domingo, 29 de abril de 2007
A MINHA MACONDO
AINDA SOBRE O SUICÍDIO
Uma delas é de um dos Vargas que dizia:
- Um Vargas não pode determinar quando vai nascer, mas pode decidir quando vai morrer.
Me parece que os dois Vargas que se suicidaram (Getúlio e o filho, ou neto.) mataram-se em momentos que a vida não mais lhes oferecia perspectivas. Um pela perda do poder e a desmoralização, que o afastamento do cargo acarretaria. O outro porque chegara a um ponto da vida em que tudo que gostava e prezava se havia ido.
O outro suicida, Leopoldo Lugones, um dos maiores escritores argentinos, além de poeta, orador, narrador, crítico, historiador, lexicógrafo, helenista e tradutor, embora pouco conhecido para a grande massa, já dizia, muitos anos antes de sua morte:
"Dueño el hombre de su vida lo es tambiém de su muerte".
Ou seja, é possível que alguém, mesmo não doente, possa fazer a escolha filosófica de deixar de viver, embora isto contrarie inúmeros códicies.
BRIGA EM SANT'ANNA DO LIVRAMENTO
Este cuento não é meu e não é novo. Conheço-o de muitos anos. Meu mérito, se é que tenho algum neste caso, foi pinçá-lo, passar para o papel e colocá-lo aqui no Blog. Não conheço o autor, mas suspeito que seja fruto de uma criação coletiva do pessoal lá de Livramento.
Como fez muito sucesso entre os amigos para quem enviei, coloco-o a disposição de vocês.
- No meu bolicho, seu delegado. Quem sou eu para ter armazém? Armazém é do turco Salim, que foi mascate.
-Por sinal que...
- Não desvie do assunto. Como e porque começou a briga?
- Bueno, pos então, historiemo a coisa.
-Domingo, como o senhor sabe, o meu bolicho fica de gente que nem corvo em carniça de vaca atolada.
- O doutor entende: Peonada no más, loucos por um trago, por uma charla sobre china. A minha canha é da pura, não batizo com água de poço como o turco Salim.
- Que por sinal...
- Continue, continue, deixe o turco em paz.
- Pos então bamo reto que nem goela de joão-grande. Tavam uns trinta home tomando umas que outras, uns mascando salame pra enganar o bucho, quando chegou o Taio Feio.
- O senhor sabe, o índio é mais metido que dedo em nariz de piá, deu um planchaço de adaga no balcão e perguntou se havia home no bolicho.
- Todo mundo coçou as bolas. Home tem bola, o senhor sabe.
- O Lautério - que não é flor de cheirar com pouca venta - disse que era com ele mesmo, deu de mão numa tranca e rachou a cabeça do Taio Feio.
- Um contraparente do Taio Feio não gostou do brinquedo e sentou a argola do mango no Lautério.
- Pegou no olho - lá nele - e o Lautério saiu ganiçando como cusco que levou água fervendo pelo lombo.
- Um amigo do Lautério se botou no contraparente do Taio - que já tava batendo a perninha - e enfiou palmo e meio de ferro branco no sovaco do cujo, que lhe chamam Pé de Sarna.
- Um irmão do Sarna, chateado com aquilo, pegou um peso de cinco quilos da balança e achatou a cabeça do homem que faqueou o Sarna. Os óio saltaram, seu doutor.
- E eu só olhando, achando tudo aquilo um tempo perdido.
- Um primo do homem do ferro branco rebuscou um machado no galpão e golpeou o irmão do Sarna.
- Errou a cabeça, só conseguiu atorar o braço do vivente.
- Aí eu fui ficando nervoso, puxei meu berro pro mole da barriga, pronto pra um quero.
- Meu bolicho é casa de respeito, seu delegado, e a brincadeira já tava ficando pesada.
- Mas bueno, foi entonces que o Miguelão se alevantou do banco, palmeou uma carneadeira, chegou por trás do homem do machado, pé que te pé, grudou ele pelas melena e degolou o vivente num talho, a coisa mais linda. O sangue jorrou longe como mijada de cuiúdo.
- Aí eu e mais uns outros - tudo home de respeito - se arrevoltemo com aquilo.
- Brinquedo tem hora, o senhor não acha?
