quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Morte & Sexo II - LOS PRIMORDIOS

Pues parecia que aquele dia a sorte lhe tinha sorrido.
Indivíduo com pouca prática, experiência quase nenhuma, ter aquela potranca querendera ao seu lado, na pequena danceteria daquela cidadezinha do interior, parecia milagre. Obrigado oh! Senhor!
Situemos os fatos. Corriam os anos sessenta, a cidade não tinha 30.000 habitantes, a casa noturna lotava com 50 pessoas, um garçom e um barman davam conta do recado perfeitamente, se bebia, coca cola, coca com cachaça (samba), com rum (cuba-libre), whisky Scot's Bar, quando muito um Druhris e ficamos por aí. O som vinha de uma eletrola que, para os padrões da época, era “das boas”. O som corria por conta da MPB, rock’s, algumas coisas dos Beatles e assemelhados, jovem guarda.
De ilícito, só um ou outro lança perfume Universitário “importado” dos hermanos, que os vendiam como desodorizador de ambientes. Nunca en mi puta vida supe de alguién que lo hubiece usado como desodorizador de ambiente, me disse o importador, o conhecido cidadão Bira Boleta, que em paz descanse.
Maconha era algo degradante, coisa de maconheiro, ou seja, um marginal no mau sentido, um desclassificado social. Havia as anfetaminas, Pervitin, Dexedrina, Dexamyl – o que deixava os caras dex-animados no dia seguinte, mas estas ficavam reservadas para ocasiões mais nobres, não para uma noite de meio de semana, de inverno, no Luna Oscura.
Bueno, mas vamo ao que interessa que o tempo dos vivente pra fica lendo esta bobagera toda não é muy grande.
No dançar já havia começado aquela coisa do já te pego já te largo, mão aqui, mão acolá, se bem que ninguém se animava a meter, no meio do salão, a mão na grande área e mais ainda na pequena área. O medo de que se apitasse um pênalti era grande.
Lá pelas tantas a moça pede para ir embora e o gentil mancebo se oferece para leva-la até em casa. Esta era uma mensagem críptica que dizia, “vamos incrementar esta coisa toda”. Y vamos a patitas, pois, para cúmulo dos cúmulos, aquele dia o pretendente a fauno estava sem carro.
Observação, naquelas priscas eras, um carro era muito mais que um carro. Era também um motel, um apê, um cafofo, um abatedouro.

A sorte é que nas cidadezinhas todas as distâncias são pequenas. E neste caminho se aproveitava para trilhar varias sendas que poderiam levar ao prazer.
Não que se fizesse muita coisa, pois como já disse, mas repito aos desmemoriados, a experiência da ninfa e do sátiro era tiquitita, tiquitita.
Chegam a casa onde a moça se hospedava. Era a casa de seus tios. Moravam no segundo andar de um prédio de dois apartamentos, um em cada andar.
Fechada a porta de entrada do prédio, o silêncio da noite dava a tranqüilidade de que a qualquer ruído poderiam se recompor para um disfarce mínimo.
Aí o atraque foi para valer. Mas a pressa, o alvoroço, a estripulia, os falsos pudores que tinham que ser mantidos, as ignorâncias que deveriam ser mascaradas, começaram a cobrar o seu preço.
De pé e de frente não achavam uma posição adequada. Vira daqui, mexe dali e nada, era difícil o encaixe. Depois de um bom tempo de resfôlegos desistiram.
Não chegou a ser frustrante porque algum prazer tiraram e o próprio gosto de aventura e desafio ajudou muito.
Só mais tarde descobriram como teria sido fácil se ela houvesse tirado totalmente a calcinha, virado de costas e se inclinado um pouco. Mas, isto só aprenderam com o tempo, depois de noites como aquela.

4 comentários:

Anônimo disse...

(anônima disse...)
teria sido fácil, teria tido outro sabor: mais ousado, mais intenso, com muito mais 'know how'... mas, não lembrarias do fato com tanto entusiasmo ao contar, sentindo novamente o calor percorrer teu corpo em cada milímetro, o suor brotando das têmporas (e indo se alojar sei lá onde), as mãos nervosas e inexperientes, o coração se auto-expulsando do peito, boca sôfrega, alma descontrolada... Garanto que tudo isso se fixou na tua memória a ferro e fogo! (sentido figurado, claro!). E é justamente por isso que foi tão bom!
Vai, admite! (nem que seja apenas para ti mesmo!)

Carlos Eduardo Carrion disse...

Eu não!!! Nem foi comigo... Eu sempre fui experiente, malandro,
:-))

Anônimo disse...

É um texto enxuto, mui gostoso de ler. Mesmo com o tempito urgindo sempre vou passar por esse tal de blog hedonista do afamado doutor Carrion e perlustrar os escritos desse homem das letras

Carlos Eduardo Carrion disse...

Obrigado Adriano, o meu Ego agradece