quarta-feira, 30 de abril de 2008

Feriadão chegando, estrada, festas, churrascos, peixadas, chopp, caipirinha, baladas, usufruir do máximo de prazer possível nos 3 ou 4 dias sem trabalho, para quem pode, é lógico.
A minha pergunta é:
Na segunda feira, o que a contabilidade do feriadão vai nos dizer?
Quantos mortos?
Quantos mutilados?
Quantos terceiros atingidos na sua qualidade de vida?
Quantos feriadões serão precisos até as pessoas aprenderem a aproveitar, sem matar ou morrer?

O FIO TERRA

Quando éramos guris, se alguém nos contasse um causo, no qual um homem houvesse deixado, ou pedido, que uma mulher introduzisse um dedo em seu ânus, éramos tomados por um acesso de indignação, ou moralismo, ou incredulidade, ou, no mínimo, de desprezo, pelo tal indivíduo, que já era por nós visto como veado, fresco, bicha, homossexual, ou, simplesmente, puto.
Hoje em dia sei, pelas coisas que ouço em meu consultório, ou em conversas com amigos, ou pelo o que os jovens comentam, ou ficam de gozação uns com os outros, que este fato, o “fazer um fio terra”, já faz parte da atividade sexual de muita gente, sem maiores problemas, ou sem uma ligação maior com a idéia de homossexualismo.
Parece que o mundo vem se permitindo evoluir e que as pessoas já não se deixam assombrar por preconceitos.
Que côsa, que côsa, perderam a vergonha, dirão os mais antigos...

SEGURANÇA PÚBLICA

Quanto tempo falta ainda para nós, ditos cidadãos normais, nos indignarmos de verdade e exijamos que as otoridades tomem uma atitude para valer, para que tenhamos segurança e possamos, por exemplo, dar uma caminhada à noite numa praça para admirar o luar?

domingo, 27 de abril de 2008

DIFERENÇAS DE RITMO

Um problema que freqüentemente vejo no consultório e é de solução complicada, quando chega a ser possível, é o das diferenças de sexuais de ritmo, ou variabilidade, ou ambas.
João transava, antes de conhecer Maria, umas quatro vezes por semana. E ficava querendo mais. Muitos de seus encontros eram só para sexo e, muitas vezes, com mulheres que só conheceria uma vez.
Nos dois namoros que teve, Maria transava uma vez a cada dez dias, se tanto. Com o que se sentia satisfeita.
Quando transava, João sempre tentava dar duas, três, quatro vezes.
Maria ficava numa só. Mas, para ela, era muito importante o antes. Namoro, arretos, preliminares e a transada em si. Tudo bem degustado. No seu timing.
Mas um dia João e Maria se conheceram. Seja por estar escrito nas estrelas, seja por que o Destino assim o desejava, se apaixonaram.
E, no início, tudo foi festa.
Transadas freqüentes, elaboradas, demoradas e os dois achando tudo ótimo.
João porque estava amando e tudo que vinha da amada lhe parecia maravilhoso. E porque estava aprendendo um novo jeito de transar.
Maria porque estava amando e tudo que vinha do amado lhe parecia maravilhoso. E porque transando ficava mais perto dele, recebia carinhos mais intensos, ouvia declarações de amor mais candentes.
Mas, como soe ocorrer com os que não tem criatividade, com os que costumam pensar que o seu jeito é o certo, aquela rotina começou a cansar.
João começou a fatigar-se de ter de fazer os jogos de sedução, enlevo, romance para acabar tendo uma boa transa. Começou a não fazer todos aqueles rituais, que tem de ser mutantes e variáveis.
Maria, com a perda das sensações de novidade na cama, voltou-se para as outras novidades da vida. Os atos sexuais, propriamente ditos, viraram rotina. Mais tarde uma rotina penosa. Finalmente algo tão sensacional como terminar de jantar, depois de um dia fatigante e ter de lavar e secar a louça, além de por em ordem a cozinha e fazer a mesa para o café da manhã.
João e Maria passaram a ter atritos, brigas, a acusarem-se mutuamente disto e daquilo.
Finalmente veio um período de paz. Mas era a calmaria que antecede as tempestades. Algo só aparente. Os que têm sensibilidade percebem as forças da natureza incubando a tormenta.
João descobriu primeiro as garotas de programa. Depois uma colega de trabalho que o achava o máximo, que o queria para si com exclusividade. Que dava direto. Ponto!
Maria percebeu um vizinho que a olhava com olho comprido. Que puxou conversa. Que a ouviu. Que lhe falou como ela era maravilhosa. Um dia aconteceu. E foi aquela loucura.
Não sei quem desmontou o jogo.
Mas João foi viver com a colega.
Maria foi viver com o vizinho.
Infelizmente cinco anos depois a história se repetiu. Para os dois.
João e Maria não sabiam escolher. Ainda acreditavam que o Amor tudo pode. Esqueciam-se que nós não mandamos no Amor.
João e Maria não sabiam se adaptar neste campo. O das diferenças. Pois aqui não adianta o bom senso, o meio termo, o cada um cede um pouco. Nenhum pode mudar tão radicalmente o seu Eu.
Neste campo reina absoluta a capacidade, ou não, de se adaptar. Da capacidade de ser criativo. Do como manter o seu Eu íntegro em um ambiente hostil.
As psicoterapias ajudam muito neste campo. Mas se a pessoa não se dispuser a sair do seu castelo de certezas e regras, será dinheiro posto fora.
PS – Nesta história, onde se lê João pode-se ler Maria e vice-versa.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

EU VOS AMALDIÇOO!

