Meu caro Sean.
Vou dar a resposta, a ti, aqui no blog mesmo.
O comentário do Sean, queridos leitores, vocês podem ler integralmente no “comentários”.
Vi o filme na época da ditadura também. Também tive a mesma impressão que tu. Só que na época havia também um sentimento de vitória em ve-l0, por conta da diminuição da censura, assim até gostei um pouco.
Agora, que vejo o filme longe daquelas conjuntura, posso ver outros aspectos.
As cenas das orgias, da forma que foram apresentadas, me parecem absolutamente necessárias. Primeiro porque não mostram sexo. Mostram depravação, desrespeito, poder e submissão, a perda de parâmetros. Não têm uma filosofia, uma ideologia, pelo menos lato senso, em que se apoiar. Mostra o ser humano despido do seu verniz social, governado apenas pelos seus instintos. Cenas de sexo, propriamente dito, só nas cenas iniciais dele, Calígula, com a irmã.
O filme foi produzido pelo dono da Hustler (Não era do grupo Play Boy, que era muito mais light.), que foi a revista que mostrou cenas sexuais em toda a sua nudez e crueza. Aliás ele foi processado e ganhou o processo (Da Hustler). Tem um filme baseado neste episódio.
Existe uma cena neste filme que acho emblemática da hipocrisia humana e da rudeza da não hipocrisia. Pedem para ele jurar sobre a Bíblia que vai dizer a verdade, só a verdade, etc. e tal. Ele responde que não deve fazer isto, pois não acreditava em Deus e muito menos no conteúdo da Bíblia. Por conta disto, não se sentiria obrigado a dizer a verdade. O juiz aceitou a sua argumentação.
Portanto, tirando um, ou outro, momento, o filme não mostra sexo, e sim o desvario humano em torno do sexo, como também da ambição, da inveja, da prepotência, etc. Enfim estes “defeitos de caráter” que a gente vê nos outros, mas dos quais, felizmente, cada um de nós se imagina estar livre.
Acho que vale a pena rever o filme tantos anos depois e ver se a visão, a opinião, da gente mudou ou permanece nos anos 80.
Um abração.