terça-feira, 27 de novembro de 2007

HISTÓRIAS SEXUAIS DE SANT’ANNA DO LIVRAMENTO VI, A FESTA DO CABIDE

Meu amigo e colaborador, que se intitula Anônimo, volta e meia mostra que me conhece, que tem um excelente nivel cultural e que foi meu contemporâneo.
Outro dia ele me escreveu sobre algo que quero compartilhar com vocês.
A FESTA DO CABIDE.
É preciso entender o que era para nós, naqueles priscos anos da minha vida, quando a vida sexual com mulheres ainda era, se não uma utopia, apenas um sonho distante, o que representava esta idéia.
Como se sabe, é nestas épocas de carência que a imaginação tem de suprir as privações concretas da realidade.
Existia então uma lenda, ou mito, de uma misteriosa folia que era denominada a FESTA DO CABIDE.
Esta, para um bando de punheteiros, dos 13 aos 15 anos, prefigurava o Éden.
Mulheres maravilhosas (Sim, ninguém ia imaginar a festa com mulheres feias.), devassas de olhos verdes e rostos angelicais.
Homens piçudos (Podem dar o sentido que quiserem para esta palavra.) capazes de proezas homéricas com seus phalus imensos, com a rigidez de um aço tolediano, daqueles que fazem toooing!!!! Até porque fantasias com uns molengões pastosos não teriam graça. Podia até ser uma ameaça para quando chegasse a nossa vez.
A suruba, sim, por que não deixava de ser uma suruba, ocorreria em lugares sofisticados, secretos, com senhas crípticas para a entrada (Imaginem se isto seria possível na Sant'Anna dos anos 60’s!!!?).
O bom desta fantasia é que todos nós acreditávamos nela, como um crente no Céu. Alias, era preciso acreditar. Com isto dávamos consistência aos nossos lúbricos devaneios.
Mas a Festa do Cabide; tal como nos era descrita, com os personagens entrando, tirando a roupa, colocando-as no cabide, adentrando no Grande Salão dos Prazeres da Carne, participando de uma orgia que faria Sodoma e Gomorra parecerem um convescote de alunas do colégio das freiras em Livramento; ficou, para a maioria, como a história da cabeça de bacalhau, do enterro de anão. Algo que existe, mas que eles nunca viram.
Para uns poucos, talvez felizardos, talvez não, há controvérsias a este respeito, estas fantasias, com algumas variações, ocorreram. Para outros, só ficaram as pálidas e enfumadas imagens da juvenil inventiva humana.
Mas não se desesperem. Para aqueles que ainda abrigam tais fantasias parece que há um lugar assim. Mas é assunto para uma próxima matéria.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

BACANAIS – ORGIAS – SWING – SURUBAS – SEXO GRUPAL

Existem evidências que na Proto História, quando ainda prevalecia o matriarcado, praticamente não existia o monogamismo e que, além da poligamia eram freqüentes rituais em que membros de uma comunidade faziam sexo em grupo.
Este caráter social e religioso foi-se esvaindo com o surgimento do patriarcado e, conseqüentemente, monogamismo. Monogonismo para as mulheres, off course.
Esta série de decorações em vasos, gravuras, afrescos, pinturas em tela, fotografias, estelas, mostra a presença desta forma de atividade sexual ao longo dos séculos.
Ao olharem para elas podemos notar que, se a motivação para a bacanal poderia, aparentemente, mudar, a atividade em si permanecia praticamente a mesma, só mudando a técnica de representação.
Como as orgias foram proibidas a partir do ano 180 A. C. pelo senado romano, por outras civilizações ocidentais antes, e, mesmo assim, continuaram a acontecer nas sombras, com seus participantes correndo riscos, até de punições capitais, tem-se que reconhecer que os impulsos que levam até tal tipo de atividade são extremamente intensos.
Só curiosidade, impulsividade, tesão, desafio às regras vigentes, crípticas razões inconscientes, busca por formas diferentes de prazer, não explicariam a sua repetição ao longo de milhares de anos.
Mas as atividades sexuais em grupo nunca deixaram de existir, o que mostra que algum componente genético deve estar presente, criando impulsos suficientemente fortes para que as pessoas ousem romper com tais tabus e preconceitos.
Se alguém não concordar, por favor, dê a sua opinião.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

