quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

FANTASIAS SEXUAIS - O Bordel

Uma das fantasias sexuais recorrentes da minha adolescência, e dos meus contemporâneos, era a da ida ao bordel, ao cabaret, ao puteiro, ao randevou, ao lupanar, e outros substantivos masculinos desta nossa língua.
Na nossa imaginação eles eram lugares mágicos, onde coisas, para nós, maravilhosas, aconteceriam. Cheios de mistérios, de proibições deliciosas, de pecados, que nos levariam aos céus e aos infernos, mas fodam-se os Infernos por uma causa tão justa e nobre.
(Di Cavalcanti - O bordel - http://www.bolsadearte.com/ )
A lubricidade nos inebriaria, tomaria conta de todos nós, mas não esta lubricidade comercial e em série que vemos na Internet com a maior facilidade. Não, a nossa lubricidade era sombria, enigmática, só permitida aos iniciados. Não tinha importância que ela fosse despertada e se baseasse numa casinha de madeira, pequena e corriqueira. Aquela lâmpada vermelha à porta a transformava, metamorfoseava, transfigurava. Era ali que nós encontraríamos o Éden.
Depois que começamos a ir, uma parte do encanto se perdeu. Mas também algo ficou. Um bico de luz vermelha à frente de uma porta sempre soube agitar, animar, a nossa imaginação
Não é à-toa que, ao perguntar eu, para um amigo que adorava ir num cabaré.
- Tchê, que tal é este tal de ....?
- Legal, Quadrado; mas tem muito mármore, muita cortina, muito efeito luminoso, muito tudo certinho.
- Pra mim, cabaré tem de ter lâmpada vermelha, algo de sordidez... Um antro de devassidão, luxúria...
– Não um ambiente asséptico, que mais parece um super mercado de carnes. – O cabaré tem de ter drama, dramalhões, uma luxúria primitiva, até um pouco de ar de tragédia...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

QUALIDADE DE VIDA

Não sei se este trecho é de Fatima Rocha, mas veio num email dela. Não sou de copiar artigos para colocar no meu blog, mas, como este representa muito do que eu penso, eu até posso pensar que ele me foi roubado por telepatia :-))
É complementado pela idéia de um amigo meu, o excelente cirurgião plástico RENATO VIERA, que um dia no Barranco me comentou. "Não sei o que estes caras querem com viver tanto tempo, se eles nunca aproveitaram a vida e não vai ser agora, em que mal podem se mexer vão conseguir." As palavras não são exatamente estas, mas a idéia é a que a minha memória guardou.
A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Melhor enfiar o pé na jaca: cerveja em uma mão, tira gosto na outra, muito sexo e um corpo completamente gasto, totalmente usado, gritando: VALEU!!! QUE VIAGEM!!!


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

DO CADERNO DAS MEMÓRIAS


O ano era o de 1964, um mês e meio antes da Redentora, que não pensávamos como uma realidade possível.
O jovem que pensava ainda ser possível um mundo ideal era eu. Me acompanhavam minha mãe e uma tia, não sei se compartilhavam minhas fantasias. A de minha mãe era de que havia parido um gênio. MÃE É MÃE.
Levava uma lagosta na mão. Comprada na praia de Boa Viagem (Há uns 600 metros a esquerda, pela beira mar, de onde ficava o Hotel Boa Viagem - ainda existe? - e uma pracinha), diretamente dos pescadores, que se utilizavam de jangadas.
Não há dúvidas que eram tempos mais simplórios e ingênuos.
As vezes penso se aquele guri desapareceu, ou está escondido, vivo e ativo, só se fazendo de morto pra ganhar sapato novo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

FANTASIAS SEXUAIS

Uma gentil donzela sonhava um dia fazer amor com o seu príncipe encantado, apresentando-se a ele nua, tendo como adereço um enorme laço de fita e um balão vermelhão (daqueles com gás - sabe-se lá o que isto significava).
E foram inúmeras as noites de amor, horas de prazer, de enlevo erótico.
Um dia, armada de coragem, realizou-a. E pela primeira vez na vida teve um orgasmo.
Mas o marido achou frescura, que aquilo não era coisa pra mulher dele e não aceitou mais repetir.
Pergunto-me? Aceitará ela, ad eternum, esta proscrição do seu desejo, para manter-se junto àquele a quem se prometeu na alegria e no sofrimento até que a morte os separasse, quem sabe até além dela?
Ou irá ela cair na gandaia e aproveitar esta vida, que é a única garantida e é limitada no tempo.
Não tenho eu, senhores e senhoras, razão para estar aflito frente a tão magnífica dúvida?

