terça-feira, 21 de abril de 2009

UM DESENHO PARA A MORTE

Quando acordou pela manhã nada indicava que seria um dia muito diferente dos demais.
Levantou-se, fez suas abluções e foi para a sala de musculação do edifício para exercitar-se um pouco.
Em meio aos exercícios olhou-se no espelho e percebeu-se jovem.
Como por encanto as rugas e demais sinais da velhice haviam desaparecido. Subitamente sentiu-se revigorado. As dores e mal-estares desapareceram. Foi para a esteira para caminhar. Ligou o Ipod e entrou um trecho da Carmina Burana, Fortuna Juvat, para ser mais preciso, sentiu-se mais revigorado, ágil, satisfeito consigo próprio. A seguir veio parte da Nona Sinfonia de Beethoven. Num fragmento mais rápido sentiu-se melhor do que nunca. Uma sensação de exaltação tomou conta de si. Quase como se fosse o Rei do Mundo.
Encontraram o corpo uma hora depois.
O policial que fora chamado para atender a ocorrência, constatou o óbito e, ao observar que o de cujus estava com os auriculares em posição e que saia som deles, resolveu ouvir, para ver o que ele escutava. Neste momento tocava o sino da sinfonia Fantástica do Berlioz.
Nasceu ali o mito de que o falecido previra a própria morte.
Bobagem.O morto nem soube que morrera.

2 comentários:

Marcia disse...

de cujus?
auriculares?
ai, meu deus.
não me admira que tenha morrido.

Carlos Eduardo Carrion disse...

Please sinonimos, please, pois no Houais faltam sinônimos para estas palavras.