domingo, 22 de novembro de 2009

O MINISTRO E O TERRORISTA

Estava pensando se deveria, ou não, escrever sobre este assunto, quando me veio a mente a história de um daqueles cardeais ingleses que perdeu a cabeça por descontentar o rei. Ele dizia (desculpem a má tradução) mais ou menos isto. “Sir podeis dispor dos meus cargos, dos meus bens, da minha vida, mas não posso vos dar a minha alma”. Não pretendo ser tão importante, ou tão trágico como ele. Mas resolvi escrever porque o assunto me incomoda.

Senhor Ministro
Escrevo este porque a estas alturas da vida me considero meio burrinho e ingênuo. Com isto não entendo a profundidade de gestos como o seu.
O senhor se opõe que ele pague por suas atitudes, dando asilo, ao terrorista italiano.
Este senhor, que ao seu ver merece perdão, tirou a vida de quatro pessoas.
Foi julgado e condenado na Itália por conta disto.
A Itália, que eu saiba, é um estado democrático e o poder judiciário é autônomo e, pelo que sei, corrija-me se estou errado, respeitável.
Portanto, a mensagem que me fica é a seguinte:
Um sujeito tem uma idéia política qualquer. Por conta dela se dá o direito de tentar impô-la; nem que seja matando outras pessoas. Num estado democrático e de direito.
Portanto, se uma besta qualquer, um monstro qualquer, um idiota qualquer, aqui no Brasil, que imagino seja um Estado de Direito e Democrático, resolver impor as suas idéias, promovendo atentados, matando pessoas, se evadindo para não ser julgado e condenado, merece um asilo político, do Uruguai, por exemplo, e, portanto, não pagar pelo que fez?
O senhor, como ministro do Estado do Brasil, acharia isto correto, adequado, justo?
Principalmente porque este débil mental invocaria a vossa postura no caso do italiano em sua defesa.
Por isto, senhor Ministro, gostaria de saber se o que é válido para o italiano seria válido para um brasileiro? Que poderia querer derrubar o governo Lula, ou impedir a sua candidatura aqui no Rio Grande do Sul, pelo terror.
Fico também pensando nos quatro mortos. Eles não vêem mais o sol, não vêem mais as pessoas que amaram um dia, hoje são uma massa informe a apodrecer. Chato para eles, não é senhor Ministro?
Carlos Eduardo Carrion, novembro 2009

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