terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capítulo II

À sua maneira cada um deles sofria pelo amigo. E procuravam mitigar a dor do parceiro.
Convidavam-no para um chopp
, para um jantar, para uma festinha, para apresenta-lo para uma amiga, uma colega, uma parenta, uma recém separada, enfim toda esta flora tropical de mulheres que eles julgavam que seria o lenitivo para as dores do indigitado.
Às vezes estiveram à beira de desistir. O mundo não tinha salvação, a vida era uma via crucis, as mulheres eram umas falsas e interesseiras, ele era mesmo um azarado.
Fora o ficar contando o seu drama, interminavelmente, em diversas versões. Parecia até uma
daquelas vinte e duas versões para uma sonata de violino de Pagannini, só que cada uma era mais desagradável que a anterior, por que o que era suprimido, ou agregado, não trazia nada de realmente novo, ou, pelo menos, um elemento de tragicomédia.
Como todo mundo que já passou por uma situação destas sabe, seja como ator principal, seja como um mero coadjuvante, os fins de semana são particularmente dolorosos. Por conta disto preparam um esquema.
Um churrasco na casa da ilha, no delta do Jacuí, da família de Portos, que estava viajando. Sol, natureza, lancha para esquiar, quem sabe não estaria aqui alguma forma de tirar o hôme do casulo de acabrunhamento e amargura em que se enfiara. E prepara a carne, e toma cerveja, e contam-se as mesmas histórias, e lá vem o drama de novo.

Segue num próximo capítulo.

Nenhum comentário: