terça-feira, 22 de julho de 2008

O HEDONISMO IV

Praticamente todo mundo me diz gostar de sexo.
Mas acaba se vendo que as pessoas fazem muito menos sexo do que elas dizem que gostariam.
Acho que é porque elas não gostam tanto assim de sexo.
Mas sentem-se na obrigação de dizer que gostam.
Fazem o que com esta ambivalência?
Enchem-se de obrigações e regras para terem uma vida sexual.
Não pode isso, não pode aquilo, tem de ser assim, não pode ser assado, e por aí vai.
São tantos os pré-requisitos para que o sexo ocorra que este só ocorre ocasionalmente.
Têm de ser em noite de lua cheia, com tempo de sobra, com uma loira casada maravilhosa, que seja uma devassa na cama, mas que não tenha transado com muitos homens antes, num lugar muito bacana, mas que não seja caro, que a minha mulher não saiba, que o marido dela só desconfie, que ela não fique muito romântica, mas que também não seja meio durona, que tenha um bom papo em cima das coisas que eu considero relevante, que não faça reivindicações, que ache que tudo que eu faça seja sensacional. Que não seja mais poderosa que eu, mas que também não seja uma chinelona, e por aí vai...
Ah! Acrescente-se a isto o fato da “muié veia” estar gorda, não fazer a posição do periquito ralado, ficar querendo isto e aquilo, reclamando que eu não a levo nunca para um motel, e assim por diante...
Digam-me, quantas vezes, por ano, este cara conseguiria transar?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

HEDONISMO III

Você já ouviu falar de O LUGAR?
Ele fica em Gramado, é um restaurante comandado pela Carol Heckmann, fica num condomínio chamado o Bosque, ao final da Borges de Medeiros, passando o quartel dos bombeiros. Abre nos fins de semana, quando é bom ligar para fazer reserva.
Este cardápio é apenas um exemplo do que você vai encontrar lá.
Carol é uma artista. Ela praticamente não repete os pratos. Cada um deles é, praticamente, uma obra prima. Os sabores lembram as cores num quadro de Modigliani, fortes, suaves, sutis, definidos, nebulosos. Cada garfada mostra-nos algo diferente.
Tem-se muito, mas muito prazer em comer lá. Se se sai feliz? Não sei. Depende de cada um.
Muitos não vão. Alegam que fica longe do centro. Que é caro. Que não é bastantão.
Cá para nós, quem viaja, no mínimo 140km, pode se michar para 5 kms?
Excepcionalmente, para quem tem um carro do ano, de médio para cima, não pode gastar R$100,00?
Se a fome é muito grande, que eu saiba, não há problema em pedir um complemento.
Enfim, se impede o prazer e com isto se barra a felicidade.

HEDONISMO II

É comum as pessoas dizerem que só querem uma coisa. Serem felizes.
Mas aí eu me pego pensando. Mas felizes como? Se elas não fazem nada para terem prazer. E sem prazer é praticamente impossível ser feliz. Vamos deixar claro que nem sempre o prazer pode trazer a felicidade, mas sem dúvida é um ingrediente quase imprescindível para que o estado de Felicidade exista.
Portanto de agora em diante vamos pensar em Prazer, como alcança-lo e, principalmente, como o evitamos, mesmo com a melhor das intenções.

HEDONISMO I

Como me surgiu um monte de coisas boas para fazer e, como não descobri, ainda, como multiplicar o tempo, vou tentar manter O Hedonista, com flashs.
Também ontem escrevi uma série de coisas sobre assuntos que eu julgo importantes, mas não ligados ao Hedonismo. Vou tentar ser mais fiel à razão de ser deste blog.
Toca-me muito ver a dificuldade que as pessoas têm em se proporcionar prazer. É como se o prazer fosse algo perigoso. Praticamente qualquer prazer, com exceção de um ou dois para, quando forem cobrados, dizerem, “mas eu gosto muito de tal coisa, ou de fazer tal outra”.

domingo, 20 de julho de 2008

A MORTE DO DR. GILVAN

O Gilvan foi colega de turma médica.
Foi assassinado, executado, na noite de 6ª para sábado, em Novo Hamburgo.
Não vou fazer um elogio fúnebre.
Só vou comentar que o massacre continua. Que sempre existe um risco em qualquer coisa que façamos fora de casa. Além de discursos, o mais provável é que não se faça nada de prático. Talvez se detenham os suspeitos d’habitude. Para constar.
À família só resta ouvir o corvo de Edgar Alan Poe, que dizia “nunca mais, nunca mais...

A nós, nos darmos conta que hoje ele está morto, frio e enterrado. Pode que alguém me ache duro e insensível neste comentário. Mas é assim que a morte é.

A MORTE DA DERCY GONÇALVEZ

Lamentei a morte da Dercy. Não pela grande atriz que ela foi. Mas por que ela me curou de uma neurose infantil numa só sessão.
Conto-vos.
Quando foi lançado o filme O CANGACEIRO, um sucesso, meu pai e a minha mãe me levaram junto. Devia ter uns 6 anos. Naquela época era comum levar-se os filhos pequenos junto. Aliás, na Argentina e no Uruguay, até alguns anos atrás, pelo menos, se continuava a levar os filhos bem pequenos ao cinema.
Eu já vinha meio traumatizado pelo filme O MANTO DE CRISTO. Com o Cangaceiro o caldo entornou de vez. Não quis mais ir ao cinema. Só as matinais do Tom & Jerry.
Lá pelas tantas meu pai começou a ficar preocupado, pois nos domingos eu ficava muito isolado, já que toda a gurizada ia para as matinês, que lá iam da 1h até as 7:30hs (Três a quatro filmes.).
Iniciou então uma campanha. Nós dois sairíamos para jantar fora (então uma novidade) e depois iríamos ao cinema. Na primeira vez fui meio cabreiro. O filme era CALA A BOCA ETELVINA, com quem? Com quem? Com a Dercy. Ri a mais não poder. Estava curado.
Quando eu estava lá pelos 50 anos fui a uma peça com a Dercy, lá no Teatro Leopoldina. No final ela vendia um livro com a sua autobiografia e fazia uma sessão de autógrafos.
Na minha vez eu disse:
-Olha Dercy, o meu pedido é por causa ....
Quando eu terminei, ela respondeu.
-Tu qué me comer ou quer um autógrafo?

Esta era a Dercy, até na hora de dar um autógrafo.

ALIENAÇÃO

Ontem fui jantar com um casal de amigos no Komka, uma churrascaria prá lá de boa, barata e, para quem não é exigente, “direitinha”.
Lá pelas tantas o meu amigo me chama a atenção.
“-Tchê, olha só que absurdo: Na mesa ao lado, uma mesa de umas seis pessoas, parentes, aparentemente, uma menina dos seus 4 anos sentada no colo do que parecia ser seu pai, com um destes aparelhinhos de vídeo portátil. A criança completamente absorvida e alienada do que ocorria ao redor. Realmente não estava incomodando ninguém. Estava alienada de tudo e de todos.”
Poucos minutos depois, numa mesa grande, com umas 12 pessoas, no que parecia uma festa familiar, dois garotos dos seus 10/12 anos, com seus MP3, mostravam-se na mesma situação.
Depois os pais reclamam de que os filhos não querem conversar com eles, que não há diálogo, que os filhos são uns alienados, que não sabem o que está ocorrendo ao seu derredor.
Em casa fui ver um filme Paranoid Park, que trata da história de um adolescente, boa gente, que mata sem querer uma pessoa e se dá conta que vive em meio a um vazio. No filme não existe diálogo, comunicação entre adultos e jovens.
MAS PORQUE DEVERIA SER DIFERENTE? Parece que o importante é apenas que as crianças não incomodem. Não pretendo que adultos, crianças, adolescentes sejam da mesma turma.
Mas que existam pontes para um diálogo, que não sejam as das reclamações, puteadas e etc.
Depois têm alguns pais que se dizem chocados pelo que os filhos fizeram. "Fui pego de surprêsa". "Nunca imaginei que o Fulaninho fosse capaz de fazer..."

NOTÍCIAS DO BRASIL

A reportagem no jornal ZERO HORA, sobre a ABIN me lembrou a brincadeira:
“Sabe como se identifica um agente secreto português?”
“Ele usa na lapela um adesivo dizendo: AGENTE SECRETO”.
Durante a II Guerra, quase ninguém podia saber o nome do chefe do serviço de espionagem alemão ou inglês. Muito menos do russo. Do russo se sabia que o Beria tinha a ver com segurança, mas ficava-se por isto mesmo. Os americanos tinham uma aparência de fachada que funcionava mais como elemento de desinformação do que qualquer outra coisa.
Quanto a métodos, etc. e tal, oficialmente ninguém falava nada. Já aqui o Site da Abin e Assessoria de Comunicação Oficial é fonte.

