sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

O HOMEM DO SOFAZÃO

O HOMEM DO SOFAZÃO

Hoje, nos jornais de Porto Alegre, ainda repercutem os ecos da festa que o dono do Sofazão (uma casa de surubas entre casais) promoveu no carnaval, no salão de festas de uma entidade ligada a Brigada Militar (nome da Polícia Militar aqui no RS).
O nome da festa era “BAILE DA ESPUMA”.
Os casais entravam, tiravam a roupa, recebiam um banho de espuma e, assim vestidos, adentravam no salão. Aí, no rala rala, no roça roça, a espuma ia desaparecendo. Se ela resistisse uma boa ducha d’água se encarregava de elimina-la. E aí meus negos; baixava um espírito de Dionísio, um salve-se quem puder, um eu quero o meu, que fazia as almas de Calígula, Nero, e outros que puseram para quebrar, morrerem de inveja.
Agora que a notícia veio a furo, de todos os lados vêm manifestações. Dos indignados com o fato, aos indignados por haverem perdido o fato.
Os que até aqui leram, pensando que eu iria me posicionar a favor, ou contra, ou muito antes pelo contrário, vão se frustrar.
Também não vou entrar naquele papel chato que às vezes se espera dos psiquiatras, que é o de analisarem tudo, chegando a conclusões crípticas, ou esotéricas. Não me agrada mais aqueles papos dos “veja bem”, “eu enquanto psiquiatra”, “este paradigma deve ser examinado de diversos ângulos”, etc. e tal, numa enfadonhice repetitiva.
Minha única dúvida é, a razão destas pobres linhas, é:
O que dirão os pósteros do Dono do Sofazão? Como ele será visto no futuro? Será lembrado? Como será lembrado?
Em vida Nelson Rodrigues, que trouxe o incesto, a pedofilia, a sacanagem, a luz do dia, foi execrado. Hoje é considerado um gênio.
Petronius, o árbitro da elegância, fez festas assim, é lembrado até hoje.
Milhares de romanos fizeram orgias. Alguém se lembra deles?
O que se dirá, no futuro, deste homem que trouxe a suruba, a orgia, a bacanal, o suíngue, o troca a troca, o baile do cabide (agora da espuma), para a luz do sol?
Os pósteros são incríveis. Deles tudo se pode esperar.
Carlos Eduardo Carrion
Psiquiatra

Amor, tesão, genética e encontros

UMA TEORIA DE FÉRIAS

Uma das boas coisas das férias é que posso exercitar o livre pensar que, segundo o Millor, é só pensar.
Ocorreu-me uma idéia.
Nosso desenvolvimento é, em muito, governado pelo DNA.
Este DNA é composto de inúmeros pacotinhos que vão determinando características de um indivíduo.
Parece não haver dúvida que existe uma “memória” molecular e de energia, que não sabemos ainda como funciona, mas já existem indícios documentados.
Tivemos origem em algum lugar da África e daí nos espalhamos por todo o mundo.
A cada nova procriação uma nova mistura de DNAs, num individuo único.
No entanto, a maior parte “pacotinhos” permaneceu imutável, só mudando a sua combinação.
Aí entra a “memória” molecular e genética.
Quando eu vou transar com uma mulher, muito dos meus pacotes vão se encontrar com pacotes dela, que podem ter tido uma origem em comum. Ou melhor, devem ter tido uma origem em comum. A população humana já foi muito pequena e concentrada. Mais tarde, com guerras, expedições, descobrimentos, escravatura, muitos patrimônios genéticos voltaram a se encontrar. Agora, com as facilidades de transporte, mais ainda.
Ou seja o encontro de parte do meu código genético, com parte do código dela deve haver ocorrido diversas vezes ao longo da história.
Pergunto-me e a vós.
Não poderia isto ser uma das razões do amor, da afinidade, da especificidade do tesão. Esta lembrança genética de algo muito bom, ou de seu contrário.
Pensem sem preconceitos.
Um abraçãoCarrion

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

O Primeiro Passo

Este é aquele momento dramático em que o sujeito, frente a página em branco, no caso, a tela, sente aquele medo atávico do dar o primeiro passo; pela ilusão de não poder errar, por conta da utopia aprendida de que se poderia ser perfeito. Por conta da fábula d e que existem passos definitivos na vida.
Bobagem, tudo é transitório, tudo é mutante. Ao aceitar que não existem o certo e o errado e sim o livre arbítrio, com o preço que ele nos cobra, podemos, aí sim, dar o primeiro passo.
Que os outros julguem se este passo agradou ou não. Os aplausos me agradam. As vaias e apupos me confrangem e incomodam.
Enfim, dei o primeiro passo.