Meu filho foi assaltado em frente à casa de um primo, as 19:50 de hoje, quinta feira, dia 24 de abril de 2008.
Estava no carro da avó que foi roubado, juntamente com todo o seu material da faculdade.
Meu problema não é com isto.
São com o minuto em que teve duas armas apontadas para sua cabeça, dependendo da vontade, ou do nível de tensão, dos facínoras.
Mas tenho que admitir que bandidos estão certos, eles estão ai para fazerem bandidagem.
O meu problema é com esta corja de políticos, que devem ser incompetentes, ou ..., que não dão um final para este horror que estamos convivendo há anos.
Convivemos com uma inflação desde o governo Juscelino. Um dia se resolveu fazer algo e a inflação voltou a um nível civilizado. Embora de tempos em tempos ela dê uma rugida.
Nova York era uma cidade violenta. Um dia alguém, seu prefeito Giuliano, lançou o Tolerância Zero, e a violência diminuiu drasticamente.
Mussolini, que em si não é um bom exemplo, disse a um General seu.
-Acabe com a Máfia.
-Nem que tenha que ser mais mafioso que os mafiosos.
E a Máfia foi praticamente varrida do mapa, só voltando porque os americanos precisaram dela para derrotar os fascistas e nazistas.
Portanto, certas coisas podem ser alcançadas em prazo relativamente curto, se houver vontade de que estas metas sejam atingidas.
Mas sempre se deixa para depois estas atitudes.
Mas se cuida muito bem de salários de CCs, de assessores, de “serviços complementares”.
Mas, para o nosso problema de Segurança Pública, sempre falta dinheiro, disposição, espírito de sacrifício.
Na delegacia de polícia que fomos atendidos, havia um só funcionário, que por sinal nos atendeu muito bem, para atender os queixosos. Se, naquela hora, dois assaltantes quisessem roubar a delegacia não encontrariam maiores obstáculos. Acho que não fazem isto apenas pelo singelo fato de que não existe nada que valha a pena lá para ser roubado. Alias, quando me assaltaram em 1989, o estado da delegacia era o mesmo de hoje.
Mas, para gabinetes de otoridades, representantes do povo, as restrições econômico-financeiras são bem menores.
Por conta disto só me resta fazer uma coisa em relação a estes que não fazem o que deveriam fazer:
Eu vos desejo que mil escorpiões vos envenenem, que dez mil baratas vos comam os olhos, que cem mil pregos em brasa perfurem as vossas carnes, que um milhão de bernes invadam os vossos pênis, vaginas e ânus.
Que um abutre todos os dias vos arranque a língua.
Que abelhas africanas se abriguem em vossos ouvidos.
Que lacraias invadam todos os vossos orifícios.
Que ofídios vos penetrem na traquéia, nos pulmões, para que o desespero da falta de ar seja constante.
Que águas vivas e marandovás passeiem pelos vossos corpos deixando o seu rastro peçonhento.
Que os vossos filhos não sejam vossos. Que eles se voltem contra vocês com a competência que vos falta.
Que a vossa morte seja longa, sofrida, dolorosa e consciente.
E que isto se perpetue até o dia em venham a fazer o que já deveriam estar fazendo.


Pode não dar certo, mas que serve de desabafo serve.
Ah! E me perdoem eventuais erros de ortografia e sintaxe, corrigilos-ei amanhã.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Perguntas de internautas e minhas respostas no http://www.clicrbs.com

Caríssimos!
Estou entrando em uma nova fase. Vou escrever no http://www.clicrbs.com , sobre dúvidas que os internautas tenham sobre sexualidade. Vai aqui um exemplo. Depois é só ir lá para conferir.



O terapeuta sexual Dr. Carlos Eduardo Carrion responde as questões sobre sexo no relacionamento
Mande suas perguntas para o Dr. Carrion
Sobre sexo na gravidez
Carla, 26 anos, de Porto Alegre (RS) - Tenho 28 anos, estou grávida pela primeira vez e perdi o tesão. Meu marido e eu sempre tivemos uma vida sexual ativa, por isso estou muito chateada. Me sinto gorda - mesmo sendo bem magra - e ainda por cima estou com uma secreção na vagina extremamente desconfortável (dizem que é comum nesta altura da gravidez, aos seis meses). Minha ginecologista disse que posso transar sem problemas, então Dr. Carrion: o que faço para recuperar o fogo?
Faça nada minha filha. Curta sua gravidez. Se o maridão estiver muito excitado, dá uma mãozinha para ele. Quando parar de amamentar logo, logo o tesão volta. Mas se forçar muito, vai criar uma coisa chamada "temor de desempenho", e a coisa passa a se complicar. Seu corpo não parece, ele está diferente. Portanto, os seus padrões de beleza têm de ser adaptados para a nova situação. Depois da gravidez, ele deverá criar para você um novo tipo de beleza, a não ser que se descuide muito, você ficará mais mulher, mais fêmea, mais sexuada, diferente deste estilo magro esquelético malhado, que agrada tanto estilistas, mas que não excita sexualmente tanto os homens como um corpo de formas um pouco mais arredondadas.