- Acho, sim. Mas e ai?
- Pois, como lhe disse, nós se arrevoltemo. Saquemo os talher.
- E foi aí que começou a briga...
MACUNAÍMA & JEFFERSON
sexta-feira, 27 de abril de 2007
QUANDO RECEBEMOS UM FORA
quarta-feira, 25 de abril de 2007
O INFERNO
Dia destes acordei no quarto totalmente escuro. Abrir, ou não, os olhos não fazia a mínima diferença. Não fosse a tal Lei da Gravidade e eu poderia pensar que vagava num imenso vácuo. Num vazio atroz. Atroz porque eu o fazia assim. Ele era somente um Nada Absoluto.
Penso que o Inferno, se existir, deve ser um imenso deserto negro e imaginário que nós iremos preencher com o que levarmos na alma.
Se alguém acha que estou esotérico demais, me serve de consolo saber que durante alguns séculos homens, ditos eruditos, gastaram suas vidas a discutir se o Inferno seria quente ou frio. A idéia de que seria frio predominou. Mas a iconografia julgou mais interessante um Inferno quente, cheio de chamas.
Com isto fico pensando que a minha concepção de Inferno não deverá vingar. Não tem um design adequado, falta-lhe uma aparência fashion. Vou consultar a minha mulher, que é arquiteta, e especialista em cores, para eu saber o que posso fazer para vender esta idéia melhor.
QUERO MAIS
A resposta me parece simples. A AMBIÇÃO HUMANA, uma vez livre das regras éticas, ou morais, ou se tiver um objetivo que a justifique é infinita.
(Se a figura não estiver nítida dê um clique em cima dela.)
terça-feira, 24 de abril de 2007
Os Loucos do dia a dia nos dai hoje ...
Hitler, Mussolini, Stalin, Mao, Fidel, Pinochet, A Junta Militar Argentina, alguns nacionais que não ouso mencionar, para não melindrar almas e mentes e, muito menos, receber um processo nas costas.
Não subiram ao poder por acaso. Não o fizeram sozinhos.
DE QUE BANDO DE LOUCOS ESTAMOS CERCADOS.
QUE SÚCIA DE INSANOS DEVEMOS SER!
Hay que hoderse a los precios de Casa Castro!
O SUICÍDIO II
Mas, em alguns momentos, o suicídio era necessário para os donos do poder. Portanto, cabia aqui a criação de exceções. Heróis, como Sansão. Mártires, como símbolos de um poder a ser exaltado. Deixemos claro que, quando o sujeito se matava CONTRA O PODER, caber-lhe-ia a designação de louco, fanático, endemoniado, etc. e tal. Como tal seria castigado e, para reforçar a proibição, sua família também.
A perda de força das religiões, ou da própria noção de Deus, trouxe a necessidade de novas idéias para o controle do poder do indivíduo sobre a própria existência. Através da Medicina surge a idéia do SUICÍDIO como DOENÇA.
O SUICIDA teria de carregar o estigma de doente. Sua família carregaria o peso de ter alguém irremediavel e gravemente enfermo. Mas, mesmo com estas restrições, tinha-se de criar exceções. O suicida poderia ser útil para uma ideologia, por exemplo. Surgiam situações vivenciais em que o matar-se encontrava uma justificativa lógica. Situações de sofrimento imenso, sem perspectivas de melhora, a não ser por magia.
As ideologias e as morais passaram a exigir que em alguns momentos se aceitasse um suicídio como algo digno, necessário, inevitável até. Chegou-se quase a criar regras a este respeito.
Não estou aqui a levantar a idéia de que um suicídio seja algo sadio. Apenas acho que temos agora que entender que nem sempre uma morte auto-infringida é uma prova de doença mental.
As vezes é apenas uma opção pobre de quem praticamente não tem outras opções.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
O SUICÍDIO
Ou seja, me dou conta que meu Ego oscila entre a pura grandiosidade e o pseudo humilde, mas equilibrando-se para tentar não cair no ridículo.
Sim, meus caros dois ou três leitores, que me prestigiam com sua leitura. Pretendo abordar o assunto SUICÍDIO; que sei ser um assunto momentoso e tormentoso.
Assim sendo, passemos ao que interessa. Mãos à obra. Ou, como se diria lá na fronteira com o Uruguai onde nasci. No já se bamo, já se fumo.
