domingo, 2 de setembro de 2007

LES NOUVEAUX RICHES




Noto que a maioria das pessoas tem verdadeira ojeriza aos novos ricos. Criticam-nos. São motivo de deboche. A mim eles fascinam. Vejo-os com a admiração infantil com que via animais exóticos. Uma ave com uma plumagem impossível. Um réptil com um design improvável. Um peixe de formas inimagináveis. Um inseto de configuração extravagante.
Isto porque o novo rico nunca é, ele sempre está.
O conteúdo pouco importa. É a aparência que gera o valor.
São aqueles que estão up to date em tudo. A griffe é que define a compra e a ostentação. O valor de qualquer coisa na vida é definida unicamente pelo preço, e tão somente por ele.
Um novo rico nunca se define como tal. Aliás, ele não se acha um novo rico. Pelo contrário, a grande maioria deles pensa que é simples. Que é incompreendido, ou invejado, pelos demais.
Costumam ser prepotentes e insensíveis às dores e problemas dos demais. Só as suas dores e problemas é que contam. Até admitem que os outros as tenham, mas são mixarias.
Procuram parecer finos e refinados, usando muito da ostentação, de coisas custosas e inéditas, para assim o parecerem. Mas não conseguem mais do que um pequeno verniz, que cede frente a qualquer atrito ou contratempo que tenham na vida.
Sua cultura se resume a frases, na maior parte das vezes desviada de seu contexto, a conhecimento de orelhas de livros e resenhas de revistas. Que repete feito papagaio.
Vão aos restaurantes da moda, na maior parte das vezes, ou eventualmente, a alguns bons. Pedem vinhos e champanhes caros, mas normalmente não sabem distinguir a diferença entre eles, a não nos seus extremos (Um Sangue de Boi de um Chateaux quelque chose; p. ex. .).
Vão atrás de carros, não pelo seu conforto, ou para atendimento de suas necessidades concretas, mas para serem admirados pelos seus pares pelo custo, ou ineditidade do produto.
Suas casas costumam ser bem mobiliadas e decoradas (Algumas caem para o lado da extravagância.) com belos objetos de arte. Só que isto se deve mais ao arquiteto de interiores, ou ao decorador.
Sonham em serem tidos como aristocratas. Nobres. Conseguem ser cópias pífias.
Quem assistiu ao filme A Rainha (Pela rainha, não pelo príncipe consorte.), deve entender o que quero dizer. Paradoxalmente o nosso Novo Rico costuma desprezar e debochar da Nobreza/Aristocracia/Burguesia Antiga, por não estarem na última moda, ou por não se esforçarem para terem as últimas novidades do mercado.
Então, é este esforço em mostrar que abandonaram uma origem, para eles não dignificante, embora a exaltem pro forma, junto com a necessidade de exibir tudo que conseguiram que os tornam fascinantes aos meus olhos. Como animais exóticos e divertidos.
Os estrangeirismos correm por conta dos eventuais nouveaux riches que leiam este artigo e adoram o dernier cri. Se bem que duvido que eles leiam este blog. É perda de tempo, para eles.

3 comentários:

Marcia disse...

se tem uma coisa que NÃO me fascina, são pessoas sem personalidade. com dinheiro ou sem dinheiro (mas os sem-dinheiro eu ainda perdôo. os com-dinheiro eu não perdôo de modo algum, pau neles!!!).

não acho divertido, acho um porre. puro tédio. aquele bando de gente que faz tudo igual, se copiando uns aos outros, sempre se cuidando mutuamente para ver se estão sendo reconhecidos como "do grupo". entendo isso na adolescência. depois, é muita cafonice.

Carlos Eduardo Carrion disse...

Queridésima

O meu fascínio decorre do impacto inicial ao ver a vacuidade de certas vidas, da capacidade de desperdiça-las, do esforço brutal que fazem para se despersonalizar.

Não é o fascínio de quem admira, de quem inveja. É o fascínio do "como é possível?"

Marcia disse...

eu entendi, claro. :)
mas que é uma excelente discussão, é.