Sobre sexo anal
Gisele, 29 anos, de Canoas (RS) - Por que os homens andam tão viciados em sexo anal? Será que eles não se contentam mais com a penetração normal?
Gisele, os homens não estão viciados. Tá bom, talvez um ou outro esteja, mas a grande maioria quer sexo anal porque é bom, dá prazer. O problema é que estes mesmos homens não aprenderam a como tornar o sexo anal agradável para as mulheres. Até porque o que eles aprenderam nos filmes pornôs é como NÃO fazer o sexo anal. Também não deixaram de ter prazer com a penetração normal, vaginal. Apenas descobriram que tendo mais variáveis as coisas ficam melhores.É melhor ter só um par de sapatos bons? Ou ter vários sapatos, tênis, botas, sandálias boas? É bom ter um bom papo, um bom arreto, um bom sexo oral, vaginal, anal. Mas se alguém acha que é bom só um tipo de sexo, é um direito desta pessoa. Mas... quantas formas de prazer ela vai estar perdendo!Por outro lado, não esqueça que se no passado - animal ou quase animal - o sexo era só procriativo, hoje ele é muito mais para dar prazer do que para a procriação. Para uma boa relação anal sugiro que: 1) Vão com calma.2) Acariciem a região do ânus.3) Bem lubrificado, penetre-o com um dedo, depois com dois.4) Introduza o pênis um pouco, retire-o, depois de novo, de novo, sempre penetrando um pouco mais, sempre lubrificando com um lubrificante íntimo, até atingir um ponto em que é sempre incômodo para a mulher. Aí pode ser prazeroso para os dois.

Sobre traição e gravidez
Cristiane, 25 anos, de Porto Alegre (RS) - Dr. Carrion, tô com um problemaço. Traí meu marido com um cara. Transei sem camisinha. E agora estou grávida. Mas não sei de quem. Sei que tem uns exames que posso fazer antes e tudo, mas o que me mata é minha consciência. Estou me sentindo promíscua e suja. Será que eu conto pro meu marido ou espero o bebê nascer e ver que cara tem (os dois são bem diferentes)?
Cristiane, antes de tudo te lembra que és um ser humano. Que seres humanos têm direito a errarem, falharem, se enganarem, e assim por diante. Portanto, pára de ficar culpada e te autopunir. Só os moralistas - e aí vou te lembrar o Millôr Fernandez, que dizia: “Mostrai-me um moralista que eu vos mostrarei um canalha!”Quem disse que um ser humano não pode gostar de dois ou mais seres humanos e fazer sexo com eles? E que uma gravidez poderá advir disto? Não é na novela Duas Caras que uma moça não sabe qual dos dois maridos é o pai? As novelas não criam a Vida, elas copiam a Vida.Para verificar o DNA no nenê agora, teria de se colher material da criança, o que, penso eu, sempre tem um risco. Acho que o ideal é fazer o teste de paternidade logo após o parto. (neste momento penso mais no nenê do que em ti e nos outros). Começaria pelo teu marido. Se confirmar que o filho é dele está resolvido o problema. Para quê - e aqui a opinião é minha, pessoal, emocional, de quem já viu isto muitas vezes - passar o problema para ele? Se o teste mostrar que é do outro, qualquer solução, contar e, provavelmente, te separares, não contar e ter de levar o segredo contigo, contar e receber a compreensão do teu esposo... todas estas opções serão custosas. Deste preço, Cristiane, tu não vais poder fugir. Boa sorte.

Sobre ritmos diferentes
Mande suas perguntas para o Dr. Carrion
Renato, 50 anos, de Florianópolis (SC) - Oi Dr. Carrion. Escrevo porque minha mulher, ela tem 40 anos, anda insaciável e isso está me incomodando. Ela quer transar todas as noites e todos as manhãs. Minha rotina é pesada, saio cedo para o trabalho e volto tarde, sempre cansado. E ela vive afim. Claro que eu acabo comparecendo, mas é meio forçado, sabe? Tem dias que eu nem ejaculo. Será que eu estou ficando impotente?
Ô meu amigo. Tá no paraíso e reclamando? Aproveita. E quando não estiveres muito afim é só dizer: “Hoje não querida, tô mais a fim de ficar de amorozisse.” Ou seja, é só colocares no teu vocabulário a palavra NÃO. Ou vais querer dar uma de machão idealizado que tem de estar sempre pronto? Nem os touros prá reprodução conseguem isto. Além disto, tá na hora do mulherio aprender a ouvir uns nãos, como nós tivemos de aprender com elas. “Ah! Nem chega. Hoje não tô afim”. E lá ficávamos nós com cara de emburrados ou de cachorro pidão!
O médico
Dr. Carlos Eduardo Carrion é psiquiatra. Formado na UFRGS, é especialista em sexualidade humana e co-autor do livro O Sexo como o Sexo. É colaborador para assuntos sexuais da revista Men’s Health e autor do blog
O Hedonista
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terça-feira, 22 de abril de 2008

HECATOMBE, parte II

Já existem trabalhos científicos que mostram que os vegetais têm coisas que podemos qualificar de sentimentos, de medo, por exemplo, só que sua reação, por ser vegetariana, chicoriana, rabanetiana, não é inteligível para nós.
Será que nós, na nossa tendência autocentro-umbelical, que nos fazia acreditar que caucasianos eram superiores aos negróides, não estamos fazendo a mesma coisa com os vegetais? Hein!? Hein!?
Lembremo-nos dos janaistas (O janaismo é uma religião indiana que proíbe que se comam animais E vegetais. O janaista só pode comer o que cai no chão: frutos e grãos - não pode nem ... fanáticos que morriam de inanição ou de diarréia.).
Se a Natureza nos selecionou como Onívoros, algum motivo teria. Milhares de anos de evolução não pesam nada? Um leão come ocasionalmente uma planta e uma vaca um pedaço de carne, sem necessidade aparente? Serão gourmants? Ou existe uma força dentro deles, instintiva, que
lhes diz ser isso necessário?
Um dia vou ter coragem e ir para frente de um destes restaurantes “puros” com um cartaz em
defesa dos brócolis, das vagens, dos grãos indefesos que ali estão para serem massacrados.
E, quando me vierem com a história de tempo de vida, eu questionarei em qualidade de vida, que em geral está ligado a tudo isto que é criticado como perigoso, incorreto, pecaminoso.
O que mais vale? Sessenta, setenta, anos de vida bem vividos e aproveitados, ou chegar aos noventa à custa de um monte de sacrifícios?
Respondam-me por favor?
PS. Não estou, de maneira nenhuma pregando qualquer forma de desbragadamente absoluto, o “Viva rápido, morra rápido.” não é comigo.