No início o suicídio era uma forma de morte como tantas outras há.
Mais tarde as chamadas Fôrças Constituídas se deram conta que, deixar um indivíduo poder decidir sobre a sua vida, era uma afronta às estruturas que, embora Humanas, eram para ser vistas como Sobre-Humanas.
Deus, a Religião, o Estado é que deveriam determinar as regras que pautariam a vida do indivíduo, do nascimento à morte. Quanto menos poder o indivíduo tivesse sobre a própria Vida, mais fortes seriam percebidas aquelas Instituições.
O SUICÍDIO passa a ser um PECADO.
Continua no próximo capítulo.
terça-feira, 17 de abril de 2007
MORTE, SUICÍDIO, ASSASSINATO
Nestes três casos me chamou a atenção a quantidade de ódio que estas pessoas estavam carregando. Não acredito que todo suicídio seja por conta de ansiedade, desespero, sado-masoquismo e outras coisas de igual jaez. Acho que, as vezes, alguém, mais velho, doente, pode suicidar-se simplesmente pelo fato de que a vida não lhe é mais saborosa. Mas, nos casos supra citados, o ódio latente é incontestável.
No caso do americano lamento que alguns não saibam morrer sozinhos. Nos nossos, lamento que tenham que morrer de uma maneira que acaba gerando culpa nos desavisados.
Mas a doença mental é assim mesmo...
segunda-feira, 16 de abril de 2007
O ESCÂNDALO ...
Recebi alguns dados sobre o escândalo da INFRAERO. Não vou repeti-los pois já devem ter visto pelos jornais que eles são bem grandes.
Me pergunto: Será que está doença que acomete nosso país não tem cura?
Se tiver. Será que nós ainda vamos ver o paciente curado, ou pelo menos saudável?
Quando numa outra operação juízes, desembargadores, delegados são presos, por atividades criminosas que eles acobertavam, ou mesmo realizavam, e a OAB se mostra preocupada com o direito de defesa dos acusados. Quando deveria se preocupar com isto e mais um monte de coisas.
Fico me perguntando? Tem solução?
Não espero um mundo ideal. Não espero um mundo perfeito. Espero um mundo em que os meus filhos possam crescer, se desenvolver, que eu possa ter a esperança de uma velhice digna, que eu possa de novo sair a noite e olhar as estrelas, sem ter de ficar perscrutrando cada nicho de escuridão de onde pode emergir um perigo.
Verei eu este mundo?
Carrion, o cético perquiridor.
domingo, 15 de abril de 2007
Sobre Deus
sábado, 14 de abril de 2007
INVEJA
Políticos e Crianças
Se não vejamos:
Lá estamos nós, felizes da vida, num aniversário de crianças. Comendo uns negrinhos, uns cachorrinhos quentes, feitos com pão doce (Não sei quem foi a besta que bolou isto, pão doce no cachorro quente! Minha alma castelhana e pampeira estremece só em pensar nesta combinação calhorda. Salsicha, mostarda, e pão doce. Fora a outra invenção que é o molho de tomate, a guiza de mostarda.), tomando refrigerante ou cerveja, levemente resfriada, quando já não morna, em copos de papel e ... A GRITARIA.
Mãe!! Olha eu aqui! Olha como eu faço.
Mãe o fulano tá fazendo tal coisa!
Tia! Tia! Os guris tão fazendo isto ou aquilo!
Numa única vez vi uma dizendo uma coisa sensata: "Tia Dulce o P.... qué fazê bagacerice comigo!" E alguém cortou o barato do guri! (Homem não presta! Desde pequeninho só pensam em sexo!)
Abstraiamos um pouco.
Nós somos as vítimas espectadoras.
Os políticos são as crianças.
O povo são as mães e tias.
Eles não passam todo o tempo se implicando uns com os outros?
Eles não fazem um alarde enorme do que estão fazendo?
Eles não estão a toda hora pedindo atenção?
Eles não passam todo o tempo dizendo que os outros estão fazendo algo de errado?
Eles não se sentem sempre injustiçados?
Eles não se auto desculpam sempre?
