Bueno, antes que comecem a me jogar bosta de vaca na cabeça, pelo que vou escrever, quero esclarecer algumas coisas.
Sou gaúcho, mas não sou de andar pilchado na cidade, com lenço colorado ao pescoço (Por onde andam os Chimangos e Pica-paus com seus lenços brancos e que sempre cagaram a pau os de lenço vermelho? Não é provocação, é só ler a História.)
Gosto da nossa terra, mas não a acho perfeita. Perfeita é só a mãe da gente. E olhe lá. Me dou o direito de criticar sem que isto signifique menosprezo. Assim como me incomodo quando me criticam, mas nem por isto deixo de pensar que o outro pode ter razão.
É bem verdade que, por dentro, raramente dou razão para os outros. Mas nem por isto me sinto ofendido, querendo cortar o cumprimento.
Bom, feito o prolegômeno, o lero-lero inicial, vamos ao que interessa.
Quarta-feira passada o Imortal Tricolor e D. Esperança Tricolor passaram desta para a melhor (?). Até aí nada demais, no futebol se ganha, se perde ou se empata. O que me chamou a atenção foi o foguetório e vibração a cada gol do Boca. Duvido que em alguma cidade do interior da Argentina tenha havido manifestação deste nível.
Por outro lado, na televisão, e depois no rádio, ouvi alguns políticos falarem “da nossa tradição política”, de que “somos o estado mais politizado deste país” e outras loas mais.
Fico então a me perguntar. De onde tiraram esta idéia?
Que eu saiba somos o estado mais maniqueísta de todos. Ou se é Colorado, ou se é Gremista. Ou se é PT ou se é anti PT.
Como no passado se era PTB, ou anti PTB. Chimango ou Maragato. Castilhista, ou Federalista. Ou Farrapo, ou Imperial. Ou Gringo, ou Pêlo Duro. Nunca houve terceiras e quartas forças. Ou, se as houveram, sempre foram muito mais para acomodar facções e interesses pessoais do que qualquer outra coisa.
Era A contra B e alguns figurantes. Que só figuravam.
Tristes figuras de arrabalde à espera de algumas migalhas dos verdadeiros donos do poder.
Este fervor religioso fanatizado, esta divisão entre nós e eles, entre certos e errados, que nós muitas vezes cultuamos como um atributo meritório, nada mais é do que uma expressão de uma cultura pobre.
Nossa democracia é muito parecida com aquela exibida na hora da degola. “Prefere el corte pela frente o por detrás”.
Depois, quando se fala em gaúcho é como se falasse que todos os aqui nascidos são iguais. Ou, não tendo uma determinada característica, que por alguém, ou um grupo, tenha sido denominada como típica, passa-se a ser “um não gaúcho”. “Mas que gaúcho de merda é este que nem a cavalo sabe andar!”
Mas, maniqueísmo e exclusão nunca foram sinais de politização. Pelo contrário. O são de indigência sócio-política.
Infelizmente, os nossos índices de alfabetização, e qualidade educacional, não representam, necessariamente, qualificação política, pelo menos é o que a História tem mostrado.
Júlio de Castilhos e seu positivismo que, durante 35 anos, açambarcaram o poder aqui no Rio Grande do Sul, nos ensinaram a “ditadura esclarecida”. Durante 15 anos Getúlio foi ditador com grande apoio popular. Costa e Silva, Médici e Geisel ajudaram a manter a “Redentora” que duraria 24 anos. E com níveis de popularidade respeitáveis, para desgosto da oposição.
Hoje vivemos num estado em crise econômica, que vem decaindo em importância em relação aos outros estados. Nossa importância política já foi bem maior. Fala-se em reviver valores tradicionais, como se o mundo não houvesse evoluído. Apegamo-nos a vitoriosos individuais, esquecendo que o coletivo vem decaindo.
Mas, se não dermos atenção às nossas limitações, se não cuidarmos em mudar, evoluir, em vez de ficarmos idealizando um passado que não foi tão ideal assim; se não abrirmos mão deste maniqueísmo que cultivamos com tanto orgulho; duvido que possamos voltar a crescer, como necessitamos, para sair do atoleiro onde nos encontramos.
