terça-feira, 7 de agosto de 2007

HIROSHIMA E NÓS



Não escrevo esta para defender a posição de quem quer que seja. Nem eu tenho uma opinião bem formada sobre o assunto. Escrevo para um momento de reflexão. Se me derem a consideração de pensar no assunto.
Início de agosto de 1945; os americanos já tinham a bomba atômica e os japoneses continuavam resistindo bravamente.
Emitiram os japoneses alguns sinais de que poderiam negociar o fim da guerra, mas de uma maneira tão críptica que os americanos, e os mediadores interessados na paz, não entenderam (Usaram o japonês clássico, no qual a idéia de não era confundível com um não que deixava de maneira muito velada a idéia de que se aumentassem a oferta poderiam negociar.).
Em março havia caído Iwo Jima, ao custo de milhares de mortos americanos (Cartas de Iwo Jima descreve com um bom nível de fidelidade o episódio). Logo após veio a batalha pela posse de Okinawa. Novamente ao custo de milhares de mortos americanos (Não computo o número de mortos japoneses porque em uma guerra pouco interessa o número de perdas do inimigo.). Sorry, é a realidade. Recém agora, mais de um século de pois é que tomamos contato com o genocídio que nós e os argentinos fizemos no Paraguay.
Inferiu-se que a tomado do Japão custaria umas 500.000 almas americanas.
Pergunto-vos. Se fosseis americanos, tendo, a esta altura dos acontecimentos, perdido um familiar, talvez um pai, um filho, ou um irmão, mas certamente um vizinho, ou um conhecido. Tens no front ainda a lutar, maridos, filhos, irmãos, parentes, vizinhos e conhecidos.
Teríeis muitas reservas em usar a BOMBA ATÔMICA?
Sei que hoje é fácil de responder a pergunta, quando a dor, o sofrimento, as perdas, longe estão.
Mas penso no calor da hora. Meu filho está no front. Dentro em breve deverá travar-se uma batalha apocalíptica, da qual poderá retornar envolvido numa bandeira, dentro de um saco, ou ficar sepultado em terra alheia. Sei que a bomba matará inocentes. Mas do outro lado estão OS MEUS...
O QUE DECIDIR?
E não tendes uma bola de cristal.
TO BE OR NOT TO BE?

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