quinta-feira, 22 de março de 2007

PARA NÃO DIZEREM QUE SÓ FALO EM SEXO

Atendendo a algumas reclamações de que O HEDONISTA estava muito erótico pornográfico, vou falar de algo dito mais sério hoje. Embora eu ache a vida erótico-pornográfica uma das coisas mais importantes na existência de um ser humano dito normal. Total, se não nos divertirmos e obtivermos prazer, viver para que?
Mas, infelizmente, nem só de toques, sensações, de entreveros de corpos e almas, se toca a vida.
A violência, o sangue, a morte também fazem parte da vida.
Estou lendo um livro, chamado SHOAH, que pega depoimentos de sobreviventes dos campos de concentração nazistas, de vizinhos poloneses destes campos, de guardas dos campos, de historiadores. Enfim, atores de todo o tipo do drama que conhecemos como Holocausto. As frases são curtas, são apenas trechos de um sofrimento brutal, que vão se empilhando como os tijolos de uma construção monstruosa. Dores, fome, sede, espancamentos, aviltamentos os mais variados e, finalmente, a industrialização da morte. Já li muito sobre guerras e batalhas. Nunca havia lido algo tão chocante.
Mas não estou aqui para falar do Holocausto. Estou aqui para falar desta violência que parece ser uma constante na vida humana.
Na Odisséia sabemos que Neoleptemo, filho de Aquiles, pega o filho de Heitor por uma perna, bate-o contra as muralhas e depois o joga do alto.
Durante o Império Romano não era novidade que, após a conquista de uma cidade que havia resistido, os seus habitantes eram massacrados. Dito desta maneira se perde a noção do que é um massacre.
Gengis Khan dizia que o maior prazer do mundo era estuprar a mulher e os filhos na frente do pai e esposo, depois matá-lo, incendiando-lhe a casa e propriedades, vendendo os sobreviventes como escravos.
Vasco da Gama capturou alguns navios com peregrinos para Meca e tocou-lhes fogo, de maneira que os pobres coitados morriam todos, ou queimados, ou afogados. Morrer queimado, ou afogado é uma coisa horrorosa, basta não pensarmos nestas palavras e sim neste fato.
Na Guerra dos Trinta Anos, junto as muralhas, havia "A Árvore dos Enforcados", onde dezenas de seres humanos enforcados eram deixados pendurados a apodrecer quais sinistros frutos.
As fogueiras de Inquisição, embora funcionando de forma artesanal, foram um dos atos mais bestiais que conhecemos, além das torturas que eram aplicadas aos flagelados antes.
Ou Hiroshima, que não tinha a menor importância militar, mas serviu de campo de experiência, já que estava praticamente intata, para testar a bomba atômica. A morte de praticamente 100 000 pessoas foi coisa de somenas importância. Se a bomba tivesse sido lançada em um local militar, ou de menor densidade populacional o efeito, para a rendição, seria praticamente o mesmo.
Stalin e Mao Tse Tung pavimentaram campos com milhões de mortos, cuja maioria não tinha maior culpa do que estar no lugar errado, no momento errado. E pior, até hoje são venerados por muitos, como se aquelas mortes fossem coisas de menor importância.
Nem vou falar de monstros menores como Pol Pot...
Agora se discute a extradição de um italiano louco que, em nome sei lá de que, explodiu, matou, uma série de crianças. Mas não deverá ser dada a extradição. O Brasil não costuma dar extradição para pessoas acusadas de crimes políticos. As crianças mortas, hoje já podres, devem entender a nossa vocação pelo respeito as idéias alheias. Estranho modo este de mudar o mundo, matando crianças. Elas devem dificultar muito a concretização de belos ideais.
Onde eu quero chegar? Que a violência, a fascinação pelo sofrimento e morte do outro, fazem parte da estrutura bio-psicológica do Homem e não deveriam causar espanto. Não que não tenhamos de combater a barbárie. Mas que devemos entendê-la como o que é natural. Que o nosso trabalho, a nossa luta É IR CONTRA O NATURAL.

2 comentários:

Anônimo disse...

Argumento duro para muitos mas imbatível pela história.

Marcia disse...

quem reclamou? quem reclamou?
entrega o nome do desinfeliz.