EDUCAÇÃO NÃO É TUDO

De tempos em tempos ouço alguém querendo vender a idéia de que com a educação se resolveria tudo. Ou quase tudo.
Acho que antes de mais nada a gente tem de pensar em caráter e/ou cultura de uma pessoa, ou grupo. Se o caráter desta pessoa não for bom, se a sua cultura for muito agressiva, ou preconceituosa, duvido que qualquer educação mude-a. Pelo contrário, vai usá-la para viabilizar seus preconceitos ou psicopatias. Embora seja um "fã" da Cultura, acho que não se pode ser simplista, ou idealista demais. Dr. Goebbels era Doutor de fato e de direito pela universidade de Heidelberg, sendo seu orientador o Dr.Walderberg, um professor judeu.
Deu no que deu....

domingo, 18 de novembro de 2007

DIA DE ÓCIO

Amanheceu chovendo.
Para alguns isto, num feriado, pode representar um foco de aborrecimento.
Para mim não.
Sempre gostei dos dias de chuva.
Adoro acordar com o tamborilar da chuva nos telhados vizinhos e vidros da casa.
Lembra a minha infância.
Tocava o apito do Gazapina (Uma cervejaria que ficava próxima à minha casa, que usava um apito para avisar os operários que faltavam 30 minutos para o início da jornada e depois outro para começarem a trabalhar.) e minha mãe, que era professora no mesmo colégio que eu estudava, abria a porta do quarto e dizia:
- Hoje tá chovendo! Não precisam ir à aula. Não vai ninguém e as professoras não dão matéria nova!
E lá ficava eu deitado na minha cama, absolutamente absolvido de qualquer culpa.
Depois fui a aulas, fui trabalhar, mas o gostinho da idéia de lazer dos dias de chuva nunca mais abandonou a minha mente.

sábado, 17 de novembro de 2007

SEXO E CRIATIVIDADE



Vocês já repararam que foi nos momentos de liberdade sexual, até dá para dizer de maior libertinagem sexual, que a criatividade humana foi maior?
Pelo menos visto do ponto de vista ocidental.
Os gregos, tanto do período clássico, como do helenístico, foram extremamente criativos.
Os romanos, ao tempo do Império (Na república bem menos.), idem, idem.
A Idade Média, com o monopólio da Igreja, e dos que a serviam, ou dela se serviam, foi a Era das Trevas, onde, de tempos em tempos, em lugares esparsos, e com a brevidade do luzir de uma fagulha, alguém, aproveitando uma brecha qualquer na censura, conseguia criar algo de novo.
No período renascentista, quando até os papas eram devassos, houve todo um florescimento das artes e ciências. Quem ficou para trás? Justamente aqueles países que mantiveram os costumes manietados por regras. Mesmo assim, alguns conseguiam, por conta das brechas, criar algo.
A nobreza, a alta burguesia, foi uma das responsáveis por muitas destas brechas, graças a seus privilégios, que lhes permitiam algumas excentricidades, das quais, os espíritos criativos que a acompanhavam, tiravam a sua casquinha. Não só na Arte, mas também na Ciência.
Na era Moderna e na Contemporânea, as ditaduras que muitas vezes serviram, no primeiro momento (Oh! Heresia que aqui estou a dizer!) para por ordem no galinheiro, no momento seguinte já lá estavam a estancar a criatividade. E uma das coisas mais reprimidas foram as manifestações sexuais. Acho que a criatividade só não foi mais reprimida, por que alguns, de “los grandes en el poder”, se permitiam umas libertinagens e esta trazia no seu entorno um hálito de criatividade.
Estou convencido de que SEXO É CULTURA, e cultura é a força motriz da criatividade, da engenhosidade, da luta pelo ir adiante. Pode-se até caminhar temporariamente por trilhas suspeitas, mas, no final, sempre se desemboca em algo de bom.
Mesmo na Ciência tenho medo dos homens sisudos, “sérios”. Normalmente eles não levam a nada e, muitas vezes, ao retrocesso.
At last, para criar é preciso pensar, para pensar é preciso se permitir pensar e poder trocar pensamentos. Isto não é possível quando se tem de, a toda hora, estar se cuidando para que algo não escape. A começar pelos impulsos e desejos sexuais.

