quarta-feira, 16 de março de 2011

Despedidas e Histórias Sexuais do Ano de 1973

Afortunadamente, ou infortunadamente, nem sei bem dizer direito, tudo um dia termina. O Fim, a Morte, são sempre lamentados, ou quase sempre. Mas terminam e pronto. E o que interessa é que temos que aprender a conviver com eles, pois fazem parte da Vida.
Chegou o momento de dar um fim a este blog. O WWW.ohedonista.blogspot.com morreu, finou. Ficará no ar algum tempo, até que outra tecnologia o sepulte de vez. Quem leu, leu, que não leu vai acabar não lendo. Mas é assim que é. Vou continuar nos emails ccarrion@uol.com.br, no Facebook Carlos Eduardo Carrion, ou no Twitter @carrionhedonist .
Espero vocês por lá. Um abração e muito obrigado por entrarem nesta página. Foi um privilégio ter a atenção de vocês, por pouco tempo que tenha sido.
Mas antes vou terminar a última história.

Veio então a parte da operacionalização, pois pensar é importante, mas pensar sem por em prática é um exercício masturbatório, que até que é bom, mas fica por isto mesmo.
Primeiro veio a divulgação.
SENSACIONAL FESTA PARA ARRECADAÇÃO DE FUNDOS PARA A FORMATURA – STREPTEASE – HOMENAGEM AO CÚ E A BUCETA – SHOW ERÓTICO AO VIVO – SURUBA COM OS CONVIDADOS!
Não se fez panfletagens, ou algo pelo estilo. Tudo conversê de boca no ouvido. Mas o fato é que em pouco tempo todo mundo sabia da festa. Naquele mês, provas, ditadura militar, etc. e tal, tudo ficou em segundo plano. O assunto era “a festa no apartamento do .......”. Um grupo achando bárbara a história. Outros comentavam que aquilo era uma vergonha; mas vários foram lá, pra conferir, só pra ver até onde ia a depravação humana, etc. e tal. Sarcófagos Caiados. Outros só curiosos. As gurias da turma criticavam, mas todas elas não deixavam escapar de quão curiosas estavam.
Veio a parte da logística. Quem faria o quê.
O “Porrada” iria ser o Leão de Chácara, pois, como todos sabem, bacanal tem de ter ordem.
O “Nosso Aristocrata” iria ser uma espécie de gerente, dono. Aqueles que só com um olhar impõe uma certa ordem, pois fuzuê também precisa de uma certa moral.
A “Raposa Finória” iria cuidar de dinheiro, vendas, etc. Total, o evento era para dar lucro.
O Gênio” agiria como produtor, diretor da ação e public relations. Papel este que ele desenvolveria prazer e desenvoltura.
Além disto, um colega nosso, que se vangloriava de traçar todas, faria o papel de partner da nossa artista, agora consagrada como Mademoiselle De Monique.
Veio o grande dia. Não o apartamento, mas o andar inteiro estava lotado. O ingresso custaria uns R$50,00 em moeda de hoje, o que era uma bela quantia para aqueles tempos. Tinha também a venda de cerveja, caipirinha e, creio eu, pizzas em pedaços.
Na hora H, tcha tcha tcha chan! O apartamento fica na penumbra. Musica clássica de strip-tease. O diretor anuncia com voz solene a entrada da grande artista, Mademoiselle De Monique. Vestida sumariamente com umas roupas que algumas colegas de edifício que não foram, mas colaboraram. A seguir uma dança e ei-la nua, como uma deusa de ébano (Aqui, diga-se de passagem, o escriba se entusiasma.). Uma música mais solene e entra o Gênio com duas velas acesas na mão. Uma é colocada na entrada da vagina e o grupo em coro canta o parabéns a você. Apaga-se a vela. Logo a seguir ele pede que ela se vire de bruços e a vela é introduzida em seu cu. O grupo, agora em apoteose, canta o parabéns a você. São vários os que se colocam em posição para soprar a velinha.
Entra então o nosso colega, vestido sumariamente com um pano branco em volta dos quadris para o Show de Foda. Alguns movimentos estereotipados e oh! O anticlímax. Quem é que diz que o homem consegue uma ereção. De Monique bem que se esforça, mas nada. Mortinho estava, morto continuou. Momento de suspense. O que fazer? O Gênio procura um substituto, mas todo mundo se esquiva, todo mundo se lembra que tem de sair em seguida para um compromisso inadiável (Em verdade ninguém arredou o pé). Finalmente aparece um voluntário. Aleluia. A pátria está salva. O cara se apronta e parte para os finalmentes. Só que ele tinha um peronie bem avançado. Resultado, todo mundo incentiva “o folha seca” – em alusão a um modo de chutar faltas consagrado pelo Didi. Quem não sabe quem foi o Didi, por favor, vá se informar. E ele cumpre bem o seu papel. É aplaudido no final.
Finalmente o Gênio anuncia a suruba com convidados. Alguns vencem vergonhas e preconceitos e partem para os finalmentes.
Antes que batam as 12 horas da meia noite, era uma festa fora das regras, mas o regulamento do edifício que exigia silêncio a partir da meia noite foi cumprido a risca.
No outro dia o comentário era um só. A festa no apartamento do Gênio (os outros colaboradores não estavam na Medicina). A consagração do “Folha Seca” e o opróbrio do machão que falhou.
Mas uma coisa tem de ser dita. Ninguém que foi aquela festa, seja qual fosse a opinião que tivesse, jamais a esqueceu.

Um comentário:

Jamile Lago disse...

Nossa !

Até eu que não coloquei os pés na festa, pois ainda estava guardada nos escrotos do meu pai, não vou esquecê-la.