sábado, 17 de novembro de 2007

REPRESSÃO


Conversava com uma pessoa muitíssimo querida para mim, quando, ao fazer uma observação, vi que seus olhos marejaram e algo ficou trancado em sua garganta.
Perguntei:
- O que foi que houve?
- Nada, nada.
- Como, nada. Os teus olhos lacrimejaram. A tua voz ficou embargada.
- Não, nada.
- Tá bom! É algo que tu não queres falar!
- É. É algo que eu não quero falar.
Calei-me.
Fiquei a pensar, se não fosse algo comigo, que fosse me magoar, ou insultar, em demasia, o que ela ganha guardando isto para si?
Será que as pessoas não se dão conta que aquilo que não é lançado para fora, fica como um fel a corroer por dentro? Às vezes como uma bola de arame farpado entalado?
Fará tão mal do lado de fora, como o faz no nosso interior?
Acho que, se as pessoas se permitissem se abrir mais, o mercado de trabalho, de nós psiquiatras, iria cair um monte.
Então, VIVA A REPRESSÃO!!! (O estímulo pelo contraditório muitas vezes funciona melhor, do que o positivo.)
REPRESSÃO

Conversava com uma pessoa muitíssima querida para mim, quando, ao fazer uma observação, vi que seus olhos marejaram e algo ficou trancado em sua garganta.
Perguntei:
- O que foi que houve?
- Nada, nada.
- Como, nada. Os teus olhos lacrimejaram. A tua voz ficou embargada.
- Não, nada.
- Tá bom! É algo que tu não queres falar!
- É. É algo que eu não quero falar.
Calei-me.
Fiquei a pensar, se não fosse algo comigo, que fosse me magoar, ou insultar, em demasia, o que ela ganha guardando isto para si?
Será que as pessoas não se dão conta que aquilo que não é lançado para fora, fica como um fel a corroer por dentro? Às vezes como uma bola de arame farpado entalado?
Fará tão mal do lado de fora, como o faz no nosso interior?
Acho que, se as pessoas se permitissem se abrir mais, o mercado de trabalho, de nós psiquiatras, iria cair um monte.
Então, VIVA A REPRESSÃO!!! (O estímulo pelo contraditório muitas vezes funciona melhor, do que o positivo.)

5 comentários:

fotocapital@gmail.com disse...

Algumas pessoas vem no silêncio a melhor forma de se comunicar, talvez pelo fato de que o mais importante para elas seja ela mesmo...

Tá bom, acho que viajei um pouco.
Mas saibas que eu achei o teu blog interessante.

Anônimo disse...

Às vezes olho para o passado e me vejo uma criança preocupada e angustiada. Eram coisas da vida dos adultos que me afligiam. Eu tinha horror em pensar por elas. Sofria muito por eles e pela possibilidade em viver, quando adulto, aquelas situações.Eu era quieta,arredia e me preferia sozinha. Quando queria me afastar daquelas sensações, cortava por longo tempo papéis, fazia enormes buracos na areia ou assobiava. Mas, não falava jamais sobre aquilo, com ninguém.Mesmo que me perguntassem porque estava chorando. Sim, eu chorava quando da sensação do que eu via e analisa.Mas, jamais falava...
Aprendi, ao passar do tempo, que o melhor é falar. Mas foi difícil. Hoje, eu falo. Falo do que me fere e firo ao falar. Ainda não sei o que é melhor: falar do que me fere, ou ferir com o que me fere...
Adoro te ler, Carlos Eduardo. Às vezes tão simples, mas tão profundamente simples em nos atingir.
Abraço.

Marcia disse...

vou sair em defesa da pessoa queridíssima, que eu nem sei quem é. vou sair em defesa do silêncio ou da neurose, como quiser chamar. :P

às vezes alguém diz alguma coisa aparentemente simples que toca fundo, embora sem saber. mas quem ouve não tem como tratar disso sem traçar um longo caminho, e talvez não esteja disposto a dar estas explicações. ou talvez não esteja preparado ou pronto para isso. ou talvez pense (equivocadamente?) que, para tratar disso, possa ferir quem lhe disse aquilo, e não queira ferir ninguém.

eu acho que o silêncio é um direito. a dor é um direito, mesmo que não pareça "saudável". a reclusão, a privacidade, o tempo de maturação de algo, tudo isso é um direito. e não tem a ver, necessariamente, com confiar em alguém.

não suportamos ver que causamos algum tipo de desconforto em alguém. então rapidamente responsabilizamos o outro, que "não se permite falar sobre o problema". bem, não há problema aí. nem em quem falou, nem em quem preferiu se reservar. ambos estão em seus direitos. carinhosamente em seus direitos, eu diria.

Maroto disse...

mas eu leio este blog há tanto tempo e só agora descobri que vc é psiquiatra! Se eu não fosse urubua, seria psiquiatra também (terapia com urubu é mau agouro, né?)

eu concordo com a Márcia, a gente tem que poder escolher quando e com quem falar. Nisso não há ofensa a tempos ou lugares que não sejam escolhidos.

Falar com psiquiatra, então, irk! Só em situação psicanalítica :D

Anônimo disse...

tem mais uma pessoa que concorda aqui com a Márcia e a Urubua: o Rei Juan Carlos! (que o diga o amigo do Champolim)