REPRESSÃO


Conversava com uma pessoa muitíssimo querida para mim, quando, ao fazer uma observação, vi que seus olhos marejaram e algo ficou trancado em sua garganta.
Perguntei:
- O que foi que houve?
- Nada, nada.
- Como, nada. Os teus olhos lacrimejaram. A tua voz ficou embargada.
- Não, nada.
- Tá bom! É algo que tu não queres falar!
- É. É algo que eu não quero falar.
Calei-me.
Fiquei a pensar, se não fosse algo comigo, que fosse me magoar, ou insultar, em demasia, o que ela ganha guardando isto para si?
Será que as pessoas não se dão conta que aquilo que não é lançado para fora, fica como um fel a corroer por dentro? Às vezes como uma bola de arame farpado entalado?
Fará tão mal do lado de fora, como o faz no nosso interior?
Acho que, se as pessoas se permitissem se abrir mais, o mercado de trabalho, de nós psiquiatras, iria cair um monte.
Então, VIVA A REPRESSÃO!!! (O estímulo pelo contraditório muitas vezes funciona melhor, do que o positivo.)
REPRESSÃO

Conversava com uma pessoa muitíssima querida para mim, quando, ao fazer uma observação, vi que seus olhos marejaram e algo ficou trancado em sua garganta.
Perguntei:
- O que foi que houve?
- Nada, nada.
- Como, nada. Os teus olhos lacrimejaram. A tua voz ficou embargada.
- Não, nada.
- Tá bom! É algo que tu não queres falar!
- É. É algo que eu não quero falar.
Calei-me.
Fiquei a pensar, se não fosse algo comigo, que fosse me magoar, ou insultar, em demasia, o que ela ganha guardando isto para si?
Será que as pessoas não se dão conta que aquilo que não é lançado para fora, fica como um fel a corroer por dentro? Às vezes como uma bola de arame farpado entalado?
Fará tão mal do lado de fora, como o faz no nosso interior?
Acho que, se as pessoas se permitissem se abrir mais, o mercado de trabalho, de nós psiquiatras, iria cair um monte.
Então, VIVA A REPRESSÃO!!! (O estímulo pelo contraditório muitas vezes funciona melhor, do que o positivo.)

(VIGO MORTENSI) ALATRISTE


Peguei este filme na locadora. Muito bom. Trata-se da vida de um soldado profissional espanhol, membro dos TERCIOS, que era uma tropa de elite na Espanha de Felipe IV. Retrata o período em que a decadência do império espanhol se fazia mais visível.
O filme tem algo de épico. Honra, Lealdade, Princípios e Amor ocupam lugar de destaque.
Mas me dou conta de que o principal de uma guerra, que é a dor, o cheiro da morte, a mutilação, a fome, o destruir, tudo isto fica envolto por uma capa da glamuralização.
Aliás o cinema tem feito isto muito bem. Glamuralizar o horrível, criar uma estética da destruição e da violência.
Comparando O RESGATE DO SOLDADO RYAN, com o POR DETRÁS DA LINHA VERMELHA, dá para entender porque o primeiro ganhou mais Oscars, teve maior público. O segundo mostrava as misérias da guerra de uma maneira mais realística. Os heróis, no segundo, não eram tão heróis. A Morte é feia, sem estética, bizarra, é malcheirosa e cheia de moscas.
O mesmo se pode dizer dos filmes policiais. Nos quais a polícia é muito honesta, idealística, ou pelo contrário é só corrupta e prepotente. Que os criminosos, ou rebeldes, ou são só monstros, ou pelo contrário, até podem ser bandidos, mas tem tanto charme, são tão injustiçados, tão valentes que, com pequenas reservas, até servem como exemplo.
Por favor, não entendam o que escrevi como crítica, ou censura. Apenas como constatação.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

