terça-feira, 26 de maio de 2009

UMA SITUAÇÃO QUE DÁ O QUE PENSAR

Marelise, estudante universitária, 22 anos, casada, Porto Alegre.
Dr. Carrion, quero ver se o sr. consegue me ajudar na confusão que está a minha vida.
Meu pai teve um caso com a mulher de um amigo dele. Apaixonaram-se e foram viver juntos. Acontece que eu sempre fui apaixonada pelo marido desta mulher e, apesar da diferença de idade ser grande, começamos a namorar, passamos a viver juntos e acabamos casando. Para piorar a situação descobri que minha mãe já havia tido um caso com meu atual marido. Por mim, tudo bem, mas ela acha que eu e ele ficamos juntos só por conta disto e não porque eu o amo.
O fato é que agora ninguém se dá com ninguém.
Sei que esta história pode parecer mentira, mas é a mais pura verdade. O diabo é que com tudo isto me sinto muito isolada. Tirando meu marido não tenho ninguém com quem conversar na família. O que eu posso fazer?
Frente a complexidade da situação, as tensões entre as pessoas, as mágoas, as sensações de traição, acho muito difícil que consigas fazer algo que leve a estas pessoas a se relacionarem bem. Casos como estes parecem ter como único remédio o tempo. E um tempo nada pequeno. No futuro, talvez todos consigam rir desta situação toda. Mas só no futuro. E, se conseguirem se dar conta que são seres humanos, que seres humanos podem tomar atitudes surpreendentes, inéditas, fora do comum, apenas por serem humanos e terem emoções, desejos, impulsos, que nem sempre se coadunam com a moral, ou com a lógica.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

SOBRE O BEM E O MAL

Desculpem-me a teologização, mas não tenho a menor dúvida que em Deus, se ele existir, o Bem e o Mal coexistem. Pois se Ele é o criador de tudo, terá também criado o Mal, mesmo que alguém me argumente que o Mal não foi criado pois é a ausência do bem. Mas quem permitiu que esta ausência fosse criada?
Por outro lado, se me falarem do livre-arbítrio, contestarei que quem cria um ser com direito a livre-arbítrio, está criando, pelo menos, a possibilidade do Mal.
A dicotomia Bem x Mal, Eros x Tanatos, ou outras, me parece absolutamente intrínseca ao ser humano, se não a própria Vida. Portanto, se existe um
criador, ele responde por Toda a Obra.
Como dizia meu amigo e filósofo diletante, Helinho Viégas. “No fundo tudo se resume a Sexo e Violência, o resto são apenas nuances destes dois”. Como dei umas pinceladas no conceito original dele, considero-me co-autor.
Mas por que estou a escrever isto? Neste espaço? Que foi criado para falar sobre o Amor e seus derivativos, prazer, sexo, beleza?
Porque nestes últimos dias uma série de notícias me chamou a atenção.
Crucificaram um sujeito numa parede.
Cortaram as orelhas de outro.
Mataram cinco em uma chacina numa cidade da Grande Porto Alegre.
Um assaltante dá um tiro e mata uma criança por que a babá não quis (provavelmente
paralisada pelo medo) desligar o alarme da casa.
Um sujeito após, o que parece ser uma discussão de trânsito, estupra, amarra em uma árvore e esfaqueia dezesseis vezes uma dentista.
Quero e vou continuar a escrever sobre sexo e prazer, mas não dava para ignorar o outro lado. Tava demais.

terça-feira, 12 de maio de 2009

UMA DE PAI CORUJA

Saiu sábado na Zero Hora


ARTIGOS
Ser filho da mãe (hoje), por Lúcia Pesca* e Pedro**
(O Pedro é meu filho - Carrion)