HECATOMBE


HECATOMBE - substantivo feminino
na Antigüidade, o sacrifício de cem b
ois



O mega churrasco que os uruguaios fizeram para vencer o recorde mundial de churrascos, que estava em mãos dos mexicanos e que, por uma questão de lógica, coerência e por que não, auto-estima, deverá ser seguido por novos eventos no Brasil e na Argentina. Os americanos até que gostariam de entrar nesta, mas seria tão antipoliticamente correto, que farão olho branco para este tipo de competição.
Neozelandeses e australianos talvez façam algum evento deste tipo, mas será de carne de ovelha, o que já exigirá a criação de uma nova categoria. O que provavelmente levaria a criação do maior churrasco de carne de porco, a maior galinhada e por aí vai.
O problema destes mega-eventos é que eles desencadeiam uma enxurrada
de críticas por conta de vegetarianos, amigos do verde, orto-alimentares e por aí vamos.
Mas eu, sempre atento aos diversos aspectos de uma questão, razão pela qual, o dia em que me candidatar a alguma coisa, terei garantido só o voto da minha mãe, ou da turma do: si hay gobierno soy contra!
Levanto por isto a minha bandeira em defesa das desprotegidas alfaces, espinafres, chicórias, tomates, abóboras, melancias, maçãs, etc. e etc. .
Quantas terão de ser massacradas para substituírem um rico bife? Ou um ovo?
Ou uma paleta de ovelha? Ou quiçás um salmão. Ou uma galinha.
Será que só os antropomórficos, os vertebrados, têm direito à vida?
Quem me diz que uma alface não tem sensações, sentimentos, idéias, alfacianas é lógico? Quem me diz que elas, por serem mais antigas que muita espécie animal, nós inclusos, não desenvolveram uma cultura superior a nossa?

Segue em Hecatombe II

segunda-feira, 21 de abril de 2008

PALAVRAS MAL DITAS VI

Só para terminar esta série, pois como tudo que se torna repetitivo, ou rotineiro, ela também se tornaria enfadonha.

Uma conhecida minha me contava que estava com um namorado novo e que ele volta e meia insistia para terem uma relação anal.
Ela dizia que não queria, porque uma vez tentara e doera. Mas ele dá-le que te dê-le a insistir. Tanto fez que um dia ela topou. Posicionou-se de quatro e ficou esperando. E começou a demorar. Virou-se e deu de cara com ele colocando a camisinha. Lembro-vos queridos confrades, que esta história se passou antes do tempo da AIDS, em que se transava sem camisinha, aliás naquela época trepar de camisinha era totalmente "demodê".
-Prá que isto!
-Ora, prá não sujar o meu pau!
Tomada por uma Santa Ira a minha amiga levantou-se e foi embora.
Continuaram o namoro por mais algum tempo, mas nunca mais se tocou no assunto de entrar na fazenda pela porteira dos fundos.

domingo, 20 de abril de 2008

MARIO MENEZES

Hoje morreu um grande amigo meu. O MARIO MENEZES, uma grande figura humana.
Por ironia, ele que era dono de um coração maravilhoso para os que com ele conviviam, morreu de um problema cardíaco.
No primeiro momento a notícia dá um choque.
Depois a gente quer saber o que houve.
Depois começam as racionalizações para entender o que não é para ser entendível. Se morre porque se morre. Porque é este o destino de todos nós, morrer.
Depois se quer reconstituir os últimos passos do parceiro, quase como se se acreditasse que, existindo uma falha no processo, graças a este equívoco se pudesse impedir que o amigo partisse.
Finalmente eu me dei conta que ele partiu e que só continuará vivo na minha memória, enquanto eu for vivo.
Estava fora, não sabia se poderia voltar a tempo do enterro. Deu tempo. Mas não fui ao enterro. Alguns podem me chamar de covarde. Ou egoísta.
Eu acho que não fui porque quero manter como última lembrança, não ele dentro de um caixão, mas como um cara sorridente, como eu o vi na última vez que nos encontramos no Barranco.
-Tchê!. Dom Mário, qué surpresa agradáble!
-E aí Quadradinho tudo bem?



quinta-feira, 17 de abril de 2008

PALAVRAS MAL DITAS V

Esta me foi contada pela moça.
Foi com o seu segundo namorado.
Estavam naquele arreto, e beija por aqui, e beija por ali, e amassa aqui e amassa lá, quando ela se empolgou e foi descendo coxilha abaixo, peito, barriga, já se aproximava da meta final, quando ouviu do namorado, num tom até assustado:
-Onde é que tu tá indo!?
-Tô indo embora!
Furibunda se vestiu, pegou a suas coisas, se tocou. O namoro terminou por ali mesmo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

NÃO É ERRO, repito o pedido POR INSISTÊNCIA, TIPO, pai eu quero a minha Caloi

EU QUERO INDENIZAÇÃO E UMA BOLSA DITADURA.
CARRION, o traumatizado

Eu também quero a bolsa ditadura.

Um dia eu estava na frente do Julhinho (colégio público modelo da época ) quando um mangalão da polícia pegou-me pelo braço e me arrastou junto com um colega para junto da João Pessoa (Avenida que fica em frente ao dito colégio). Nós, recém vindos do interior, estávamos contemplando o movimento. Como dois colegas de aula, eu cursava o terceiro ano noturno, eram do DOPS, atestaram por nós e nos liberaram.
Mas eu fiquei traumatizado. Sempre que me falam em ditadura eu sinto um frio no estomago.
Meu medo é que uma mulher comente que eu estava com a dita dura. Aí eu posso brochar para sempre. Vivo eternamente com este medo.
Advogados que me lêem, aceito-vos por contrato de risco.


Na foto o colégio Julio de Castilhos e a avenida João Pessoa. A estátua do Bento Gonçalves não viu nada, pois os fatos ocorreram às suas costas.

PALAVRAS MAL DITAS IV

Os dois a transar e ela: -Vem meu amor! Me fode gostoso! Chupa a tua putinha!
E a coisa ia rolando numa boa. Só que para infelicidade dos dois ela diz.
Põe este pintinho em mim! Enfia o gostosinho no meu rabo!
Encerrou-se o espetáculo!
O sujeito era complexado com o tamanho do pênis que julgava pequeno!

É, às vezes a gente tem de ter cuidado com o que diz.

PALAVRAS MAL DITAS III

Os dois a transar e gostavam de palavras de baixo calão (Esta é do tempo em que existiam palavras de baixo calão.) E era minha tetuda, vou chupá estes peitões, adoro este rabo, vou te enfiar este caralho xota e por aí iam. Até que o cara me larga: -Vô come este bucetão!
Fim de festa.
A mulher achava que tinha a vagina larga.

PALAVRAS MAL DITAS II

A transa corria solta, os dois, que eram casados, gostavam de palavrões e lá estava ela a dizer: Seu veado, seu crápula, seu tarado, vem mostrar que tu não é brocha! E aquilo os excitando cada vez mais. Até que ela diz: Seu corno! De imediato o cara para e responde. –Corno não! Corno não! E broxou.

PALAVRAS MAL DITAS I

Às vezes, com a melhor das boas intenções a pessoa pode estragar um bom momento. Um amigo transava com uma mulher e era minha linda pra cá, minha gostosa pra lá, minha princesa, minha isto, minha aquilo, quando bem carinhosamente ele disse vem minha putinha. Teve sorte que o chute que ela lhe enviou não acertou. Mas a transa terminou ali mesmo.

domingo, 13 de abril de 2008

FILOSOFADAS NUM DOMINGO DE CHUVA

Acho que quando o Bush iniciou esta guerra ele se esqueceu de dados fundamentais.
a) Na guerra sempre morre gente. Dos dois lados.
b) Pode-se decidir quando uma guerra vai começar, nunca quando, e como, vai acabar.
c) Em termos de Guerra, o Oriente Médio tem Mestrado, Doutorado, Pós Doc e assim por diante. Nunca se acertaram e duvido que possamos vê-los um dia se acertar.


Quando vejo, no jornal, pessoas falando em Moral, sempre lembro do Millôr dizendo: -Mostrem-me um moralista e vos mostrarei um canalha!
Isto porque é próprio dos Homens falharem, se enganarem, mentirem, pecarem (Se religiosos forem.).
Portanto, estes que discursam, esbravejam, guincham, vociferam, falando dos erros dos outros são, para mim, os verdadeiros sepulcros caiados.

Quando alguém nos fala que nunca se atravessa o mesmo rio (Heráclito de Alexandria), tem-se a tendência a pensar que é por conta da água nunca é a mesma. Acho que nos esquecemos das nossas próprias mudanças. Por isto é que muitas vezes lemos um mesmo livro, vemos um mesmo filme e temos sensações diversas a cada vez.
Alguns se imaginam imutáveis, não aceitam que se tenham modificado. Talvez estes sejam os criadores de um Deus Definitivo.

QUALIDADE DE VIDA

Nas últimas duas semanas três pessoas conhecidas minhas morreram.
Uma de 92 anos, outra de 98 e, finalmente, uma terceira de 102.

Este é um fenômeno recente. Não se costumava durar tanto tempo assim antes.
Daqui a alguns tempos, enterros de pessoas centenárias vão vão ser comuns.
Mas, pergunto-me eu, até que idade valerá a pena viver?
Todas estas três pessoas, que eu saiba, passaram os três, quatro, últimos anos na cama, sem reconhecerem praticamente ninguém.
Nos últimos anos meses estavam quase que uns vegetais sobre o leito.
Antes disto, nos últimos dez, quinze anos, elas ficavam em casa, da cama para a sala, sendo cuidadas por empregadas, ou enfermeiras.
Que eu saiba, pouco, ou nada, faziam que sentissem prazer.
Tenho uma mãe com 88 anos. Ela vai ao cinema, visita amigas e parentes, auxilia meus irmãos em viagens curtas “para os coitados não viajarem sozinhos”, acompanha novelas, noticiários, dá uma lida no jornal, adora comer, principalmente aquilo que dizem que ela não poderia comer; mas, como diz ela: -Se eu não fizer certas coisas, prá que me adianta viver?
Não estou pregando nada. Só estou a me perguntar.
Será que a nossa cultura não está voltada em demasia para o quanto vamos viver e não ao como viver.
Fico pensando em mim.
O dia que eu não puder mais amar, ter tesão, trabalhar, ler, ir a um cinema, consumir algumas bobagens, gozar da companhia de filhos, amigos.
O dia em que não puder me locomover para onde bem entender. Que começar a depender dos outros para atividades simples do dia a dia. Que depender dos filhos, ou sabe lá de quem, para me sustentar.
Será que estará valendo a pena viver? Será que eu vou estar querendo continuar vivo? De que me servirá viver xis anos a mais?
E vocês? O que pensam disto?