UM MOMENTO DE SADISMO









Se há um tipo de sujeito que consegue me incomodar é aquele que usa o sangue, o trabalho, ou os sacrifícios dos outros, sem se dispor a nenhuma contrapartida.
Pois um destes homúnculos destes estava à mesa, junto com alguns amigos meus, há alguns dias.
Conversávamos sobre o Brasil, sobre a atual situação, sobre a violência, sobre a pobreza, quando este analistadebundachatadeescrivania foi peremptória na sua afirmação.
“Este país não muda enquanto não houver um banho de sangue!”
Tentei ponderar qualquer coisa mas ele foi categórico, enfático.
“Sem sangue não se chega a lugar algum!”
No primeiro momento pensei: “Este bosta não sabe o que é sangue. E nem o que ele custa.”
Mas, em vez de ficar silente, como o bom senso me manda ficar frente a tal classe de energúmenos, resolvi, já que ele dissera isto com um certo acento sádico, usar um pouco do meu sadismo que andava bem enferrujado.
“Tchê, tu tens familiaridade com sangue?”
Antes que respondesse fui adiante.
Aproveitei que estávamos num restaurante. Que ele havia pedido a sua carne bem passada. Que o meu filé estava bem mal passado. Passei a faca na minha carne de maneira a deixa-la com o cru e o sangue bem a vista.
Garfiei-a e levei-a para mais próximo do seu rosto.
“Isto é carne e sangue. Numa revolução sangrenta tem bastante carne e sangue. Que os carneados são tanto do teu lado como do outro bando. Que esta carne poderia ser a tua. Poderia ser a da M....(sua esposa), ou da S......(sua filha). Num banho de sangue ninguém está livre... Nos banhos de sangue se perdem logo os limites. Te lembras do Um chien Andaluz? Da faca cortando um olho humano; de uma moça ainda viva? Que este olho poderia ser do F.....(seu filho)?”
Observei no seu rosto o estupor, a raiva contida, mas também o medo e a sensação de nojo.
Aproveitei e continuei. “Mesmo o lado que ganha tem seus mortos. Só que a gente sempre os imagina anônimos. Mas eles podem ser muito mais próximos do que se poderia imaginar.”
Na revolução espanhola os republicanos muitas vezes, quando pegavam um fascista, enforcavam-no, mas não sem antes deixar as tripas do tipo de fora.” “Já os fascistas, não tinham nenhum problema de pegar um comunista/socialista e estrangulá-lo lentamente e, enquanto o sujeito estrebuchava, tocavam gasolina em suas pernas e punham fogo.” “Já imaginou isto acontecendo contigo?” “Ou pegarem o teu pai e a tua mãe, colocarem-nos em uma igreja e depois, trancando todas as saídas, põe-lhe fogo?” “Nos banhos de sangue não se respeita nada, nem ninguém”
“Ou tu acha que depois da primeira barbaridade o outro lado não vai responder com barbaridades?”
“Mais ainda. Mesmos os vencedores vão se entredevorar na disputa pelos despojos.” Não foi isto que a gente viu em tudo quanto foi revolução?” “E dê-le sangue!!”
Ele tentou ainda argumentar de que era assim mesmo. Que se tinha de estar preparado para tudo. Mas seu desconforto era visível, palpável.
“Tu já caçou?” “Eu já!” “Sabe por que eu parei?” “Por causa do desespero do bicho para escapar.” “Dos gritos de dor.” “Da respiração estertorante que custava para parar e que era insuficiente.”
“Para de respirar um minuto e tu já vai ver que é horrível a sensação” “Tu sabes que na maior parte das vezes se sente falta de ar antes de morrer?”
“E a dor?" “E a dor que não passa?” “Os banhos de sangue têm sempre muita dor.” “Pensou a tua filha com esta dor?” “A dor de uma faca que entra entre as costelas e que depois o cara faz girar e sente o crugir do aço contra o osso, só de mau?”
Acho que, nesta hora, se ele pudesse, me dava uma bofetada, mas ele não podia fazer isto. Ele era um intelectual.
Observei que os outros o olhavam com um ar divertido, quase sádico, ou me olhavam com um olhar de reprovação.
Mas, como já disse, aquele dia eu estava mais era querendo ver o circo pegar fogo. Sádico, sádico e meio.
E continuei, falando do cheiro de pus, da morte, da podridão, da sujeira, dos corpos mutilados, dos pedaços de corpos achados aqui e ali nas posições esdrúxulas, bizarras da morte; da água contaminada, mal cheirosa; da fome, da fome que faz um sujeito comer qualquer coisa, mesmo que estragada, das moscas, dos ratos, enfim, de todo o cortejo que acompanha os banhos de sangue.
Não espero que ele vá desistir do seu banho de sangue purificador, criador de uma Nova Era, mas, certamente, vai passar a existir uma nuvenzinha no céu imaculado que ele criara para a sua revolução.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

