domingo, 19 de outubro de 2008

AMOR Y MORTE

No caso do seqüestro e morte em Santo André o rapaz alega que o fez por amor.
Que ele diga isto, que seu advogado alegue isto, até passa. Que a mídia, ou nós aceitemos isto, como se verdade fosse, é que me parece ser um despautério, uma estultice, uma calinada, uma pachecada a toda prova.
Amor não é justificativa para a morte, a dor, o sofrimento, do ser amado.
A necessidade de sentir poder, de controlar, de querer submeter, isto sim justifica o ocorrido.
Alguém não cumprir com os nossos desígnios demonstra a nossa fragilidade frente aos objetivos do outro. A nossa impotência. A nossa inépcia. Ou seja, nos damos conta dos chinelões que somos no que diz respeito à alma, os desejos, os pensamentos, as fantasias do outro que, por ser importante para nós, não admitimos que possa ter vida própria.
Admitir que ele tenha vida própria é ter de admitir que ele pode deixar-nos quando bem entender, deixando-nos as voltas com o vazio que, por não ser por nós controlável, se torna insuportável, intolerável.
E aí, por narcisismo, por auto-idolatria, pensando em recuperar um poder que nunca tivemos, podemos então matar, torturar.
O resto são balelas poéticas, teóricas ou interesseiras, com o intento de dar um cunho nobre para uma ação desprezível e vil.

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