CASAMENTOS

Não pretendo que este blog se transforme num manual virtual de auto-ajuda, ou num pastiche de conselhos.
Mas, de quando vez, o escriba se rende as pressões dele mesmo e resolve dar uns palpites.
Antes de tudo quero deixar algo bem definido. Nenhum palpite, conselho, serve para todo mundo. Mais ainda, quando serve para alguém, ainda precisa que sejam dados alguns ajustes.
É comum eu ouvir pessoas dizendo peremptoriamente. “Depois de uns quatro anos termina o Amor.” “A Vida Sexual vira quase que um episódio fisiológico.” Eu quase concordaria com eles não fossem as brilhantes exceções que eu vejo repetirem-se sistematicamente.
De tanto olhar, estudar, bisbilhotar, casais bem, ou mal, sucedidos, deu para eu chegar a algumas conclusões.
Em primeiro lugar. O que salva um Casamento é paradoxalmente o não se casar. Não digo não assinar uns papéis, ou não usar aliança, ou não viver na mesma casa. Digo
não fazer aquela vida rotineira de casal. É preciso que se continue a Namorar. Ir a barzinhos, ao cinema, um motel, um fim de semana num lugar romântico ou bonito. “Ah! Mas isto dá trabalho. Sai caro. Precisamos comprar um carro maior, um apartamento maior, uma televisão maior!” “Então que não se compre! E pague-se o preço!” Se bem que se surgir uma amante, ou um amante, dá-se um jeito de fazer o que não se estava fazendo.
Logo, logo, as rezingas, as barrigas, o vestir-se de maneira negligente, vão jogando pás de cal no amor e no tesão.
Quando se chega ao “paizinho”, “mãezinha”, “nega véia”, a Rotina, como um câncer, já se estabeleceu.
Outra coisa que termina com esta instituição é a Monogamia. O comer, todos os dias, o mesmo prato, torna, o que antes era prazeroso, no drama de Prometeu. Mas eu posso trair a minha mulher, e ela mim, dezenas de vezes; COM ELA MESMA.

Porque eu posso estar hoje com a Bela e Pulcra, amanhã com Messalina, depois com uma Princesa Romântica do século XIX, uma Intelectual, ou quiçás uma Loira Burra e, porque não, uma Putinha?
Um Casamento depende, entre outras coisas, de dois fatores que estão totalmente fora do controle de todos os seres humanos. Do Amor e do Tesão. É possível matá-los, criá-los não. Vamos pois cuidar do que podemos cuidar. O Fazer, o Criar.
Talvez assim permaneçamos casados até o além de nossas vidas, a depender do Imponderável.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

MAIS UMA LEMBRANÇA SEXUAL DO PESSOAL DE SANT'ANNA DO LIVRAMENTO

Pois o meu amigo que prefere ficar anônimo, me contou mais uma do colega, naqueles anos de bar Alaska (Não encontrei nenhuma foto do bar, o me prova, mais uma vez, como somos negligentes com o nosso passado.).
Mas vamos ao que ele me contou:


“A gente ia pra esse tal apto beber vinho barato, cerveja, comer arroz de china pobre. E começamos a notar que num dos quartos havia uma coleção de chicletes colados na parede. A turma ficou intrigada pois a coleção crescia, dia a dia. Um grudado ao lado do outro. Perguntamos pro dono da cama que diabos era aquilo. Resposta: era coisa da namorada. A cada trepada ela tacava um chiclé na parede. Sabe aquela coisa de piloto de avião de caça que pintava na carlinga o número de inimigos abatidos em combate? Pois é....”

Mas a história tem mais um capítulo.
Como eu disse, eu também conhecia a fera, e devo esclarecer, não era de Livramento. Saia com o pessoal de Livramento.
Já estava com a menina há alguns meses, os chicletes se multiplicando, até que lhe deu um dia dele contar quantos havia e deu um número x. Como era um número algo, ficou todo satisfeitão e passou a fazer contagens mais a miude. Passadas umas duas semanas, ele faz outra contagem, que não fecha com o número de transas que ele tinha na cabeça.
-Tá bom, a memória às vezes falha.
Nova contagem dali alguns dias e nova divergência de números. O cara ficou cabreiro. Reparou que as divergências surgiam, ou de quarta para quinta-feira, ou no sábado de manhã, ou de tarde.
Deu uma de Sherlock e descobriu o que não gostaria de descobrir. Havia um outro na jogada.
Resultado, desapareceu a namorada e o placar chicletístico.Diziam as más línguas que a partir de então, bastava ele ver uma caixinha de Adam’s, que já ficava com urticária.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

MAIS UMA HISTORIETA SEXUAL

Que el mundo es ancho y ajeno, todo mundo sabe, mas que a gente se encontra a toda a hora na esquina também.
Outro dia conversava com um amigo de tempos mais recentes e ele, sem saber que eu era de Livramento, médico e que escrevia sobre coisas sexuais, me contou a seguinte história que, mal sabia ele, era sobre uma pessoa que eu conhecia, já que era de Santana, também freqüentava o Alaska, e morava no prédio onde ficava o bar.
Como é um homem de respeito, sério e público, pediu peloamordedeus que eu não citasse o seu nome. Com o que concordei, não gosto de ver pessoas que quero bem em maus lençóis, mas procurei não mudar nada no que me foi relatado.
Mas vamos a história:
Anos 70, esquina da Osvaldo Aranha com a Sarmento Leite. Aqueles bares ali - Estudantil, Alaska -, a gente bebia doses industriais de cerveja, cachaça (e ainda acrescentava doses generosas de THC). Um dos beberrões morava num daqueles edifícios, dividia o apto com um estudante de medicina.
A gente levava umas amigas para tratamento preventivo contra o câncer (diziam que virgindade dava câncer...). Eram dois quartos:num deles a gente fazia o revezamento. O outro era o do tal estudante de medicina. E aí que vem o bom da história. Ele tinha uma namorada que urrava quando trepava. Ele não deixava por menos. Daí, nós, os loucos, sabíamos quando o casal ia para o apto. Dávamos um tempo e subíamos. Pé-ante-pé a gente entrava, sentava na sala em silêncio, garrafa de vinho, cerveja ou cachaça (ou ainda um daqueles cigarros artesanais) passando de mão em mão, ficávamos ouvindo os gemidos. Não era para bater punheta nem nada, era só pelo "ouvir" a trepada. A mina gemia, ele gemia, a mina urrava, ele urrava, a mina gritava "vou gozar!", ele acompanhava "eu também!"
Carrion, a gente era feliz e sabia. A gente era doida e sabia.
Aliás, este colega era partícipe de uma outra história tragicômica.
Um dia transava com uma menina quando esta teve um orgasmo cataclísmico, tsunâmico, apopléctico. Ele, como todo machão, entrou em delírio. Era el gran macho! Mas, como felicidade de pobre dura pouco, deu-se conta que não era um orgasmo. Era uma crise epilética...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