INTELIGÊNCIA E RACISMO

Meu caro amigo

Recebi o teu e-mail a respeito da pesquisa que dizia que, após diversas testagens, alguns pesquisadores haviam chegado à conclusão de que os negros seriam, em média, menos inteligentes do que os brancos.
Também vieram comentários de outros cientistas. Uns acusando a pesquisa, e os pesquisadores, de racistas. Outros alegando que estes nada mais haviam feito que pesquisar e divulgar os resultados encontrados.
Perguntavas-me também o que eu achava.
Confesso que me senti no que se chama uma saia justa.
O tema é muito explosivo, sensível. Os riscos de uma má interpretação são muito grandes. Teme-se que os resultados sejam utilizados de uma maneira equivocada e nociva. Mas, se a gente não diz o que pensa, duvido que se consiga ir muito longe em termos de pesquisas psico-antropológicas.
Portanto vou me arriscar.
Acho que nós somos genotipicamente e fenotipicamente distintos. Às vezes bem desiguais. Portanto, porque não aceitar a idéia de sermos também diferentes em termos de funcionamento psíco-intelectual?
Só que, e aqui faço questão de sublinhar, diferente não quer dizer inferior ou superior.
Estas testagens foram, que eu saiba, criadas por homens intelectuais, brancos, de nível sócio-econômico alto, para medirem o que estes homens consideram como inteligência, dentro dos padrões do que eles julgam que inteligência seja. E, certamente, temos conceitos diferentes sobre o que é inteligência.
Portanto, me parece que, nestes testes, por tais fatores, os indivíduos com as características do grupo que criou estes testes, se mostrem mais inteligentes do que os que apresentam outras características.
Mas isto estará longe de dizer que aquele grupamento humano é melhor que o outro. Apenas saberemos que, naquele campo específico, ele, em média, poderá ser considerado como melhor. Mas, e nos outros campos?
O problema do nazismo, ou de racismos em geral, é que eles visam qualificar um grupo, desqualificando os outros, de uma maneira ampla e irrestrita.
Isto, além de burrice, é crime.
Espero que tenha me feito entender.
Um abração
Carrion

domingo, 11 de novembro de 2007

FIM DA FEIRA


Apesar das minhas restrições à Feira do Livro deste ano, nada de errado com a Feira, pelo contrário, tenho eu a impressão que é uma misantropia minha, em relação às multidões, preconceitos em relação a livros de auto ajuda, esotéricos e de leitura de massas, não deixei de sentir uma sensação de final de festa.

DIÁLOGOS FRAGMENTADOS

Sábado, eu no super, fazendo as comprinhas da casa, quando passo por uma mulher, daquelas que algumas línguas malévolas chamariam de gostosona.
Ela, com o telefone no ouvido, dizia para alguém que dava para pensar que seria a empregada.
...me vê no armário uma calcinha e deixa na portaria, porque na pressa eu saí sem ela...
Continuou a falar, mas eu não mais ouvi.
Mas fiquei pensando.
Seria ela uma distraída?
Não o sendo, o que seria que a fez sair tão apressada que se esqueceu da calcinha?
Onde se encontrava ela quando se esqueceu da calcinha?
Claro que uma mente pornográfica imagina histórias maravilhosas. Mas se fosse uma história prosaica, ou puramente escatológica?

POLÍTICOS, políticos ....

Meu queridos amigos e leitores. Nesta altura tenho que considerar cada leitor como um amigo, pois só um amigo para dar uma força a este pobre escriba comparecendo a este blog.

Quando falamos dos políticos safados, dos nossos políticos safados e populistas, é bom sermos lembrados que eles sempre existiram, sendo florescentes nos períodos de decadência.

Se não vejam este trecho de uma peça de Aristófanes há, mais ou menos, 2400 anos atrás. OS CAVALEIROS.




Salsicheiro Mas, diga-me uma coisa: como é que eu, um salsicheiro, vou me tornar um político, um líder?








Primeiro Escravo (general Demóstenes) Mas é precisamente nisso que está a sua grandeza: em você ser um canalha, um vagabundo, um ser inferior!

Salsicheiro Pois eu não me julgo digno de tamanho poder!

Primeiro Escravo (general Demóstenes) Ai, ai, ai, ai, ai, ai! O que é que te faz dizer que não te achas digno? Está parecendo para mim que tens alguma coisa de bom a pesar-te na consciência. Serás tu filho de boa família?