Diz o filho:É cansativo ser filho dessas mães de hoje, porque elas não dão moleza. Nós adoramos ficar sossegados sem pensar em nada, mas elas, por estarem sempre cheias de afazeres, não conseguem entender como isso é possível. Aí começam a nos alugar. A vida delas não tem mais espaço, de tanta coisa que fazem, então elas terceirizam a agenda para a equipe mais próxima, nós, os filhos. Acordamos com o famoso bilhete de “nossas” prioridades ao lado da cama. De faxineiros, office-boys, fazedores de supermercado, conselheiros sentimentais a mais dignificante função de técnicos de informática. Elas nos sugam toda energia do dia. Quando vamos para a academia ou faculdade, já estamos exaustos. Mas fazer o quê? O pior é vê-las cansadas no final do dia, às vezes reclamando, mas ainda querendo papo para saber como andam nossas vidas. Sabemos que o repasse de todas essas tarefas não é só pela falta de tempo delas, mas para não deixar que fiquemos acomodados em nossas vidinhas, nos ensinando, assim, a aceitar a conviver com responsabilidades e compromissos. Como se não bastasse a cabeça muito ocupada dessas mães, ainda aumentou a preocupação com a segurança de seus pupilos, vindo daí as frequentes frases, como: “Onde vais?”, “Pegaste o celular?”, “Como voltas?”, e nós aguentamos, controlando a vontade de nos rebelarmos, porque sabemos que essa ansiedade faz parte da profissão “mãe”.Definitivamente, ser filho da mãe hoje em dia não é mais uma ofensa, mas, sim, um aprendizado mútuo entre pais e filhos.Diz a mãe:Ah, os filhos de hoje! Estamos constantemente revalidando nossos valores através dos filhos. Aprendemos a delegar e dividir o que outrora fazíamos por eles e também a diminuir as culpas em não lhes dar tudo “de mão beijada”. Estamos conseguindo colocar limites com mais frequência, e aceitando os limites que eles nos impõem, como até onde podemos nos intrometer na vida deles (essa parte é bonita de dizer, mas difícil de fazer). Nós, mães, multifacetadas, reconhecemos que, para conviver com esse nosso jeitinho exigente e ritmo desenfreado, os filhos, de quem tanto cobramos – para o bem deles, é claro –, acabam amadurecendo mais cedo. É interessante perceber que não é mais pelas ameaças de perderem a mesada, o carro ou deixarem de ir à festa x ou y que eles atendem às nossas solicitações, mas, sim, por serem espectadores das nossas trajetórias de vida e nos admirarem. E veio daí a idéia deste artigo. Quando Pedro e eu conversávamos sobre o fato de que muitas mães não reconheciam essas atitudes de seus filhos como um agradecimento a elas. Portanto, obrigado, filhos, por nos darem a certeza de que nós estamos fazendo a coisa certa. Esse é o melhor presente que uma mãe pode querer no seu dia.Definitivamente, ser filho da mãe hoje é padecer no paraíso.
*Psicóloga **Filho de Lúcia, 18 anos

domingo, 10 de maio de 2009

RELAÇÕES ANAIS

Volto ao assunto por conta de vários e-mails.
Por exemplo:
Miriam, 32 anos, empresária – Dr. Carrion gostaria que pudesse falar um pouco sobre sexo anal. Os homens que me relacionei e os que várias amigas se relacionam, querem ter relações anais. Não morro de amores por este tipo de relação, embora algumas tenham sido muito agradáveis em muitas outras elas foram dolorosas e acho muito desagradável quando o pênis do homem aparece com marcas de fezes.
A pergunta é: O que fazer?
Miriam, quanto ao gostar, ou não, nada a fazer, é uma questão de gosto individual. Mas existem algumas regras que podem tornar estas relações mais prazerosas, ou pelo menos, não dolorosas.
DO HOMEM -
Não deve ser um bem dotado, pelo menos de calibre.
Não pode ser um apressado.
Não deve pensar no ânus como se fosse uma vagina apertada, portanto comportamento tipo desentupidor de pias está descartado.
Deverá usar sempre um lubrificante íntimo e camisinha.
Deverá aceitar que a mulher não quer e não ficar aporrinhando-a.
Se, na hora da penetração, ela se queixar de dor, deve parar de imediato.
DA MULHER –
Deve estar relaxada; numa posição confortável, de lado parece ser a mais indicada.
Não deve estar com vontade de ir aos pés, ou com diarréia, ou haver ingerido comidas picantes nas últimas 24 horas.
Deve fazer o homem respeitar o seu ritmo. Ou seja. Usando um creme começa fazendo carícias nas bordas do ânus. Depois o penetra lentamente com um dedo e, posteriormente, com dois. Esta penetração, além de lenta, deve ser feita em etapas, com idas e vindas bem vagarosas. Ensine-o que se sentir qualquer resistência muscular deverá esperar que esta se desfaça antes de progredir. Em caso de dor deve parar e só tentar alguns dias depois.
Correndo tudo bem, repetem as mesmas manobras com o pênis.
Se for um pênis longo, evitar o “enterrar até o talo”.
Fazendo tudo isto, espero que cheguem ao “enjoy it”.

domingo, 3 de maio de 2009

Trânsito x Gripe Suína

Até agora 25 mortos no trânsito no Rio Grande do Sul, no feriadão. Quantas mortes em todo o Brasil?
Quantos já morreram da gripe suína EM TODO O MUNDO?Continuo sem entender porque ela recebe tantas manchetes e o transito, proporcionalmente, tão poucas. Será que é porque as mortes no trânsito já são rotina?

