sábado, 14 de abril de 2007

INVEJA

A inveja é uma merda!
(Filosofia de parachoque de caminhão)
Não quero hoje falar da inveja. Da sua psicodinâmica, da sua economia psíquica, das suas razões. Mas do INVEJOSO.
Outro dia encontrei um conhecido meu, invejoso de longa data. Aqueles que a gente acaba se dando por decurso de prazo. Ou por que, se não vale como amigo, muito menos por inimigo.
Deixemos claro desde o início. Ele é invejoso com todo o mundo.
Já o vi com a mulher. Ele a inveja também. Ela deve ser uma masoquista. Para azar dela, em vez de ter o masoquismo na área sexual ( - Me bate, me chama de cadela, põe com força, sem lubrificação e outras cositas mas que ocupam o nosso imaginário erótico sexual.), acaba-o tendo em áreas menos pitorescas e prosaicas.
Após os cumprimentos de praxe a inveja começa a aflorar.
- E aí? Outro dia vi um artigo teu na ZH. Bem direitinho (Direitinho já é um jeito de começar a chamar qualquer coisa de medíocre.)! Mas já tinha visto aquela idéia em Fulano, em Beltrano, em Tal Situação, e por aí vai, mostrando que o que se escreveu não valeu os micro ampéres que o computador gastou.
- Mas tu tens que escrever mais enxutamente. Fica muito complexo! Mas tu tens que escrever de um modo mais sofisticado. Parece um guri no MSN!
Para ver se ganho uma folga pergunto se sabe alguma coisa de Livramento.
- Aquilo lá tá qué um rabo de cavalo. Só cresce pra baixo! Os cara ficam naquela de não fazer nada, esperando um milagre do céu e reclamando do governo! Como ele hoje é um aposentado que não faz nada, embora esteja física, e mentalmente nos trinques, e vive se queixando de falta de grana, seu comentário soa estranho. Principalmente por que ele faz a mesma coisa em relação a sua aposentadoria.
- Vi o Fulano, digo eu. Tá bem casado, com uma baita duma mulheraça!
- Deve ser corno! Ou ela pensa que ele tem muita grana! Ora se uma mulher daquelas ia se apaixonar logo por ele que tá que é um caco (Acho que o tal Fulano, fisicamente falando, está bem melhor que eu ou ele.)!
E por aí foi afora...
Ao lado da irritação que ele me causa, fica uma sensação de pena.
Pena porque foi um sujeito que, a vida inteira, nunca fez algo que o deixasse feliz. Estava tão preocupado com a felicidade alheia, com o sucesso dos outros, com o prazer que tiravam da vida, que pouca energia e tempo lhe sobravam para fazer algo de bom para a sua.
Com isto formou um círculo vicioso que, na prática, se mostrou inquebrável.
Não conheço um invejoso que não seja um amargurado, um frustrado, um fracassado, um infeliz. Seus raros momentos de prazer, breves, fugazes, só ocorrem na hora do fracasso de outrem. Como num destes filmes de terror ou de forças malignas. São esgares, até brilhantes, mas de duração ínfima, como os da explosão de fogos de artifício. Depois deles fica, para o invejoso, apenas o silêncio e a escuridão.

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