SORRY

Desculpem-me beautiful people (Só para mostrar como eu sou UP to Date e implicar com o seu Aldo.) Mas andei ausente por conta do fato de eu ser um dispersivo.
A desculpa “fiquei sem tempo” seria digna de porta-voz quando tem de explicar o inexplicável.
Vamos ver se eu melhoro, mesmo sem a Ritalina.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

NO PAÍS DOS DESLUMBRADOS

Quem seguiu os meus posts sabe bem o quanto eu critiquei a proposta de lei do Aldo Rebelo, que queria proibir o uso de estrangeirismos para proteger a língua pátria. Continuo com o mesmo ponto de vista. O povo, os que escrevem, os que lêem, é que irão incorporar esta ou aquela palavra, adequando-a a nossa realidade.
Mas isto não impede que eu critique quem usa e abusa dos estrangeirismos com a
finalidade única de esnobar ou cooptar deslumbrados.
Agora está sendo lançado em Porto Alegre um prédio de apartamentos, de um e dois dormitórios, para moradores de fino trato, pela CAPA engenharia.
Pelo prospecto fico sabendo que é NEW.
Que devem ser Andy.
Terá piscina Yin Yang (O que é que isto quer dizer?)
Espaço Zen (?) (Deve ser um canto meio vazio, sóbrio, com algum estilo japonês despojado, para o cara sentar em posição de lótus, repetindo algum mantra, ou fazendo zzzzzzzzzzzzzzuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmm).
New Show (Um palco para você dar um show) -Ótimo, espero que tenha uma mulherada gostosa pensando em fazer strip-tease.
Fitness Center, com Espaço Ballet e Tatame (Vão apresentar um Lago dos Cisnes a baixo de porrada, inédito, uma new language – to entrando no clima)
Pet Garden – Très Chic, os cachorrinhos vão fazer um xixizinho de luxe.
Lounge Energia (deve haver ocorrido um erro de revisão, Energy estaria mais de acordo), com churrasqueira e forno de pizza. O assador, ou pizzaiolo, estará de fraque, no mínimo.
Espaço Gourmet – Cozinha de luxo? Um lugar aonde os Gourmets vão se reunir para discutir as novidades? É fogo o cara não ser um emergente, out em relação às novidades. Acaba não entendendo nada.
New Garden – E quando ele ficar Old Garden, se destrói tudo e se recomeça do zero?
E mais um Beauty Space, um Andy Gourmet, um Fun Space, um Pop Fire (Gente, eu achei este demais, divino. Não sei o que é, mas poderia responder para os meus amigos chinelões. –Desculpa gente, mas agora não posso ir, estou no meu Pop Fire!) e at last, but not least, um Green Space (Um lugar pintado de verde, um reles gramadinho?? Oh! Dúvidas cruéis).
Playground, Home Theater, estes eu até não levo a sério, total já parecem estar incorporados definitivamente ao nosso léxico.
Mas aí vem a desilusão. Ele tem uma Lavanderia, um Bicicletário, uma copa, sistema de segurança. Pô, porque não uma laundry, a security sistem. Estes nouveaux riches sempre deixam algo incompleto....

sábado, 5 de julho de 2008

O RESGATE DE ÍNGRID BETANCOURT, uma tese deste escriba, para gáudio de sua mamita.

Tenho a minha teoria a respeito do sensacional, espetacular, resgate da senadora.
Ela havia se tornado um pacote pesado para todo mundo.
A FARC gastava muito para mantê-la em cativeiro, ao ter de vigia-la. Além disto estava sofrendo um desgaste, perante a opinião pública, muito grande por havê-la transformado em uma vítima, pura e simples.
O governo colombiano, ao não conseguir resgata-la, passava um atestado de incompetência.
Tio Fidel, as voltas com suas fraldas, não tinha nem tempo, nem interesse em voltar alguma energia ao seqüestro.
Tio Chavez sentia o seu prestígio se esvair ao não conseguir, nem o triunfo das FARC, e nem que estas dessem um sinal de que ele tinha alguma importância.
A França se sentia na obrigação de fazer algo, mas como potência de segunda linha, não tinha muitas alternativas.
Finalmente, o pessoal lá da matriz (EUA), com todos os seus poderes, tecnologias, coisa e tal, continuava impotente quanto à resolução deste problema (Como se não bastasse o Bin Laden, fora o Iraque e o provável banho de votos que os democratas devem dar.).
A melhor solução me parece que foi esta. Monta-se uma grande pantomima, que resolve o problema de todo mundo, e que dá margem a todas especulações possíveis, podendo se ter as mais variadas versões, que darão aos acólitos de cada grupo a sensação que venceram.
Ufa! Um problema a menos!
Como provavelmente nunca se saberá, exatamente, o que foi que houve, inscrevo aqui esta tese que só poderá ser contestada em teoria.
Um gênio! Um gênio! Dirá a minha mãe.

E AÍ SENHORES e SENHORAS?

Uma garota de programa me contou.
Filha de de uma família de classe média em decadência e não querendo seguir a trilha do declínio social como uma inevitabilidade, aceitou o convite de uma amiga e começou a fazer programas.
Comentários dela que eu acredito serem verdadeiros.
O máximo que conseguiu ganhar em um emprego, dos ditos decentes, foi R$500,00.
Sua faculdade custa R$1000,00 por mês. É uma boa faculdade. Tem mais 6 colegas na mesma aula que custeiam os seus estudos da mesma maneira.
A mãe e o irmão, que é doente, consomem outros R$1000,00. O pai se mandou há um bom par de anos.
Com 2 a 3 programas por semana fatura uns R$3000,00 por mês. Fora um trabalho “honesto” ligado a sua faculdade (+ R$400,00).
Não se sente culpada. Pode escolher os clientes.


Não vem com o velho chavão: “Não vejo hora de largar esta vida!” A não ser depois de formada.
Alguém se habilita a censura-la? A jogar-lhe pedras? Alguém tem alguma fórmula que permita que ela continue a estudar, ajudar a família, levar uma vida normal e não apenas de sobrevivência? Se tiver, por favor, deixe a receita na sessão “comentários”.

LULA, IEDA E OS DIRIGENTES DO GRÊMIO - Pontos em comum

O primeiro não sabia de nada.
A segunda não ouviu o que lhe diziam.
Os terceiros parecem que não aprenderam a fazer contratos.
Êta paizinho este nosso.

UMA OPINIÃO DEFINITIVA

Sempre desconfiei que o mais próximo dos Deuses que os Homens conseguiram chegar foi através de Beethoven.


Hoje, depois de ouvir novamente um dos seus concertos para piano e orquestra, tenho certeza absoluta!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

DURA LEX SED LEX

No Uruguay se diz que “hecha la ley, hecha la trampa”. Ou seja, assim que é feita a lei, alguns dão um jeito de driblá-las.
No Brasil não, somos mais radicais. Fazemos as leis, mas para não serem cumpridas. As famosas leis para inglês ver.
É proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade. Ninguém a obedece, ninguém fiscaliza, os pais são os primeiros a não fazer a sua parte.
O massacre do trânsito estava de uma maneira tal que a Guerra do Iraque parecia uma guerra de araque.
Fez-se uma lei rigorosa. Quem beber não dirige, quem dirige não bebe!
Estardalhaço nos primeiros dias, manchetes nos jornais e logo de pois a coisa começa a funcionar do jeito brasileiro. No fim de semana quatro, digo quatro, motoristas foram pegos alcoolizados no Rio de Janeiro. Dá para acreditar. Só quatro!
Advogados, legisladores, fiscalizadores, começam todos a suavizar os seus discursos. Ninguém vai revogar a lei, pelo menos em curto prazo. Mas não vão cumpri-la.
Nem estou discutindo se a lei é correta ou não. Discuto apenas a não aplicabilidade dela, pelos mais variados motivos. Como a de dezenas de outras mais. Leis para inglês ver.
Todo mundo quer rigor contra as bandalheiras. Mas quando alguém aplica a lei contra o bandalho, principalmente se forem muitos, todo mundo sai reclamando.
Voltam do exterior entusiasmado com as atitudes policiais/judiciais que observaram. Deveríamos copiá-las, aí sim que se veria o que é bom pra tosse. Mas se alguém tenta aplicar aqueles métodos aqui, já se fala em arbítrio, exagero e por aí vai.
Minha sugestão é:
Toda nova lei deveria terminar da seguinte forma. Cumpra-se, etc. e tal, mas...