POBRES MÃES

Com a chegada do Dia das Mães começo a ficar com pena das coitadas das mães.
Sim, porque com os comerciais que mostram mães maravilhosas, perfeitas, extremadas, ultrafelizes, ultra-realizadas e por aí vai, as mães de verdade, com as suas limitações humanas devem sentir-se um lixo.
A estas mães imperfeitas é que eu cumprimento. As perfeitas não existem.

TO OR NOT TO BE

Resolvi colocar este email e a resposta que eu dei porque ele fala de um drama humano que todos nós já passamos e vamos passar algumas vezes mais na vida até a chegada da Velha Senhora.



Em 02/05/2009 09:04, sophie <> escreveu:

Carrion querido estou escrevendo porque como já sabes, tenho muita dificuldade de tomar decisões e na verdade tenho receio de escolher um caminho e me arrepender depois, como já me disseste uma vez, sempre que eu escolher algo estou abrindo mão de outras coisas e isso é a vida, o fato é que estou na Escócia e não é simples se eu decidir voltar para o Brasil e depois ver que tinha que ficar mais aqui... Gostaria que me ajudasse a analisar os fatos...
Separação: como já deves saber me separei, mas foi tudo super amigável e continuamos ajudando um ao outro, visto que tenho minha passagem para o Brasil dia 28 de junho, decidimos por continuar no mesmo apartamento até eu ir embora porque é economicamente viável para os dois, ainda dormimos na mesma cama e continuamos com nossa rotina normalmente, ainda nos amamos porque afinal de contas são 11 anos e optamos por separação antes que o nosso amor que é tão bonito virasse ódio e nenhum dos dois quer isso...Tenho muito carinho por ele, mas às vezes penso que é um carinho de irmão por não sentir atração nem desejo, não sei se o problema é comigo ou é com a relação... Ele não queria terminar, mas estava esperando que eu dissesse que iria mudar e eu não disse...
Escócia: aqui é tudo maravilhoso, moro na praia e tem muitas lindas por todos os lados, a qualidade de vida é incomparável, tenho segurança, ando tranquila na rua sem medo de um levar minha bolsa ou colocar uma arma na minha cabeça ou invadir meu apartamento, aqui isso é 1 em milhões...Quando cheguei aqui não falava nada de inglês e trabalhava entregando pizza, agora já estou trabalhando na área como woman’s nurse e divido meus horários no outro emprego na fábrica que optei por mantê-lo porque pagam bem, os chefes são ótimos, o clima é agradável e posso fazer meus horários porque tenho moral e faço muito bem meu trabalho...O trabalho de woman’s nurse tb é ótimo a chefe me adora e não quer que eu vá embora e tenho certeza que se eu decidir por ficar aqui ela me ajudará, tb ganho bem e o melhor de tudo é que estou na área... Para eu ser médica aqui o caminho ainda é longo e terei que fazer várias provas, mas antes disso tenho que estar com inglês perfeito (ainda preciso melhorar muito) e depois estudar medicina em inglês para fazer essas provas...O fato é que aqui médico especialista ganha muito dinheiro e se eu chegar lá estarei feita da vida (mas longe da minha família e dos verdadeiros amigos)...Aqui também temos a possibilidade de viajar muito, é comum sair por uns tempos, viajar e quando voltar ter teu emprego de volta (quando se é bom trabalhador como eu hehehehe)... Mas se eu decidir que quero voltar tb tenho a possibilidade de ficar aqui mais um ano só juntando dinheiro para quando voltar para o Brasil poder montar um consultório ou dar entrada num apartamento, etc...Mas vivendo sem o Fábio, ou seja, praticamente sozinha...Claro que tenho amigos aqui e farei mais e tb quem sabe conhecer um Escocês hehehe...Mas o Fábio tb vai ficar aqui mais um ano e tenho dúvidas se não seria melhor voltar logo e começar a vida aí de novo com ele longe pq logo ele tb voltará... Ou quem sabe ficar com ele mais um tempo para ver no que vai dar...
Brasil: tenho medo de voltar e ver essa bagunça que é aí, perigo, burocracia, roubalheira, dificuldade para ganhar dinheiro, vou voltar para casa do Leão e da mãe pelo menos no início para economizar que tu sabes não será nada confortável, vou começar, bem provável, trabalhando naquelas clínicas do centro terríveis, ganhando uma miséria (mas vou estar exercendo minha profissão) e com o projeto de montar o consultório que tu sabes que não é fácil manter no início e nem ter uma boa clientela para pagar os custos... A mãe disse que vai me ajudar a montar o consultório e o Leão tb, inclusive ele já estava agilizando alguns contatos para tentar um emprego para mim...Tenho certeza que vou me dar bem aí tb, mas penso que não terei mais essa oportunidade de morar em outro país de novo e viajar o mundo porque logo quero me estabilizar e ter filhos...Tb sinto falta da família (mas queria ter meu cantinho/morar sozinha) e poder ver eles sempre, minhas amigas que amo tanto, fazer as unhas, do Carrionzinho que ilumina meus caminhos, do português, da medicina...
Não sei o que eu faço, a mãe está vindo daqui a 20 dias e vai me ajudar, mas queria ouvir a tua opinião também, estou muito confusa pq agora estou bem aqui...Mas tudo está se encaminhando para eu voltar pq depois que eu perder a passagem não posso no mês seguinte decidir voltar aí é para ficar até o ano que vêm...Tu podes imaginar como estou me sentindo, daquele jeito ACHO QUE TENHO CERTEZA HEHEHEHE... Queria ouvir tuas sabias palavras para dar um rumo na minha vida, claro que eu que tenho que decidir, mas please, diz o que tu achas... MUITO, MUITO OBRIGADO POR TUDO, SAUDADES, MILHÕES DE BEIJOS...


