domingo, 10 de junho de 2007

O ÍDOLO - VII parte

Quase que prá encerrá esta história, conto uma lambança que ocorreu num determinado momento da vida do home. Nunca se sabe bem como a coisa correu, tal foi a balbúrdia. Pega um fragmento daqui, outro dali, um outro acolá e se vai montando um quebra-cabeça. Das testemunhas do fuzuê se tem, como sempre, relatórios no qual cada um conta o fato de maneira a aparecer como herói, ou pelo menos como a maior vítima do cruel destino que o mundo já conheceu. Porque disse, por que não disse, e se impôs, e fez mundo todo ver o que estava óbvio de ser visto, e assim por diante. Não tem medo, enfrenta as conseqüências, assombra os demais. Já me disseram que os juizes consideram os testemunhos, como as prostitutas das provas. Vou dar pro fuzuê todo a forma que me parece mais de acordo com o jeito do E. ser.
Os filhos já crescido, começaram a aparecer os genros e noras, que, como todos sabem, entram que nem muçum ensaboado na família e depois é que vão começar mostrar as garrinhas.
Assustados com a quantidade de mulheres na vida do E., com medo de ter de repartir herança com uma daquelas percantas, ou com um bastardinho qualquer, resolveram por fogo no circo.
Se reuniram em comissão, que é como os cagões se apresentam, e foram falar com a mulher do E.
-Olha dona, nós não somos de fofoca, mas agora a coisa tá demais. O seu E. tem abusado. Daqui a pouco ele entra com outra família porta adentro.
E desfilaram um monte de despilparros que o homem estaria cometendo.
Dona ......, que sempre se mantivera distante das aventuras do marido, tanto que até dizia: “Querê sabê pra quê! Nunca que eu vou encontrar um capataz como ele prá cuidar da minha parte! Quando eu conheci ele, prá santo já não servia.” Desta vez, frente ao volume de provas e a importância afetiva que as testemunhas de tanta sacrapintisse tinham, resolveu tomar umas atitudes.
Assim que E. chegou na cidade, se fechou numa sala para botar uns ponto nos is com ele.
E começou a desfiar o lero-lero que lhe haviam contado. Não queria desculpas, queria atitudes.
E. que não era home de perder a cabeça por qualquer cosa, foi direto ao assunto.
-Que eu sempre fui mulherengo nunca foi segredo prá ninguém. Tu fingia que não via e eu te ajudava a fingi. Pára com esta ladainha então. Qué te separa, te separa! Quem é que vai cuidá da tua parte, prá tu continuá tendo os luxo que tu tem. O bosta do teu pai que botô fora tudo que herdou? Que tu vive ajudando nas escondidas, prá ele fazê grandes negócios nas mesas de carteado do Comercial? O débil mental do teu irmão que não sabe distingui uma novilha d’uma ovelha, que a tua cunhada enche de guampa e que ele cala a boca prá vê se algum deles fica de fiador prá compra alguma coisa, porque tem medo de largar o empreguinho e tentá sê gente na vida? Ou tu vai largá esta vida de rainha, te mudá prá estância, sujá as botas de couro italiano no barro e na bosta prá fazê uns trocado? Porque na hora da repartição duvido que algum dos peões, ou capataz, quera parar de trabalhar comigo prá trabalhá contigo! A não ser os que queiram se aproveita prá robá; total, bem de viúva rica e mulhé desquitada é de todo mundo. A tua irmão que o diga! Só tem algo ainda porque eu assumi os negócios antes dela perdê tudo! Os nossos filhos nem sabem o que é estância. E os bundinha dos namorados das gurias não sabem nem que cavalo é prá montá.
-Qué te separa, te separa, mas vai cuidá das tuas coisas!
E mais não disse e mais não lhe perguntaram.
Dona ...... ficou alguns dias furibunda, mas depois achou melhor deixar tudo como d’antes no quartel de Abrantes.
Mas o bochincho estava longe de terminar, pra alguns tava recém começando.
Como todo mundo que se dá bem na vida, e E. era um exemplo disto, têm-se que aprender a esperar a hora certa.Ficô abeirando, só bisoiando, a chegada do momento, que certamente chegaria, como de fato chegou.
Paciência gente, só faltam agora mais dois capítulos.

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