Salsicheiro Nem de sombra! De patifes, mais nada!
Primeiro Escravo (general Demóstenes) Homem ditoso! Que sorte a sua! Tens todas as qualidades para a vida pública!

Salsicheiro Mas, meu caro amigo, instrução não tenho nenhuma. Conheço as primeiras letras e, mesmo estas, mal e porcamente!

Primeiro Escravo (general Demóstenes) Isso não é problema! Que as conheças mal e porcamente! A política não é assunto para gente culta e de bons princípios: é para ignorantes e velhacos!

Tchê lôco, hay que hoderse pá este tal de Aristófanes.

sábado, 10 de novembro de 2007

Peguntinha do dia


BANDIDO MATA PM, FERE DOIS POLICIAIS CIVÍS E SAI APLAUDIDO PELA POPULAÇÃO.

Para quem é do Rio de Janeiro isto não é novidade.

O problema é que o fenômeno vêm se expandindo.

Até quando? Até onde?

Não nos esqueçamos que a cada ação corresponde uma reação de sentido contrário e igual intensidade.

Surgirão milícias? Lei do Talião? Senhores da Guerra?

Coitados dos mariscos, entre as pedras e o mar!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

SEIOS E LEITINHO



Este artigo foi escrito em função de uma reportagem que li que dizia que as crianças amamentadas com o leite materno poderiam ser mais inteligentes que as que não foram alimentadas com o leite materno.
Antes de mais nada devo dizer que não sou associado da Nestlé (infelizmente), nem preposto (também infelizmente), e muito menos patrocinado pela (também infelizmente - Alôoo Nestlé, qualquer coisa estamos, aí, podemos até radicalizar, total um apartamentinho na Promenade des Anglais faz qualquer radical chic ter opiniões fortes e definitivas :-)).)
Mas lendo sobre o aleitamento e inteligência, levanto cá eu ( o incrédulo de nascença), algumas dúvidas.
Não gosto de opiniões definitivas e muito menos absolutas. Por isto.
a)Será que estas crianças não são mais inteligentes, porque tiveram um contato corporal afetivo maior do que as outras? E se as mães que não deram de mamar não o fizeram por serem menos, pelo menos corporalmente, fisicamente, afetivas do que as que amamentaram?
b)O tal gene, será um desenvolvedor de inteligência, ou de afeto, pois uma pessoa com seus afetos mais resolvidos, mais desenvolvidos, com menos conflitos, pode melhor usar a sua energia positivamente?
c)Dizem que quem vê como se fazem as lingüiças não as comeria.
Sabendo como se fazem as pesquisas, a menos que se possa entrar nos detalhes mais íntimos (êpa, êpa) dela, pesquisa; como a seleção do grupo, como se fazem as perguntas, quem faz as perguntas, a ideologia de quem faz as perguntas, a ideologia de quem vai analisar as respostas, será que dá para confiar na pesquisa?
d)E at last but not least, porque não podemos admitir que tem mulheres que não foram doutrinadas para a não amamentação, e sim, simplesmente, não estavam dispostas à amamentação, que esta era uma violência contra elas, o que acabaria de, alguma maneira, atingindo o pimpolho (a), (Tinha horror de me sentir uma vaca leiteira!)?


Ah!, antes que me esqueça, e qual a fidedignidade dos testes de inteligência? Num contexto isolado eles mais podem atrapalhar que ajudar.
Que o problema delas é de afeto e que é isto o importante, para elas.
Ou que elas têm outros planos, ou necessidades, nesta sociedade competitiva e que usam este argumento para justificar o seu não desejo de amamentar, de vez que esta justificativa passa a ser uma resposta adequada para as inevitáveis cobranças?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

