAÇÕES COM AVAL

Vejo que uma série de entidades de defesa e valorização dos afro brasileiros estão indignadas com o Jô Soares, porque ele falou de modo depreciativo, irônico e humorístico, em um programa de TV, sobre costumes sexuais em Angola, muitos deles envolvendo mutilações de meninas. Uma das pessoas falou até que se tem de respeitar os costumes, tradições e ancestralidade de uma cultura.
Ou seja, se uma mutilação, como a clitoiridectemia envolver um costume, uma ancestralidade, uma tradição, então pode!
E eu que pensava que uma mutilação é uma mutilação, vejo que a coisa não é bem assim.
Talvez, se é para ser assim, a Santa Inquisição e o Nazismo não estivessem tão errados, ao defederem valores culturais, ancestrais e tradicionais de determinadas culturas e eu é que devo rever os meus conceitos sobre a violência.
PS, e que nenhum simplório me venha dizer que estou com isto defendendo o Jô.

2 comentários:

Marcia disse...

uma mutilação é uma mutilação, mas também uma mutilação pode ser compreendida no quadro de uma cultura, basta que o crítico se disponha a este olhar (um olhar amplo, coisa que Jô Soares não tem).

para mim e para você, certas práticas culturais causam horror e não fazem qualquer sentido. para quem vive no interior destas práticas, porém, pode ser que elas façam sentido, ainda que os sentidos sejam questionáveis sob diversos pontos de vista.

a antropologia nos ensina isso, mas Jô Soares não parece alguém disposto a aprender qualquer coisa para além de sua cultura eurocêntrica.

e não, isto não é de modo algum comparável à Inquisição.
e não, vc não seria simplório. mas que Jô Soares não é nenhum exemplo de tolerância multicultural, não é.
e não, eu não estou defendendo as mutilações. acho uma puta de uma sacanagem com meninas indefesas.

Maroto disse...

não defende o Jô mas defende o clitóris - quanto mais eu leio este blog, mais eu aprecio as escolhas do autor!