domingo, 21 de março de 2010

Meu caro Sean.
Vou dar a resposta, a ti, aqui no blog mesmo.
O comentário do Sean, queridos leitores, vocês podem ler integralmente no “comentários”.
Vi o filme na época da ditadura também. Também tive a mesma impressão que tu. Só que na época havia também um sentimento de vitória em ve-l0, por conta da diminuição da censura, assim até gostei um pouco.
Agora, que vejo o filme longe daquelas conjuntura, posso ver outros aspectos.
As cenas das orgias, da forma que foram apresentadas, me parecem absolutamente necessárias. Primeiro porque não mostram sexo. Mostram depravação, desrespeito, poder e submissão, a
perda de parâmetros. Não têm uma filosofia, uma ideologia, pelo menos lato senso, em que se apoiar. Mostra o ser humano despido do seu verniz social, governado apenas pelos seus instintos. Cenas de sexo, propriamente dito, só nas cenas iniciais dele, Calígula, com a irmã.
O filme foi produzido pelo dono da Hustler (Não era do grupo Play Boy, que era muito mais light.), que foi a revista que mostrou cenas sexuais em toda a sua nudez e crueza. Aliás ele foi processado e ganhou o processo (Da Hustler).
Tem um filme baseado neste episódio.
Existe uma cena neste filme que acho emblemática da hipocrisia humana e da rudeza da não hipocrisia. Pedem para ele jurar sobre a Bíblia que vai dizer a verdade, só a verdade, etc. e tal. Ele responde que não deve fazer isto, pois não acreditava em Deus e muito menos no conteúdo da Bíblia. Por conta disto, não se sentiria obrigado a dizer a verdade. O juiz aceitou a sua argumentação.
Portanto, tirando um, ou outro, momento, o filme não mostra sexo, e sim o desvario humano em torno do sexo, como também da ambição, da inveja, da prepotência, etc. Enfim estes “defeitos de caráter” que a gente vê nos outros, mas dos quais, felizmente, cada um de nós se imagina estar livre.
Acho que vale a pena rever o filme tantos anos depois e ver se a visão, a opinião, da gente mudou ou permanece nos anos 80.
Um abração.

Um comentário:

Telejornalismo Fabico disse...

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que deferência, me senti O cara agora.
:P

troquei as bolas do produtor, é? é, memória enraizada nos anos 80, sem pequisa, dá nisso.

carrion, a questão moral que você traz na discussão é mais do correta pra mim. concordo com você: a sociedade criou mil maneiras de sermos hipócritas amparados em etiquetas, em costumes, em comportamentos sociais aceitos como padrão. e quanto a isso, sou contra, como você.

eu quis falar mais da qualidade do filme. do que lembro - e olha a memória sendo acionado outra vez - essas cenas de sexo que pra vc represebtan a depravação, a submissão e o desrespeito, também poderiam ser lidas como um desrespeito à obra do diretor, que foi mutilada pra tentar se tonar popularesca. no andamento do filme, essas sequências soam totalmente enxertadas, alheias ao contexto, desencaixadas da fluência narrativa. e por isso incomodaram tanto, porque quebraram a narrativa em nome de uma jogada marketeira apelativa.

buenas, mas vou tentar rever o filme e aí volto mais embasado pra falar contigo, ok? até pra não errar detalhes outra vez.




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