MOMENTO DE NOSTALGIA

Pois com a tal ruptura dos canos com mais de 80 anos, quando dez bairros de Porto Alegre ficaram sem água, tivemos que nos virar para tomar um banho.
Aí me lembrei dos meus tempos da chácara da Tia Zé, em Val de Serra, em Santa Maria, e revivi os banhos de caneca, balde, ou bacia.
Sabem que no fundo eu gostei? Deu uma sensação nostálgica gostosa. Agora estou esperando um apagão, mas tem de ser no inverno, por conta do ar condicionado, para usar velas ao natural.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A EXPERIÊNCIA



Outro dia o meu amigo, advogado e escritor Paulo Waimberg mandou junto a outros comentários o trecho que vocês vão ler abaixo:


“lembre-se de Lampedusa que, aos 80 anos resolveu experimentar como era, afinal de contas, receber um pênis no ânus (linguagem de época...) e, quando a experiência terminou, pôs-se a gritar pelas ruas, como um louco: Joguei 80 anos de vida fora! Joguei 80 anos de vida fora!!!”


É lógico que não estou propondo a experiência de Lampeduza para ninguém, a não ser para os que a queiram. Mas acho que muitos de nós corremos o risco de irmos para o Além, sem termos aproveitado muitos potenciais e sem termos tido uma série de experiências que poderiam nos deixar mais ricos.
* Na foto, Burt Lancaster no filme de Visconti, Il Gattopardo, baseado no romance de Giuseppe Tomaso di Lampedusa

O CASO DA TOALHA

Buenas, o que vou relatar aconteceu já faz uns bons 40 anos. Foi lá pra minha zona. Talvez em Uruguaiana, Bagé, D. Pedrito, quiçás até em Pelotas que, como todos vocês gente de apurada cultura sabem, fazem parte da Grande Santana do Livramento. Algumas como bairros, outras como meros arrabaldes.
O fato é que a moiçola de boa família apareceu prenha. O que deixou a todos estupefactos, é, é estupefactos mesmo, não um simples estupefato, destes vulgarzinhos que a gente usa só prá dizer que sabe umas palavras difíceis.
Aquele anjo de olhos azuis e cabelos encaracolados, prenha, grávida. E mulher barriguda, como dizia o meu bom amigo Paulo Gelon, não podia negar que tivesse trepado, ou levado nas coxas.
O anjo tinha trepado. O que causa sempre um certo regojizo, reboliço, entre o macherio. Pois, se isto ocorre com aquelas de quem não se esperava isto, imagine-se o que as com cara de safada não estão fazendo? -Aí passa a ser só uma questão de tempo prá que uma delas caia na minha mangueira!
Bom, a família, gente rica, mas de poucas luzes, tentou reparar em seguida a situação.
É claro que embuchara do namorado. Um alemãozinho, nem tão zinho assim, filho d’uns gringos plantadores de arroz. O problema é que o rapaz já estava no Rio fazia já uns bons quatro meses.
Mas quanto a isto sempre se dava um jeito. Na fronteira era comum as filhas de boa família terem o primeiro filho com seis ou cinco meses. De sete meses então, nem se fala, e tão taludas eram estas crias que já se abanavam, quando os pediatras, a pedido dos extremosos pais, as colocavam na tenda de oxigênio, por serem muito fraquinhas, prematuras...
Como na época ainda vigorava a regra do “comeu, emprenhou, casou”, o indigitado pai foi falar com pai do suposto genro.
Este recebeu a notícia, ficou naquela de não-sei-se-estou-chateado-pelo-guri-se-comprometer-tão-cedo, ou se ficou satisfeitão por ser pai de um garanhão daqueles que emprenham as potrancas na primeira rodada.
Agüentou no osso do peito e ligou para o filho. Ou seja, fez plantão na Telefônica que, naqueles tempos de “a telefônica é nossa”, fazia com que um interurbano, além de ter de esperar “que a hora dos bancos terminasse”, ainda demorava umas 4 horas para completar a ligação se não houvesse caído um poste lá prá Dilermando do Aguiar.
Prá sua sorte pegou o filho na casa do sogro.
-Fulano, te senta, prá não dá de bunda no chão! A L.... está grávida e estão dizendo que é de ti.
-Só se for de outro, porque naquele prédio eu só entrava pela porta da cuzinha. Nunca entrei pela porta da frente. Não tinha chave.
E por aí se encerrou o diálogo.
Volta o pai para falar com o outro pai.
Este, querendo matar todo mundo, conta prá mulher.
-E vou pra estância porque se eu fico por aqui vou fazê um estrupício.
Como se sabe, homem é muito valente para enfrentar certas situações.
A mãe, se junta a madrinha, a uma irmã mais velha, e a filha mais velha, para discutirem o que iriam fazer.
Resolveram que iriam dizer que “naquela ida prá campanha, no dia aquele do temporal, o rapaz (O dito namorado), chegara todo encharcado em casa e se enxugara numa toalha. Que a gentil donzela, sem se dar conta, havia usado a mesma toalha, logo enseguidinha e, não se sabe como, algo devia ter escapado das partes do rapaz, e ela então engravidara.”
Descoberta esta magnífica fórmula, encarregaram a irmã mais velha de dar a notícia à futura mamãe, que estava acompanhada pela irmã do meio. Esta já fora informada pela gestante de como as coisas de fato ocorreram e com quem. Como já estudara algumas leis genéticas, ao ouvir a história que seria divulgada, riu.
-Vão explicar que a filha, filho, de um cara que tem olho verde, cabelo liso e loiro, com uma mulher que tem olho azul, cabelo liso e aloirado, vai sair com olho castanho, cabelo preto e crespo? Vão inventar outra história!
Como imaginação nunca faltou às mulheres dos pampas, mudou-se a história para torna-la mais verossímil.
Fora na piscina. O filho do zelador, que era bem afro-descendente, de sacanagem ejaculara numa toalha e a gentil donzela, distraidamente, passara-a na genitália ao secar-se.
O resto vocês podem imaginar.
O problema era a maledicência das pessoas, sempre em busca de um pecado, de uma sacanagem, apenas para denegrir a imagem dos puros.
Discutia-se se a criança teria o apelido de Artex, ou o sobrenome patronímico de Buddemeyer, que, cá prá nós, seria bem mais chic. Se bem que os mais bagaceiros já falavam no “Toalhinha”!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

