quinta-feira, 7 de junho de 2007

O ÍDOLO - VI parte

Desta viagem trouxe um touro, que veio de avião, uma novidade na época, principalmente aqui para o Rio Grande do Sul.
Daqueles touros com nome, sobrenome, árvore genealógica de nobre, para melhorar o seu rebanho, que já tinha a fama de ser um dos melhores do país.
Desembarca o touro ali por setembro e é posto a trabalhar. E fatura uma, duas e mais vaquinhas. No mês de outubro a produção cai um pouco. Em novembro praticamente cessa. De dezembro em diante o bichão nem aí para as vaquinhas que punham junto a ele.
De início aquelas especulações de leigo. Cansaço, estranhou a alimentação, fase da lua, olho gordo. E o mês de dezembro foi-se escoando. Entra janeiro e nada. Chamam o veterinário.
Este começa com aqueles diagnósticos que a gente dá quando não sabe bem o que está acontecendo. Virose, stress, uma infecçãozinha indetectável, flora intestinal, e assim por diante.
Fevereiro a coisa se mantém na mesma. E. já começa a se emputecer. –Vai vê este bicho é puto!
Março nada. Abril tampouco. E. chegou a cogitar na idéia de carneá-lo.
Em maio começa um friozito e, para surpresa geral, o bicho rebenta uma porteira e se joga nas vacas leiteiras. Dali em diante volta a ser el gran comedor.
Em junho E. já dizia, com orgulho: -Saiu ao dono.
Julho, agosto, setembro tudo numa boa. Outubro recomeça o decréscimo. O novembro, calorento, bafoso, faz com que o bichão salga de vacaciones y de huelga a los funcionários.
Mas aí E. fez a grande dedução. O bicho só funcionava no frio.
Mandou fechar uma parte de um galpão, tacou-lhe ar condicionado, botou o animal lá e mandava as vacas visitá-lo. E ele não fazia feio. Fora criado o primeiro motel para vacuns no estado.
E. comentava. –Faço a mesma coisa que ele e não tenho tanta frescura!


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