MON CAHIER DU CINÉMA, ou pretensão pouca é bobagem

Vi SOMBRAS DE GOYA. Contrariando alguns críticos, gostei do filme.
Ele mostra a opressão de uma teocracia, disfarçada de piedade e beleza, que Goya, principalmente através de suas gravuras, desmascara.
Não é um filme sobre Goya, é um filme sobre um tempo, em que cada um, Igreja, nobreza, revolucionários, se sente dono da Verdade, podendo oprimir os outros, principalmente aqueles que se pode denominar povo, por ser o dono da verdade.
E o povo? O povo dança conforme a música, porque, além da repressão, força, acredita que aqueles que estão mandando estão certos.
Não obedecem os franceses não porque estes estejam errados, mas porque são franceses, e franceses não devem estar na Espanha.

Mais sobre o FEBEAPA

Minha amiga, Urubu Maroto, tem no seu blog http://urubumaroto.blogspot.com/2008/01/cem-anos-de-perdo.html

algumas historietas interessantes a respeito do mesmo tema. Ou seja, a coisa é muito mais comum do que se pensa.

Aliás, teve um episódio interessante que ocorreu em Livramento no início dos anos 60.

Apareceu por lá um sujeito que se apresentava como corretor de imóveis, que tinha a exclusividade para vender uns terrenos de um novo loteamento, pois fora autorizada uma avenida mais próxima do mar, em Torres, praia do norte do estado do Rio Grande do Sul, na época a praia mais chic, a praia dos que tinham bufunfa nos bolsos.

Para isto vinha cheio de mapas, plantas, autorizações etc. e tal.

Ora, em cidade do interior, que cada um se julgava o mais esperto, e queria aparecer mais, não faltaram compradores. E mais, os caras queriam os terrenos "em cima do mar". Ele vendeu vários.

Quando foram conferir os terrenos ERAM EM CIMA DO MAR. Ninguém pode dizer que este corretor não era honesto.
Os terrenos ficavam nesta praia, em cima do mar.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

SENSUALIDADE

Definições do Houaiss
1 qualidade ou caráter de sensual
2 inclinação pelos prazeres dos sentidos; voluptuosidade
3 propensão exagerada para os prazeres do sexo; lubricidade, volúpia, lascívia, luxúria, sensualismo


Fico pensando nestas horas se aquele slogan da LIFE – “Uma imagem vale por mil palavras”, não é absolutamente verdadeiro.Olhem para esta mulher do Di Cavalcanti e digam-me se ela não define, a perfeição, o que é sensualidade?
Imagem de quadro do Di Cavalcanti, via Bolsa de Arte, pelo Renato Rosa.

MON CAHIER DU CINÉMA, ou pretensão pouca é bobagem

SANGUE NEGRO – Um bom filme, nada mais que um bom entretenimento por 2 hs e 40 minutos. A destacar a excelente participação de Daniel Day-Lewis.

ELIZABETH – A ERA DE OURO – Também um bom filme. A destacar o aprisionamento dos poderosos pelas regras da época, no qual tudo tinha que sair por linhas tortas, se se quisesse que algo saísse e, principalmente, pela beleza estética das tomadas de cena, na qual ambientes sóbrios, grandiosos, espartanos contrastam com as cores, formas e texturas do vestuário. Para os amantes da estética, imperdível.
Maria Stuart, com roupas funéreas o tempo todo, passando para um vestido escarlate na hora da decapitação, com isto simbolizando, pelo menos a mim, que acabava encarando a morte como uma forma de libertação, me parece um daqueles momentos sublimes da sutileza. O fato de também não distorcer demais os fatos históricos (Coisa que Hollywood usa e abusa, ou seja, a realidade não tem graça, segundo eles.) torna o filme ainda mais interessante.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

FANTASIAS SEXUAIS IV

Tinha uma conhecida minha cuja fantasia era fazer uma ménage a trois com o marido e outra mulher. Chegou a falar para o marido, que não se importou, mas que ficou naquela de não vou fazer força nenhuma para acontecer.
Fantasiava que, ora era ela que estava com a mulher e depois chegava o marido. Que chegava em casa e estava o marido com outra. Que numa festa, numa praia, numa viajem, num cruzeiro de navio, pintava um clima, uma ocasião.
A excitava as imagens que ela criava, dela com a outra, dela com o marido e a outra assistindo, dela sendo tocada pelos dois e por aí afora.
Me contou que finalmente um dia fez ménage acontecer.
Num happy hour conversava com uma amiga, as duas com algumas champanhotas na cuca quando aquela lhe confidenciou que tinha vontade de fazer algo pelo estilo. Mas tudo na base da teoria.
Nada disse, mas guardou no caderninho dos lembretes mentais.
Um dia estava com a, agora, amiga em casa, quando uma centelha mental se acendeu. É hoje!

