Num desses livros chic’s de capa dura que usam para se por sobre alguma mesa, mais como objeto de decoração do que como elemento de cultura, sobre o Machado de Assis, encontrei uma frase dele que reproduzo parcialmente e, provavelmente, trocando algumas palavras.
“Não existe hora boa para morrer. Todas são boas. Eu acho que 6 ou 7 horas da tarde é uma boa hora para se morrer.”
Fiquei a matutar sobre o assunto e cheguei a conclusão de que não concordo com ele. Início de noite, todo mundo cansado, com fome, uma noite inteira de velada. Não, definitivamente não.
Penso, que o melhor seria ali pelas 7 ou 8 horas da manhã. De preferência numa sexta-feira ou num sábado pela manhã.
Não se tem como evitar o impacto. Liga-se para um parente, para um amigo, para ajudar a pensar e tomar as primeiras providências. Funerária, atestado de óbito, avisar os conhecidos.
Dá tempo para todo mundo tomar o seu café da manhã com calma. Para os parentes que moram relativamente perto virem. Dar os telefonemas d’habitude.
-Tu viu quem morreu? O Fulano!
-O quê, o Fulano? Mas ainda ontem eu falei com ele. (Ou seja, eu não tinha me dado conta que esta tal de Morte pega a gente de surpresa.)
Ou: -Bom, eu já esperava isto, com o tipo de vida que ele vivia, era só uma questão de tempo... (Como se existisse um tipo de vida que não leve a morte.)
Ou ainda: -Mas tu sabe? Na última vez que eu vi ele, me deu um pressentimento... Tinha algo que me pareceu estranho. Não sei se a cor da pele, o cheiro, sei lá o que. (Ou seja, a mim não me pegam desprevenido.)
Depois a clássica. –Tchê, em que cemitério? A que horas?
Depois se tem algumas alternativas.
-Vou dar uma passada agora de manhã porque de tarde quero ver se vou ...
-Vou ver se vou só na hora do enterro, não gosto de cemitério e enterro.
-Vou ali pelo meio-dia, pois sempre tem menos gente, assim dou o meu ar da graça.
-Vou prá lá agora, a(o) coitado(a) do(a) pode precisar que alguém ajude em alguma coisa.
-Não, não vou! Eu me dava era com ele. E ele não está mais aqui. Não conheço ninguém da família.
O horário bom de marcar o enterro é ali pelas 4 ou 5 da tarde. Não atrapalha o almoço de sábado e nem a sesteadinha básica. Além de ainda ser dia. Sabe como é que é, tem havido muito assalto nestes velórios hoje em dia.
Aí é só se esquematizar, preparar o ar de compungido se a presença no velório for só formal, ou ficar lembrando coisas que se viveu com o falecido e ir se preparando para o vazio que a falta dele vai criar, já que com ele não se perdeu só um amigo. Foi-se também uma parte nossa e da nossa história.
Mas, apesar de tudo, me parece que este horário ainda é o melhor.
O problema é que não se escolhe a hora.
“Não existe hora boa para morrer. Todas são boas. Eu acho que 6 ou 7 horas da tarde é uma boa hora para se morrer.”
Fiquei a matutar sobre o assunto e cheguei a conclusão de que não concordo com ele. Início de noite, todo mundo cansado, com fome, uma noite inteira de velada. Não, definitivamente não.
Penso, que o melhor seria ali pelas 7 ou 8 horas da manhã. De preferência numa sexta-feira ou num sábado pela manhã.
Não se tem como evitar o impacto. Liga-se para um parente, para um amigo, para ajudar a pensar e tomar as primeiras providências. Funerária, atestado de óbito, avisar os conhecidos.
Dá tempo para todo mundo tomar o seu café da manhã com calma. Para os parentes que moram relativamente perto virem. Dar os telefonemas d’habitude.
-Tu viu quem morreu? O Fulano!
-O quê, o Fulano? Mas ainda ontem eu falei com ele. (Ou seja, eu não tinha me dado conta que esta tal de Morte pega a gente de surpresa.)
Ou: -Bom, eu já esperava isto, com o tipo de vida que ele vivia, era só uma questão de tempo... (Como se existisse um tipo de vida que não leve a morte.)
Ou ainda: -Mas tu sabe? Na última vez que eu vi ele, me deu um pressentimento... Tinha algo que me pareceu estranho. Não sei se a cor da pele, o cheiro, sei lá o que. (Ou seja, a mim não me pegam desprevenido.)
Depois a clássica. –Tchê, em que cemitério? A que horas?
Depois se tem algumas alternativas.
-Vou dar uma passada agora de manhã porque de tarde quero ver se vou ...
-Vou ver se vou só na hora do enterro, não gosto de cemitério e enterro.
-Vou ali pelo meio-dia, pois sempre tem menos gente, assim dou o meu ar da graça.
-Vou prá lá agora, a(o) coitado(a) do(a) pode precisar que alguém ajude em alguma coisa.
-Não, não vou! Eu me dava era com ele. E ele não está mais aqui. Não conheço ninguém da família.
O horário bom de marcar o enterro é ali pelas 4 ou 5 da tarde. Não atrapalha o almoço de sábado e nem a sesteadinha básica. Além de ainda ser dia. Sabe como é que é, tem havido muito assalto nestes velórios hoje em dia.
Aí é só se esquematizar, preparar o ar de compungido se a presença no velório for só formal, ou ficar lembrando coisas que se viveu com o falecido e ir se preparando para o vazio que a falta dele vai criar, já que com ele não se perdeu só um amigo. Foi-se também uma parte nossa e da nossa história.
Mas, apesar de tudo, me parece que este horário ainda é o melhor.
O problema é que não se escolhe a hora.
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