Eles nunca erram! Os outros é que erram, ou são responsáveis pelos erros que eles, políticos, cometeram? Em último caso, mas só em último caso, confessam que erraram, mas no meio de uma multidão!
Fazem tudo em nome dos outros, para os outros, mas sempre fugindo da ideia de que são beneficiários, em geral, os grande beneficíarios! Como as crianças que tentam nos seduzir para fazer algo do interesse delas, mas acenando benefícios mis para nós.
Começo a desconfiar que a grande, se não a imensa maioria, dos políticos são seres humanos que em alguns aspectos não amadureceram.
Posso estar enganado, não sou infalível, nem Deus (Mas ainda chego lá!), mas cada vez mais me convenço disto.
Alguém discorda?
sexta-feira, 13 de abril de 2007
Às Mulheres Fãs do Chico Buarque
(Deborazinha minha amada, isto é brincadeirinha. Humor! Humor!)
terça-feira, 10 de abril de 2007
PROTESTO!
Numa pequena viagem a Rio Grande constatei um fato que gostaria de compartilhar com vocês. O preço dos pedágios nesta estrada.
Não que eu seja contra os pedágios, bem pelo contrário. O problema deste pedágio é que seu custo me parece totalmente desproporcional ao benefício.
Até o entroncamento Rio Grande-Chuí se gasta, se não me enganei, uns R$36,00, para um carro de passeio. Um caminhão gasta bem, mas bem mais.
O que é oferecido.
A sinalização está muito boa.
O asfalto está sem buracos, mas se percebe os remendos, tanto visualmente, quanto no som e vibrações da carroceria.
Aparentemente se tem ambulância e patrulhamento da estrada.
Em nenhum lugar, a julgar pelo valor cobrado, se vêem obras para ampliação da pista, ou da pista em alguns lugares, ou um estado excepcional da pista, o que justificaria o preço cobrado.
Os acostamentos e margens da estrada, embora em ordem, no que se poderia chamar de básico, não tem nenhum tipo de cuidado paisagístico, como soe ocorrer em estradas de outros países onde se cobra pedágio. Além do que nossa exuberante flora se manifesta sem maiores coerções.
Não reclamo do pedágio da freeway, por exemplo. Parece-me uma troca justa. Em relação a Gramado e Canela idem, idem. Mas pagar o que se paga para Pelotas e Rio Grande quase beira a desfaçatez.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
VIVER OU NÃO VIVER, EIS A QUESTÃO.
JUDAS
Não sou um homem religioso. Isto me permite escrever como um observador.
Escrevo por me fascinarem as manifestações humanas ligadas ao esotérico, ao críptico, à fé. Procuro entender estas coisas ligadas ao imensurável, ao impalpável, mas não tive êxito, pelo menos até agora.
Agora se aproxima a Semana Santa. Para mim sempre foi um feriadão. Mas sei que para outros tem um significado transcendental. Um sentido metafísico que escapa a minha capacidade de entendimento.
Quando criança me era fácil entender a história da Paixão. Jesus pregava o bem, despertou com isto a inveja dos sacerdotes, que o intrigaram com o Procurador romano, que mandou prendê-lo, utilizando-se para isto da traição de Judas. Simples de ser entendido como um filme de cow-boy da década de 30.
Mas os anos passaram, as censuras caíram, a capacidade de raciocinar aumentou. Vieram os Fellinis, Viscontis, Kubricks, Kurosawas e tantos mais; a visão do mundo ficou muito mais pluralista, complexa e rica. Também ler os Textos Sagrados evoluiu na mesma linha, embora muitos prefiram manter-se pobres de espírito, afastando-se de polêmicas e dúvidas.
Portanto, ao lê-las, algumas idéias flutuaram na minha mente. Repasso-as.
O ato de Judas é absolutamente dispensável. Para que precisavam os romanos, ou a classe sacerdotal, de que alguém O identificasse, se Ele, Jesus, pregava publicamente em Jerusalém (Que era do tamanho de uma cidade pequena/média do nosso hinterland.), ou fazia milagres na presença de milhares de pessoas?
Como se desse muito trabalho para identificar, digamos, um Romário, um Ronaldinho. Precisar-se-ia de um Judas para apontar ás autoridades. “Este é o Romário!”?