Bom, feito o prolegômeno, o lero-lero inicial, vamos ao que interessa.
Quarta-feira passada o Imortal Tricolor e D. Esperança Tricolor passaram desta para a melhor (?). Até aí nada demais, no futebol se ganha, se perde ou se empata. O que me chamou a atenção foi o foguetório e vibração a cada gol do Boca. Duvido que em alguma cidade do interior da Argentina tenha havido manifestação deste nível.
Por outro lado, na televisão, e depois no rádio, ouvi alguns políticos falarem “da nossa tradição política”, de que “somos o estado mais politizado deste país” e outras loas mais.
Fico então a me perguntar. De onde tiraram esta idéia?
Que eu saiba somos o estado mais maniqueísta de todos. Ou se é Colorado, ou se é Gremista. Ou se é PT ou se é anti PT.
Como no passado se era PTB, ou anti PTB. Chimango ou Maragato. Castilhista, ou Federalista. Ou Farrapo, ou Imperial. Ou Gringo, ou Pêlo Duro. Nunca houve terceiras e quartas forças. Ou, se as houveram, sempre foram muito mais para acomodar facções e interesses pessoais do que qualquer outra coisa.
Era A contra B e alguns figurantes. Que só figuravam.
Tristes figuras de arrabalde à espera de algumas migalhas dos verdadeiros donos do poder.
Este fervor religioso fanatizado, esta divisão entre nós e eles, entre certos e errados, que nós muitas vezes cultuamos como um atributo meritório, nada mais é do que uma expressão de uma cultura pobre.
Nossa democracia é muito parecida com aquela exibida na hora da degola. “Prefere el corte pela frente o por detrás”.
Depois, quando se fala em gaúcho é como se falasse que todos os aqui nascidos são iguais. Ou, não tendo uma determinada característica, que por alguém, ou um grupo, tenha sido denominada como típica, passa-se a ser “um não gaúcho”. “Mas que gaúcho de merda é este que nem a cavalo sabe andar!”
Mas, maniqueísmo e exclusão nunca foram sinais de politização. Pelo contrário. O são de indigência sócio-política.
Infelizmente, os nossos índices de alfabetização, e qualidade educacional, não representam, necessariamente, qualificação política, pelo menos é o que a História tem mostrado.
Júlio de Castilhos e seu positivismo que, durante 35 anos, açambarcaram o poder aqui no Rio Grande do Sul, nos ensinaram a “ditadura esclarecida”. Durante 15 anos Getúlio foi ditador com grande apoio popular. Costa e Silva, Médici e Geisel ajudaram a manter a “Redentora” que duraria 24 anos. E com níveis de popularidade respeitáveis, para desgosto da oposição.
Hoje vivemos num estado em crise econômica, que vem decaindo em importância em relação aos outros estados. Nossa importância política já foi bem maior. Fala-se em reviver valores tradicionais, como se o mundo não houvesse evoluído. Apegamo-nos a vitoriosos individuais, esquecendo que o coletivo vem decaindo.
Mas, se não dermos atenção às nossas limitações, se não cuidarmos em mudar, evoluir, em vez de ficarmos idealizando um passado que não foi tão ideal assim; se não abrirmos mão deste maniqueísmo que cultivamos com tanto orgulho; duvido que possamos voltar a crescer, como necessitamos, para sair do atoleiro onde nos encontramos.
2 comentários:
Parabéns pelo comentário - nós, os gaúchos - estenderia o nefasto maniqueísmo ao Uruguai e Argentina, tb caudilhistas, autoritários e gaúchos, filhos diletos do positivismo antidemocrático, nossa experiência liberal ficou restrita a poucos no RJ e Recife,com Rui Barbosa e Joaquim Nabuco.......concordo com vc tb sobre nossas limitações e mais, estamos apegados a um pobre e redículo passado de falsas glórias, que por auto-afirmação dizemos heróico, porque somos e estamos despreparados para o futuro.. é uma decadência cultural e a falência dos Estados( para mim não precisaria existir, já que existe deve ser mínimo), bem dissestes: ATOLEIRO.
Pois é,parece que os argentinos meus vizinhos foram embora depois do GRENAL...
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