terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capítulo IV

Quase ao soar do horário aprazado uma buzinada mostrou que, para sacanagem, no Brasil o horário é respeitado. As meninas haviam chegado.
Deu uma desculpa qualquer e, como um mestre de cerimônias, foi buscar as meninas e orientá-las quanto ao script.
Feito isto, colocou um som bate estaca, fechou as cortinas que davam para o rio, e fez as gatas adentrarem no recinto. Quatro faziam o tipo ninfeta inocente deslumbrante. A quinta era um pouco mais velha, e não tinha a beleza das anteriores. Mas, como fora explicado pela alcoveta, o que ela não tinha de juventude e beleza compensava no que fazia e na capacidade de organizar a orgia, ajudando as gurias a soltarem a franga.
Falar em impacto é dizer pouco. Um frisson se fez entre a homarada.

Portos explicou a razão de tão meritória atitude e já partiu pro bem bom. No que foi seguido por Athos, que não se fez de rogado.
D’Artagnan se dirigiu à orgia como quem vai ao dentista tratar um canal. Comportava-se como quem tem um dever penoso a cumprir. Prova para uma redenção.
Aramis ficou na roda. Passava a mão numa, noutra, dava palpites, mas não entrava para valer na farra. Aliás, uma vez ele me confessou, naquele tom de voz que os homens usam quando vão falar em sacanagem como se fosse a coisa mais séria do mundo.
-Adoro uma suruba, mas não prá trepá, gosto é da gritaria.
Athos parecia um touro de cobertura.



Segue num próximo capitulo.
PS. O Livro o Manual do Hedonista acabou se revelando um livro de auto-ajuda. No início até parecia muito interessante, mas depois caiu na mesmice dos de auto ajuda. Para quem gosta, tudo bem. Ou para quem não tem nada o que ler.

3 comentários:

Maroto disse...

a idéia de um manual de auto-ajuda para o hedonismo é simplesmente o máximo!

Anônimo disse...

Rapaz! Essa frase "Adoro uma suruba, mas não prá trepá, gosto é da gritaria." É o mais que perfeito opus NelsonRodrigueano! Agora é ele que deve estar puto nas cinzas pensando pq não escreveu isso antes de vocÊ!
Abração!

Carlos Eduardo Carrion disse...

Marcio, infelizmente a frase não é minha. É de um surubeiro que conheci, cujo nome se perde nas névoas do meu passado (estilo metido a besta, copidado de folhetins metidos a besta).