Quanto à separação a gente pode dizer, "que pena"; mas tem de se lembrar que todas as coisas humanas têm um dia um fim. Amizades, grupos, tesão (Oh! Que horror!), a vida. Acho, aliás, que todos os casamentos estão fadados a terminar, nem que seja pela morte de um dos parceiros. A Eternidade é apenas um sonho, uma utopia. O chato é que ela nos impede, muitas vezes, que aproveitemos a vida, pois ficamos nos guardando para algo que pode acontecer. Num relacionamento, o que realmente interessa é que ele seja bom, enquanto for possível. E que se o termine assim que tivermos certeza que ele é um doente terminal. Às vezes ele renasce. Mas é por que se o deixou morrer em paz.Quanto ao ficar, ou não, aí: Se eu for um masoquista, sempre vou me arrepender de alguma coisa no futuro. Deu algo errado?!! -Ah! Porque é que eu não fiz assim ou assado. O que a gente esquece é que, quando se decidiu, se decidiu pelo que parecia melhor, e nós só podemos decidir pelo que parece, não temos bola de cristal, ser o melhor.Ficando aí tens uma série de vantagens, e desvantagens.Vindo para cá, idem, idem.Aliás, achei as tuas ponderações muito bem feitas e maduras.Penso que qualquer uma das duas hipóteses é boa.Se fores uma mulher sentimentalmente mais fria. Fica por aí. Vai dar trabalho, mas ficarás rica, ou pelo menos bem de vida.Se fores mais afetiva, que é a impressão que me dás, volta e vêm gozar dos afetos, amizades, carinhos que tu sabes que vão te esperar por aqui.O que tu podes e deves examinar é: Atingistes os objetivos que tu tinha com o ir para a Escócia? Estes objetivos são atingíveis ainda? Valem a pena serem atingidos, no caso de tu não os haveres atingido ainda?Se tu atingiste estes objetivos, ou achas que eles não valem a pena o sacrifício, não perde tempo. Volta!A única coisa que eu acho é que, sob hipótese nenhuma, deves decidir em cima de uma passagem. Se for o caso de perder e ter de comprar uma nova, o valor é ínfimo em relação a tua vida.Quanto a alguém para ti. Seja aqui, seja aí, posso te garantir, não vai faltar. Tu és bonita, querida, inteligente, simpática, trabalhadora, afetiva, etc. e tal. E o tal amor não vem da vontade da gente. Ele vem, se instala, ou não, pode ser por um escocês, um português, até um argentino :-)), brincadeirinha, e curtem-no os que forem espertos.Espero então poder ter te ajudado.Um beijãoPodes continuar me escrevendo a vontade.Carrion

sexta-feira, 1 de maio de 2009

GRIPE SUÍNA

Como não sou um infectologista e nem um virologista, estou falando como um leigo.
141 doentes nos Estados Unidos (200 e picos milhões de habitantes), 331 em todo o mundo (alguns bilhões de habitantes), infectados pela gripe suína me parecem um número pequeno para todo este pandemônio que aparece nos noticiários.
Não estou dizendo que seja um assunto a ser ignorado. Não acho que seja algo a ser deixado de lado. Menos ainda que não se tomem providências. Mas me parece estar havendo um certo exagero.
Não seria o caso de um “boi de piranha”? De uma histeria coletiva?
Serei eu o Barrabás do Pär Largekvist, que está frente ao grande fato e o ignora?