COISAS SOBRE A CULPA

SOBRE A CULPA

Comprei ontem o livro do PAULO SERGIO GUEDES, sobre o sentimento de culpa.
Vale a pena, eu recomendo, têm na Palavraria – Vasco da Gama 165.
A CULPA faz parte da nossa cultura, e como nos faz mal.
No livro, numa citação, do Angel Garma, psicanalista, argentino, lê-se; “...ora meu amigo, a culpa não serve para nada”. (Nunca confundir culpa com responsabilidade )
Nos seminários com o Paulo Sérgio este sempre enfatizou a idéia – “Não existe culpa!”
Como alguém pode ser culpado por algo, cuja conseqüência só será sabida depois de realizado o ato?
Como complemento, eu sempre disse para os meus pacientes e amigos.
“Mesmo que na hora eu estivesse em dúvidas, ou achasse que poderia estar fazendo algo indevido, se eu o fiz é porque a força, a vontade, o impulso, me disseram que podia ser feito ou que valeria a pena ser feito; mesmo que esta idéia, impressão, sensação, viesse a ser desmoralizada no momento seguinte.
Mas vão pensando no assunto por que ele é longo e, principalmente, importante, de vez que pode escravizar uma pessoa, limitando-a, e o que é mais significativo, sem que ela se de conta.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

PERGUNTINHA DO DIA:

Até quando vamos tolerar esta violência que nos faz temerosos prisioneiros?

A FEIRA DO LIVRO

Fui outro dia dar uma rapidinha na Feira do Livro. Cheguei a conclusão de que não mais dá para dar uma rapidinha na Feira do Livro.
São tantas as bancas, é tanta gente, são tantos e tão variados os títulos, que a gente (eu) se perde. É auto-ajuda, é esotérico, é infantil (nada contra, pelo contrário, acho ótimo que as crianças tenham estímulo para ler), é didático, é técnico, que, achar os livros que me agradam, fica muito difícil.
Tomei uma decisão.
Vou numa Saraiva, numa Siciliano, numa Cultura (Ah! O Paraíso antes da queda!), vejo tudo que eu quero, no ar-condicionado, num bom sofá, mais tranquilo quanto ao tempo, e, depois, vou na feira para aproveitar os descontos e tomar um chocolate quente no Press Café.
PS - Nota Cultural - Se estiver ainda em cena, não deixem de ir assistir A ALMA IMORAL, no Theatro São Pedro.
E, se lerem hoje, e der tempo, vão no Dado Bier do Bourbon que o Paulo Sérgio Guedes está lançando seu livro sobre a Culpa. Como ele é muito bom neste tema, quem puder aproveitar para ir que aproveite.

domingo, 4 de novembro de 2007

Peguntinha do dia

Quanto tempo falta, para que nós mudemos o suficiente, para mudar o Brasil?

DIÁLOGOS FRAGMENTADOS


Uma das coisas que sempre me fascinou foram fragmentos de diálogos que eu escutava aqui e ali.
“Aí eu disse: Mas que absurdo!”
E lá vou eu a pensar no que teria acontecido antes do absurdo. O que é que era o absurdo. O que a pessoa fez a partir do tal absurdo.
São várias as histórias possíveis.
As primeiras versões imaginadas são sobre sexo, dinheiro, traições. Mas estas me parecem demasiado óbvias. Por isto me pego, freqüentemente, imaginando situações bizarras.
Mas outro dia teve um destes diálogos que me fez pensar em como os tempos mudaram desde a minha adolescência.
Pacatamente estava eu à fila de pagamento do supermercado, quando ouvi uma moiçola dos seus 16/18 anos, dizer ao que me pareceu ser seu namorado.
“Imagina o meu pânico, eu não tinha tomado a pílula naquele dia, me acordo ao lado de um cara que eu não conheço. Fui voando na minha ginecologista que até achou graça. Só por eu não ter tomado a pílula aquele dia era muito difícil de eu estar grávida. Quando eu contei então para ela, que provavelmente só tinha usado a porta de trás. Ela se riu ainda mais.”
Aí chegou, para meu desgosto, a hora de eu ter de me preocupar com as minhas compras e, a contragosto, tive de me afastar um pouco mais e deixar de prestar a atenção.
Deu para ver que os dois estavam rindo das peripécias erótico sexuais da ninfeta.
Fiquei a matutar sobre os meus tempos de adolescência, lá por meados dos anos 60, em Livramento, quando se tinham dúvidas em beijar na boca uma guria que já houvesse beijado outro cara na boca. "Tá lôco beijar homem por tabela!!!"
Fiquei a pensar. Quantas oportunidades de aproveitar a vida, sentir prazer, ser feliz, foram perdidas por conta de preconceitos!?
Enquanto vinha para casa um outro pensamento me assaltou. Quantas coisas boas eu estaria, ainda, perdendo da vida por preconceitos, por conta de morais que, provavelmente, ao ler escritas, eu rejeitaria?