Admitir na Paixão e na Ressurreição, a figura do acaso chega a ser quase insuportável. Cristo vir a terra e encontrar o traidor Judas por, digamos, azar, é acreditar piamente num Deus sem controle nenhum do universo, o que se choca com a idéia da Onipotência e Onisciência. É bem mais crível a idéia de que todos os personagens da Redenção tinham seus papéis bem delineados. Sob este aspecto, a traição de Judas é um ato divino, um elemento decisivo para que pudesse ocorrer a crucificação e, com ela, a Redenção da Humanidade.
Convenhamos também que Deus não necessitava encenar pantomima nenhuma para se revelar. Assim já o havia feito com Abraão e, posteriormente, com Moisés.
Outro fato interessante é que a imagem de Judas vai piorando à medida que os evangelhos foram sendo escritos. No primeiro deles, escrito quase 60 anos depois da morte do Salvador, sua vilania não é tão grande quanto a que apresenta no evangelho de João, que foi o último aceito pela Igreja. Além disto temos os evangelhos apócrifos, que foram deixados de lado, nos primeiros concílios, porque não diziam o que os homens da Igreja queriam que dissessem, mostrando estes evangelhos divergências doutrinárias importantes, a respeito da Santíssima Trindade, Jesus como homem e/ou Deus, o papel da Igreja e por aí afora.
Além disto, que língua falava Jesus? Provavelmente aramaico, numa versão antiga e regional. Ora, do que Jesus fala a Judas durante a Última Ceia só ficaram lembranças, transmitidas oralmente aos ausentes e aos pósteros, por personagens que, nesta mesma Última Ceia, haviam querelado pelos lugares na mesa. Seriam estes isentos para guardar ipsis litteris, as palavras do diálogo? E se o foram, seriam fiéis depositários da verdade aqueles que as transliteraram do aramaico para o grego copta, deste para o grego antigo e dai para o latim? Traduttore traditore! Mesmo os Evangelhos Canônicos apresentam divergências importantes. O que os fez diferentes? A língua? Os interesses mesquinhos dos homens? O desejo de ser mais realista que o rei?
Foram homens, longe do tempo em que os fatos ocorreram, que decidiram que seria assim, ou assado, e nunca por unanimidade. As versões que apresentavam Judas num outro papel, que não o consagrado hoje, foram rejeitadas. Muitas vezes sendo perseguidos os que, não acreditando na História Oficial, preferiam crer em outras alternativas.
Em verdade, acreditar na História Oficial é apenas uma questão de fé. E fé não é para ser discutida. Ou se a tem, ou não. Isto faz com que o papel de Judas possa ter sido totalmente diferente daquele que nós é contado.
Mas nós, humildes ovelhas do redil da Santa Madre Igreja, precisamos de um vilão, que é castigado por suas felonias. Só assim saberemos o que é certo e o que é errado. Para sabermos o que ocorre àqueles que não se comportam bem.
Além do que é bom que malhemos Judas, assim não necessitamos malhar a nós mesmos por nossas imperfeições. Seu erro justifica os nossos. Nossos pecados são ínfimos, comparados ao atribuído a ele.
Carlos Eduardo Carrion
março de 07
quarta-feira, 4 de abril de 2007
SOBRE A PASSAGEM DO TEMPO
Outro dia escrevi como eu sentia o passar dos anos, principalmente nos meus aniversários.
Pois não é que dando uma relida na Mafalda encontrei esta tira?
Só para complementar, o Quino, o Millor, são gênios; por conta da capacidade em expressar, com simples traços, ou textos, o que muitos precisam de laudas e laudas para conseguir.
Passando nós, os anos, a vida
A GREVE DOS CONTROLADORES
FINALMENTE ME OUVIRAM!
Livremo-nos de um Novo 64!
Ainda o Henry Sobel
Além do que o Paulo é uma figura fantástica que tem de ser mais conhecida.
SOBEL
Paulo Wainberg
Advogado e Escritor
SE forem verdadeiras as acusações contra Sobel, de furto de gravatas nos Estados Unidos, cabe à Comunidade uma reflexão sobre o Homem, sua natureza, qualidades e defeitos.
Sobel é um Rabino, portanto sem ares divinatórios, poderes sobre o Bem e o Mal, nem mais nem menos um Homem.
