Meus autores literários preferidos são:
Homero, Xenofonte, Eurípides, os gregos dos séculos V e IV AC, Maquiavel, Shakespeare, Stendhal, Dostoievski, Nietzche, Machado de Assis, , Par Lagerkvist, Camus, Jorge Luiz Borges, Jose Saramago, Mario Vargas Llosa, Ismail Kadaré, vários outros e Millor Fernandes.
Pois bem, andei escrevendo no ano passado uma série de artigos sobre o projeto de lei do sr. Aldo Rebelo, que propunha um engessamento da língua portuguesa ao proibir estrangeirismos (sic). É lógico que o que eu escrevi deve haver causado pouca repercussão.
Lendo a VEJA de 13 de fevereiro de 2008, vejo Millor escrevendo sobre o mesmo tema, com mesmo enfoque meu, é lógico que com um espírito mordaz que eu invejo e gostaria de ter.
Ter escrito o que eu escrevi, antes do Mestre, me fez inchar de orgulho, prazer.
Por isto, ponho aqui a crônica do Millor.
Com isto posso dizer:-Sabes, Eu e o Millor escrevemos há alguns dias sobre este tema!
Eis o artigo do Millôr
LÍNGUA, PRA QUE VOS QUERO?
Linguagem. Ainda e sempre.
Voltando ao dr. Aldo Rebelo, que outros preferem Rabelo.
Como o senhor é um nobre batalhador pela pureza da língua (se fosse geneticista ou hitlerista proibiria também as moças brancas de transar com escurinhos e os negões de transar com louras burras, e estaria condenada essa execrável miscigenação), lembrei-o de que a mais brasileira das palavras é futebol.
E tem mais, nobre deputado (é nobre ainda, deputado?), futebol talvez seja hoje a mais universal das palavras. Estrangeira em toda parte. Nacional em todo lugar.
E o senhor sabe que, no passado, os aldos rebelos de então, numa tentativa de evitar a introdução no país do termo football, lutaram pra que o esporte se chamasse ludopédio? Ou, melhor ainda, pebolismo? Como o senhor, lingüista emérito, já percebeu, não colou. O esporte, estrangeiríssimo, este, sim, colou. Colou aqui, colou ali, colou até na China. Onde se chama, é verdade, .
E, o senhor sabe?, sei que sabe, que a posição dos jogadores ou os próprios jogadores pela posição se chamavam goal-keeper (pronunciava-se gol quíper), back, half, center-half, ou forward, center-forward? E que o juiz se chamava não juiz como agora, que pode até se confundir com os do Supremo de frango, mas, veja só, meritíssimo, referee?
Sabe o que aconteceu? Sem nenhum legislador pra ensinar ao povo, o povo tomou a rédea nas mãos – ensinou aos legisladores. Povo tem que ser controlado, como sabemos todos nós do PCB.
Por isso temos hoje o goleiro, o zagueiro, o meio-de-campo, o avante e por aí vai. E referee passou a se chamar juiz. Não é estranho? Tudo isso sem legislação.
Porém, se não é estranho, é muito curioso, mas ninguém repara. Os times se chamavam, como ainda se chama o meu glorioso Fluminense, Fluminense Futebol Clube. Em nossa língua deveria se chamar não Futebol Clube mas Clube de Futebol. O adjetivo antecedendo o substantivo é puro anglicismo. Mas não é natural, doutor? O esporte bretão (era chamado assim, meritíssimo), como o nome indica, vinha da Inglaterra.
Quanto ao córner virar escanteio, sou contra. Corner era muito melhor.
Como diria o Jânio (Quadros): "Que língua, a nossa!".