SOBRE GARANHÕES, OVELHAS E CABRAS

Pués um destes tipos faceros da capital casou com uma moça prendada de boa família lá das Santanas do Livramento.
Tipo muy finório, cheio de bossa, dos que tomam cachaça e arrotam Buchanna’s, não tardou em se envolver com uma mulherzinha aqui, outra ali.
A principio no meio dos matos, depois nas macegas, facilitava um pouco e já estaria fazendo das suas no meio do pastiçal.
Alguns conhecidos, outros nem tanto, chegaram a lhe avisar.
–Te cuida lôco, que tu tá deixando muita porteira aberta.
Mas o vivente nem bola dava. Mais empinado que cavalo de estátua, respondia:
-Não tem perigo. Se ela ver, vai fazer de conta que não viu.
-Olha que ela também te põe um par de guampas!
-OVELHA NÃO É PRÁ MATO!
Frase lapidar que o liquidou de um pialo só, conforme vocês vão saber.
Pois mal sabia ele que ela não era do tipo ovelha. Era cabrita. E quem conhece as manhas destes animalitos sabe muy bien que cabra come no pasto, no mato, nos montes. É um bicho terríble estas tais de cabras. Se deixá elas com fome comem o que têm pela frente.
E a conterrânea tava sabendo. Nas primeras até que olhou pro lado, pois não tava a fim de se incomodá. Mas quando a côsa passô dos limites, não teve dúvida. Era tiro aqui, punhalada ali.
Pra deleite da indiada que dava um jeito de ficá de prontidão pra vê se pegava uma berba. Alguns mais língua solta até contam que sobrou pra eles.
Mas o prazer maior da chiruzada era ouvi-lo dizer.
-NÃO TÉM PROBLEMA. OVELHA NÃO É PRA MATO!
A galera delirava, tremulava de emoção, de deleite estrebuchava, entrava em orgasmo, vibrava. Pois não tem côsa melhor pra home do que ver fanfarrões, metidos a garanhão, gabolas, faroleiros, sendo chifrados.

Os Freuds da vida que expliquem. Mas que é assim, assim é!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

PRIMUS IN ORBE DEAS FECIT TIMOR *

CIÊNCIA OU FÉ?
Nesta excursão que fiz pelo sul do estado estive na Praia do Laranjal em Pelotas. Ao sair da cidade para pegar a estrada para Porto Alegre me perdi e acabei passando por dois bairros pobres da periferia.
No espaço de poucas quadras passei por um monte igrejas e templos. Adventistas, Presbiterianas, Universal do Reino de Deus, do Evangelho Quadrangular, Batistas e outras cujo nome não lembro. Fiquei pensando naquilo. Cada uma daquelas igrejas existe porque existem pessoas, várias, que as freqüentam. As pessoas daquelas vilas são pobres, provavelmente sem maiores perspectivas na vida, despreparadas para lidar com este mundo em alucinante mudança.

Por isto, estas pessoas, penso eu, precisam de algo em que se agarrar nos momentos de sofrimento, em algo que lhes ilumine o futuro e o desconhecido, mesmo que o vislumbrado seja uma Quimera que, como todas as quimeras, é apenas ilusória.
Já li diversos artigos que falam da desilusão das pessoas com a Ciência que, por esta não lhes ter melhorado a qualidade de vida, acabaram voltando para a Fé.
Tenho uma opinião diferente.
As pessoas voltaram para a Fé porque a Ciência dá muito trabalho, exige estudo, lidar com elementos complexos, tem sempre inúmeras variáveis a serem levadas em conta e, ainda por cima, não consegue dar respostas a tudo.
A Fé só exige uma coisa. Que se a tenha. Que nos entreguemos a ela. Que aceitemos os seus dogmas que, estes sim, podem dar respostas a tudo.
Vou voltar a este assunto, mas com argumentos de outros.
*OS PRIMEIROS TERRORES CRIARAM OS DEUSES (tradução livre minha)