Sob essa condição humana inseriu-se na sociedade brasileira com tamanha qualidade que tornou-se um orgulho brasileiro em geral e judaico em particular.
Homem de vanguarda, tomou a linha de frente em todas as questões fundamentais, é um defensor intransigente da Ética, da liberdade, do respeito à lei, tornou-se um “ser público” através de suas manifestações em defesa dos direitos humanos e contra as desigualdades sociais.
Homem de refinada cultura, vale-se de seus conhecimentos profundos sobre religião e filosofia, além de aguçada inteligência, para marcar posições definidas sobre as questões humanas que extrapolam os limites do judaísmo e sua comunidade e que, em sua universalidade, contribuem para o crescimento individual e coletivo, o auto-conhecimento e uma melhor compreensão sobre as qualidades próprias da existência.
O lado privado deste “ser público” foi subitamente fulminado por uma suposta conduta criminosa que, em tese, contradiz a totalidade da trajetória do Rabino Sobel.
Como pode este homem que tanto lutou pela decência e pela ética, ser um ladrão de lojas?
Com que autoridade vinha ele nos falar em Justiça, em igualdade, em espírito da lei humana e divina, não passando ele mesmo de um reles ladrãozinho de gravatas?
A perplexidade que nos acometeu, judeus e não judeus, procede, tem fundamento, mais uma vez nossa crença na virtude humana foi e está sendo profundamente abalada.
A questão é: vamos resolver nosso impacto pessoal e coletivo pelo meio mais fácil ou optaremos pelo caminho da reflexão e da real gradação dos valores?
Porque o meio mais fácil consiste na execração de Sobel, consiste em deixar fluir nossa indignação, ou inveja, ou rancor, ou cinismo ou, com certeza, hipocrisia. É fácil dizer que Sobel nos traiu, enganou a todos que nele confiaram, que fomos iludidos durante 35 anos por um individuo de caráter duvidoso, cheio de defeitos e idiossincrasias que, por todo esse tempo, falou em nosso nome e expressou nossas principais angústias.
Ou então – e esse me parecer o caminho mais justo – vamos compreender que Sobel, pela obra que já produziu, é muito maior do que o episódio aparentemente sórdido em que se envolveu, a revelar uma fraqueza tão humana que só os seres humanos possuem.
Creio, sem jamais ter visto Sobel pessoalmente mas acompanhando sua trajetória naquilo em que ela foi pública, que a condição humanista do Rabino Sobel vai além dos limites da sua mera humanidade, supera de longe o equívoco que teria praticado, levado por irresistível compulsão gerada por doença psíquica.
O Humanista transcende o Humano. Ao Rabino Sobel devemos muito, é o que ele fez que entrará para a História. Ao Sobel, devemos respeito, compreensão e ajuda.
terça-feira, 3 de abril de 2007
Um PS
segunda-feira, 2 de abril de 2007
EU e o ROMÁRIO
Quem vencerá? Quem viver verá!
A HISTÓRIA VAI SE REPETIR?
Em março de 1964 eu estava na casa de um colega, filho de um oficial do exército, com mais uns amigos. Estava dando, não lembro direito, se o Reporter Esso, ou o Reporter Renner. Falava de uma sedição de sargentos, ou marinheiros, e uma interferência do Jango em prol dos rebelados. O major, que escutava tudo calado, falou: - O Jango caiu, fez o único que não podia fazer! Mexer na hierarquia e na disciplina! (Não interessa se isto é certo ou errado. É assim!)
Dia 31 de março (pros pró revolução), ou 1º de abril (pros contra), iniciou-se o longo período de tutela militar (Viram que eu já sei me colocar no politicamente correto do Brasil, ou seja, em cima do muro?).
Agora o Lula faz a mesma coisa e os altos escalões militares também.
Naqueles anos o Brasil era refém dos Portuarios de Santos. Agora dos Controladores de Vôo, dos Fiscais da Receita (Paralisando importações e exportações.). Para completar a Polícia Federal ameaça com greve.
Vamos repetir tudo de novo?
Ou o nosso caos administrativo e esta pujante corrupção vão nos levar em direção à uma convulsão popular de rumos imprevisíveis?
