terça-feira, 12 de maio de 2009

UMA DE PAI CORUJA

Saiu sábado na Zero Hora


ARTIGOS
Ser filho da mãe (hoje), por Lúcia Pesca* e Pedro**
(O Pedro é meu filho - Carrion)

Diz o filho:É cansativo ser filho dessas mães de hoje, porque elas não dão moleza. Nós adoramos ficar sossegados sem pensar em nada, mas elas, por estarem sempre cheias de afazeres, não conseguem entender como isso é possível. Aí começam a nos alugar. A vida delas não tem mais espaço, de tanta coisa que fazem, então elas terceirizam a agenda para a equipe mais próxima, nós, os filhos. Acordamos com o famoso bilhete de “nossas” prioridades ao lado da cama. De faxineiros, office-boys, fazedores de supermercado, conselheiros sentimentais a mais dignificante função de técnicos de informática. Elas nos sugam toda energia do dia. Quando vamos para a academia ou faculdade, já estamos exaustos. Mas fazer o quê? O pior é vê-las cansadas no final do dia, às vezes reclamando, mas ainda querendo papo para saber como andam nossas vidas. Sabemos que o repasse de todas essas tarefas não é só pela falta de tempo delas, mas para não deixar que fiquemos acomodados em nossas vidinhas, nos ensinando, assim, a aceitar a conviver com responsabilidades e compromissos. Como se não bastasse a cabeça muito ocupada dessas mães, ainda aumentou a preocupação com a segurança de seus pupilos, vindo daí as frequentes frases, como: “Onde vais?”, “Pegaste o celular?”, “Como voltas?”, e nós aguentamos, controlando a vontade de nos rebelarmos, porque sabemos que essa ansiedade faz parte da profissão “mãe”.Definitivamente, ser filho da mãe hoje em dia não é mais uma ofensa, mas, sim, um aprendizado mútuo entre pais e filhos.Diz a mãe:Ah, os filhos de hoje! Estamos constantemente revalidando nossos valores através dos filhos. Aprendemos a delegar e dividir o que outrora fazíamos por eles e também a diminuir as culpas em não lhes dar tudo “de mão beijada”. Estamos conseguindo colocar limites com mais frequência, e aceitando os limites que eles nos impõem, como até onde podemos nos intrometer na vida deles (essa parte é bonita de dizer, mas difícil de fazer). Nós, mães, multifacetadas, reconhecemos que, para conviver com esse nosso jeitinho exigente e ritmo desenfreado, os filhos, de quem tanto cobramos – para o bem deles, é claro –, acabam amadurecendo mais cedo. É interessante perceber que não é mais pelas ameaças de perderem a mesada, o carro ou deixarem de ir à festa x ou y que eles atendem às nossas solicitações, mas, sim, por serem espectadores das nossas trajetórias de vida e nos admirarem. E veio daí a idéia deste artigo. Quando Pedro e eu conversávamos sobre o fato de que muitas mães não reconheciam essas atitudes de seus filhos como um agradecimento a elas. Portanto, obrigado, filhos, por nos darem a certeza de que nós estamos fazendo a coisa certa. Esse é o melhor presente que uma mãe pode querer no seu dia.Definitivamente, ser filho da mãe hoje é padecer no paraíso.
*Psicóloga **Filho de Lúcia, 18 anos

Um comentário:

Liziane disse...

Querido Carrion,

Estou te procurando por e-mail e não te acho...rsrs
Quero perguntar se recebeste um livro que mandei de presente.

beijos
Liziane, de Brasilia