sábado, 3 de novembro de 2007

UMA NOÇÃO DE VALOR

Vendo a estátua do General Osório, numa pose heróica, com os dizeres “Soldados: É fácil a missão de commandar homens livres: basta mostrar-lhes o caminho do dever!”. Fico a me perguntar:
- Como se determina o que é dever, ou não, se somos todos diferentes?
- E se eu achar que é o comandante que determina o dever, os homens por ele comandados, pensam todos do mesmo jeito, num fenômeno extraordinário, ou tem de obedece-lo porque ele e o chefe, e aí não mais são livres?
Cá pra nós que a dialética é muito complicada!

AINDA FALTA ...

Lá estava eu refestelado num café, tomando um Black Love, que é uma mistura de café com chocolate meio amargo, quando chegou o meu Amigo.
Meu Amigo trazia estampado no rosto um ar de desconsolo que não tinha como se deixar passar desapercebido. Convidei-o a sentar comigo, coisa que ele aceitou de bom grado, acho até que esperava pelo convite.
Mas sentou e começou a falar. Vinha pela Goethe (Para quem não sabe, uma das principais avenidas de Porto Alegre, no, talvez, mais chic bairro da cidade.), quando parado em uma sinaleira, viu, uns dois carros adiante do seu, um motoqueiro e o dono de um Corolla conversando. Só que, perto do final da conversa, o dono do Corolla passou para o motoqueiro uma série de objetos.
Neste momento o garçom chegou e perguntou o que ele iria querer. Quase de má vontade, irritado pela interrupção, ele pediu um café simples, como se, simplesmente, quisesse se livrar do garçom.
Voltou de imediato ao assunto. Viu o homem entregando os objetos e, só aí, viu o revolver na mão do motoqueiro. Este arrancou rápido, dobrou na contramão e sumiu. Ninguém fez nada, embora o meu amigo tivesse certeza de que vários haviam visto o que ele havia visto. Comentou que, fosse ele o condutor do carro imediatamente atrás do assaltado, teria tentado dar uma arrancada e atropelado o meliante. Ou talvez só ficasse só na vontade, pois seria uma mancada fazer o que desejava, não só pelos riscos, como, principalmente, pelos incômodos que certamente teria com a burocracia. Isto sem falar no risco de uma eventual vingança.
Meu Amigo me informa que está indo para a Holanda fazer um curso de um ano. Já lá esteve por duas vezes. Fica pensando, às vezes, se não seria de ficar morando lá. Levaria a mulher, os filhos, seus pais, os de sua esposa já são falecidos.
Não agüenta mais a sensação de insegurança daqui. Todo o dia é um amigo, um conhecido, que conta uma história como a que ele hoje presenciou. Muitas vezes, até piores. Mas o pior, o pior de tudo, é que não vê nenhuma perspectiva de melhora.
Mas vai voltar. Gosta daqui, das pessoas, principalmente dos amigos. Não conseguiria viver sem seus amigos.
Ouço-o com o cuidado, carinho, atenção, que se deve escutar os que falam de suas doenças, dores e sofrimentos. Dou-lhe as respostas evasivas que se dá a alguém quando se pensa de modo semelhante; mas que se sabe que, simplesmente apoiar o que ele pensa, significa deixá-lo ainda mais sem perspectivas.
Devo dizer que duvido que as coisas venham a melhorar em curto prazo.
Falta-nos ainda a Indignação, a Ira, o Chega!. O acontecimento, ou acontecimentos, a Hecatombe que faz com que a gente mande os escrúpulos, os princípios, ao Diabo que os carregue.
Queremos mudar. Mas sem mudar muito. E nisto vamos tergiversando. Não queremos abrir mão de certos direitos, garantias, flexibilidades. O laisser fair nos é ainda caro... Já sofremos com a arbitrariedade, com a censura, com a falta de liberdade. Não sabemos ainda qual é o ponto de equilíbrio entre o direito de cada um e o direito de todos. Distinguir as defesas que um cidadão deve ter, daquelas que só servem para procrastinar a punição dos que tem Poder ou habilidade.
Simplesmente nos assusta a idéia de que venhamos a matar um monstro e criar um outro
.