Será que ninguém, "lá de cima", aprendeu coisa alguma?
domingo, 1 de abril de 2007
HENRY SOBEL
Pelo fato de ser psiquiatra não faltou quem me perguntasse o que é que eu achava sobre o que tinha ocorrido com o rabino.
Em outras fases da minha vida eu não teria a menor dúvida de dar um monte de explicações científicas (hoje penso, pelas razões que explicarei, que seriam explicações pseudocientíficas) sobre o ocorrido.
Hoje sou obrigado a dizer que não sei o que houve, e que todas as hipóteses são plausíveis.
· Trata-se de um simples caso de furto. O cara sentiu que dava para sair com uma gravata de griffe por custo zero e enganou-se.
· É um caso de cleptomania, que no caso acho, estatisticamente, improvável, dificilmente um cleptomaníaco só é pego ao 62 anos.
· Obnubilados alguns aspectos da consciência, pelo uso de medicações para o sono, o sujeito passa a agir mais instintivamente, mais predativamente, com a censura, e as forças repressoras do Ego, diminuídas.
· Como ele é um representante religioso importante, um dialogador nas relações entre as diversas religiões, podem, alguns radicais, haver armado alguma para ele.Acho hoje que as hipóteses humanas são tão numerosas, tão complexas, que dar uma opinião definitiva, catedrática, sobre um determinado episódio, de posse de poucos dados, uma temeridade, ou um exercício de onipotência. Além de ser sempre difícil a gente se dar conta que não sabe e que não pode explicar.
INDULGÊNCIA
Ou nos locupletamos todos ou restaure-se a moralidade.
(Aparício Torelly, o Barão de Itararé - batalha que não houve).
Um amigo pega um carroceiro em seu pátio tentando arrancar a bancada de sua pia de churrasco. Manda parar, que vai chamar a polícia, o outro sai devagar, dizendo-lhe.
- Pode chamar, não vai acontecer nada mesmo.
Um outro pega um ladrão dentro de seu carro, depois de haver quebrado o vidro, já com o rádio na mão. Armado (Ou seja, meu amigo é um transgressor perigoso.), aponta para o meliante que tranqüilamente lhe diz.
- Ô chefe, se atirar vai ter um monte de neguinho querendo a sua pele, além de se incomodar com pulícia. Se me entregar pra polícia logo, logo, eu tô na rua e venho lhe incomodar. Me deixa em paz! Eu saio sem o rádio e tu não te incomoda. já sei que o bacana tem seguro.
Dito isto saiu a passo
Está para ser votada uma lei que determina que prefeitos devem ser julgados pelos Tribunais de Justiça do Estado, Governadores pelo STJ e o Presidente e seus ministros pelo Supremo (Que estão com suas mesas abarrotadas de trabalho).
Ou seja, só veremos um político corrupto, ou simplesmente ladrão, atrás das grades nas calendas gregas.
Agora, o Papagaio, que é assaltante de carros fortes, que é responsável direto e indireto por várias mortes, que parece ter o dinheiro de vários assaltos ainda em seu poder, que já fugiu da cadeia mais de uma vez, vai para o regime semi-aberto, do qual já escapuliu. E vai para o regime semi-aberto, que é uma moleza para por sebo nas canelas, escafeder-se, azular, com 1/6 da pena cumprida.
Aí me pergunto:
Porque não mexer na Constituição, e no Código Penal, para que o apenado tenha de trabalhar?
Que possa usufruir os regimes semi-abertos e etc. só quando faltarem dois anos para o final de sua pena.
Que as fugas sejam punidas como resistência à lei, à pena aplicada.
Que nossas leis não sejam para o primeiro mundo. Sejam para o nosso mundo.
Que se mude, o que tiver que mudar, para que esta quantidade de recursos e subterfúgios que enlentecem, fazem caducar os processos, deixem de existir.
Não estou pregando que criminosos sejam pendurados pelos pés e mergulhados em caldeirões de enxofre. Quero apenas me livrar das grades, poder caminhar a noite, não ficar temendo quando meus filhos saem, poder estacionar um carro sem tanto receio de não encontrá-lo na volta.
Enquanto não se conseguem recursos para presídios de primeiro mundo, que se construam presídios mais simples, menos sofisticados.
Não preciso me locupletar, nem viver num mundo moralístico. Quero apenas poder viver com mais liberdade.