quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SOBRE A MACONHA

Li na Zero Hora um discreto debate entre o Marcos Rolim e o meu querido amigo Sergio de Paula Ramos a respeito da maconha.

Quero deixar claro alguns pontos para que entendam a minha posição. Primeiro. Nunca usei a maconha pela simples razão de que qualquer inalante me dá alergia. Segundo. Não acredito em verdades definitivas. Terceiro. Não trato de drogaditos. Mas acredito ter uma boa visão da vida e, principalmente, da História, até porque nesta sempre tento saber do “outro lado”, se registros houver.

A medicina está repleta de verdades, conceitos absolutos, que o tempo se encarregou de soterrar. Quem não lembra dos tratamentos à base de laticínios para a úlcera gástrica; havendo um quase que um consenso de que a úlcera gástrica era, na imensa maioria das vezes, de ordem psicológica. Hoje se sabe que é um micro organismo o causador da maior parte dos processos gástricos ulcerosos. Tendo havido uma mudança radical no tratamento.

Ou da testosterona, que era a grande vilã dos processos cancerosos de prótese. Hoje se sabe que, instalado o carcinoma, ela o alimenta. Portanto é vilã. Mas antes do sujeito ter câncer, vários trabalhos especulam que ela teria um papel protetor anticarcinogênico.

Por isto, acho arriscada a tomada de posições definitivas, em Medicina.

A grande maioria dos trabalhos científicos, para não dizer a imensa maioria, trata dos malefícios da maconha. Até por que se sabe que ela, usada da maneira usual, faz mal. Ponto.

Mas acho que não se pode desprezar, a priori, aqueles trabalhos que indicam um possível benefício do uso da maconha em algumas circunstâncias, sob orientação precisa e direta de profissionais, competentes e honestos. É evidente que estes trabalhos não terão a densidade e nem preencherão todos os requisitos metodológicos daqueles trabalhos que mostram os malefícios da maconha.

Começam por não serem politicamente corretos, o que diminui em muito o seu espaço no meio científico. Os centros que fazem as grandes pesquisas são ligados às universidades públicas, ou privadas (Que tem um nome a zelar...), ou que tem os grandes laboratórios a financiar. E uma pesquisa exige muito dinheiro. Algumas são absolutamente inviáveis sem um grande financiador. As leis, com suas proibições, manietam, e muito, a liberdade do pesquisador. Vide a Ciência e a Inquisição.

Por isto, gostaria de dizer, por minha conta e risco, que continuo contra o uso e comercialização de maneira indiscriminada da maconha, mas, por favor, não pensemos na Canabis como quem pensa num Brasil x Argentina. Que possamos examinar se ela, em determinadas situações, pode, ou não, ser útil.

Total, não se descobriu que veneno de cobra, bem utilizado, pode salvar a vida de um enfartante?

Nenhum comentário: