sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Resposta do Sr. Ministro Tarso Genro a minha carta aberta.

Prezado Carlos Eduardo

Há fatos que a maioria das pessoas não conhece:
1. Os jovens cubanos, depois de deixarem a Vila Olímpica sem documentos e de ter passado algum tempo no hotel em Araruama (RJ), pediram a um pescador que ligasse para a polícia. Foi assim que a Polícia Militar do Rio de Janeiro chegou a eles.
2. Sabedor do fato, determinei à Polícia Federal que se encarregasse da guarda dos dois jovens, que ficaram em um hotel no Rio de Janeiro até seu retorno para Cuba.
3. Foram ouvidos pela Polícia Federal por duas vezes. Em ambas, explicitaram que desejavam voltar para sua terra natal.
4. O procurador da República Leonardo Figueiredo Costa esteve com eles, e ouviu de ambos o desejo de voltar.
5. Um representante da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damus, buscou contato com os jovens e a ele, também, afirmaram que queriam voltar para Cuba.
6. Tanto o procurador como o representante da OAB oficiaram ao ministério da Justiça. Diz o procurador em seu ofício: “Em contato pessoal com eles, expliquei a natureza de meu contato, narrando minha independência do governo brasileiro e da Polícia Federal, colocando-me à disposição deles para eventuais medidas de proteção que desejassem e para ajudá-los a permanecer no Brasil, se este fosse seu desejo”. E segue o procurador: “Note-se que os atletas mostravam estado de ânimo calmo e sereno, sem demonstrarem preocupação ou temores, não havendo sinais de coação física ou moral perceptível. Tanto Guillermo como Erislandy narraram-me o desejo de regressar a Cuba, dizendo que possuíam família (filhos e esposa), que eram heróis em sua terra natal e que não tinham medo das sanções que eventualmente viessem a sofrer. Mesmo após uma longa conversa, os atletas insistiram que o único desejo deles era regressar a Cuba. Pude ainda presenciar que quando os delegados da Polícia Federal ingressaram no recinto – dr. Felício Laterça, dr. Adriano Antônio Soares e dr. Ricardo Ennes – os atletas se mostraram amigáveis e familiarizados com eles, sem qualquer traço de temor ou constrangimento”.
7. Portanto, se o governo brasileiro tomasse a deliberação de impedir a saída dos atletas, estaria seqüestrando-os, e, aí si, utilizando métodos da ditadura.

Espero ter contribuído para o esclarecimento do fato. Espero ainda que esta resposta seja remetida às mesmas pessoas que receberam sua Carta Aberta.
Fraternalmente
Tarso Genro

Nenhum comentário: