quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Tragédia de Medéia É Possível

Quando alguém me diz que acha inacreditável e me pede que eu explique porque um pai, aqui em Porto Alegre, matou os três filhos e depois se suicidou; para vingar-se da mulher que queria separar-se dele e que teria uma vida no Inferno, depois disto, respondo.
Porque ele estava louco e a loucura tem uma lógica diferente da dita sanidade. Aliás, meu amigo Paulo Burd já me havia alertado de que na tragédia de Eurípides – Medeia, a personagem Medeia mata os filhos para vingar-se do esposo Jasão que a havia traído. Mas ela teve que carregar esta responsabilidade (Na antiguidade grega o conceito culpa não existia, existia era o conceito de ser responsável. O conceito culpa vem dos textos bíblicos.) pelo resto da sua vida.
No caso presente, o assassino se exime desta culpa suicidando-se. Duvido que o fizesse por culpa, ou remorso.
O que me chama a atenção é que, tanto Medéia, como este homem, eram loucos, mas plenamente conscientes do que estavam fazendo.
Por isto me irrita quando, na maior parte das vezes, se trata na justiça, na nossa justiça, um louco, um tarado, como um não responsável ou quase não responsável, por ser louco.

Na justiça americana se avalia se o sujeito é louco, mas também se ele é, ou não, consciente de seus atos. O mesmo se aplica no caso de menores. Felizmente parece que lentamente estamos mudando os nossos conceitos.
Pois, quando alguém descobre uma brecha, pode se estar certo, é por ali que os ratos vão se enfiar.

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