Sob o pretexto de tomarem alguma coisa, buscou uma tequilla (qualquer dia destes vou escrever sobre o fenômeno tequilla x sexualidade) e preparou-a no esmero. E tomaram uma, e tomaram duas, e três; quando o marido chegou em casa as duas já estavam de pilequinho.
Aí, naquele ambiente de euforia alcoólica, começaram a falar em experiências sexuais, em vontades, fantasias, dali a pouco foi um toque semquererquerendo. Resultado acabaram os três na cama.

Segundo ela foi bom. O marido e a amiga disseram também que fora bom, mas puseram a culpa na tequilla. Por ela repetiria a experiência, mas não sentiu clima, por parte do marido.
Se se sentiu homossexual, ou fazendo algo homossexual? Não! Sentiu apenas que estava fazendo uma sacanagem, no bom sentido da palavra.

FEBEAPA (Festival de Besteiras que Assola o País)

Sob esta sigla, o Stanislaw Ponte Preta lançou um ou dois livros, no final da década de 60 para, de forma gozativa, contar coisas bizarras que estavam ocorrendo no Brasil naqueles anos de exceção.
Como, por exemplo, o caso do Coronel que não só proibiu todas as peças de Sófocles, como, ainda por cima, expediu ordem de prisão contra ele.
Ou um delegado de polícia que assinava qualquer papel que passasse na sua frente. Com isto tínhamos um atestado de bons antecedentes do Al Capone, um atestado de residência de Adolf Hitler naquele ânus de mundo que ele estava trabalhando. Seus temas eram mais políticos.
Hoje, sábado, na página 3 da Zero Hora, li uma notinha que me lembrou muito o FEBEAPA.
Uma senhora compra um CD pirata para o Play Station 2 do filho (portanto não se trata de uma pobre coitada, do ponto de vista econômico). Só que neste CD existem cenas pornográficas. Ela vai a polícia e denuncia o fato. E a polícia diz que vai investigar e manda o CD para perícia. E o fato dela ser ré confessa no crime de apropriação indébita do direito autoral passa em brancas nuvens.
Outra reclama a UOL que ela tinha um Windows pirateado, que ao baixar uma atualização, esta bloqueou o seu Windows. Ela estava uma fera “e iria tomar providências contra a Microsoft e a Uol”, pelo menos é o que consta na gravação que me mandaram.
Um cidadão em Recife jogou no bicho, ganhou, mas não levou. Deu parte na polícia...
Daqui a alguns dias vou ver um cidadão indignado por que comprou cocaína e esta estava batizada. Baterá às portas da Justiça pedindo, talvez, reparação por dano moral.
Como diz a música. Que país é este?...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Poesia?

Revisando os escaninhos do meu computador, encontrei, de épocas pretéritas (por isto o linguajar arcaico), esta, não sei definir, poesia, poema, devaneio, sei lá o que, da minha lavra, para alguém que me tinha enlouquecido.

Deitado estou
Fantasio
O escuro é um palco infinito onde as minhas fantasias dançam
Fantasio contigo.
Te beijo
Leve, como quem acaricia uma pétala.
Te aperto em meus braços
Bruto, como quem toma algo valioso à força
Acaricio teus seios
Como faria com uma fruta delicada e exótica.
Toco em teu cú
Um leve farfalhar dos dedos numa jóia rara.
Beijo o cuzinho querido
Como uma serpente à procura de um covil
Perpasso os dedos na tua vagina
Flor cujas pétalas ainda carregam as gotas do orvalho
Te penetro
Com o orgulho de um condottiere
Gozo
O mais feliz dos mortais
Repouso
Como um Deus que criou a Vida.
O quadro é do Di Cavalcanti, numa homenagem ao meu amigo Renato Rosa, um excelente marchand, além de ser um sujeito excepcional, cujo trabalho pode ser conferido no http://www.bolsadearte.com/ .
Tem gente que fazem coisas que eu não entendo.
Porque elas estão fazendo o que estão fazendo?
Estava chovendo, ventava e estava frio.
Será que era prazer? Será que era a busca do prazer? Um desafio, talvez? Teimosia? Fui a praia tenho de ir a praia! A mente humana muitas vezes me é difícil de entender.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

FANTASIAS SEXUAIS III

Sua fantasia era fazer um strip em cima de um queijinho com uma daquelas barras, e ver o namorado e um monte de homens babando por ela. Tem-se que dizer que ela é muito bonita.
Pois não é que ela realizou. Foi a Tailândia, com um namorido do momento, e numa noite passaram por uma boate com strippers. Entraram, tomou umas tequillas, se animou, o namorido sabia da fantasia, conversaram com o dono do estabelecimento que adorou a idéia e ela realizou a sua fantasia.
Sucesso absoluto.
O problema foi convencer o dono do bar, e mais uns dois, ou três cavalheiros, que ela não queria virar uma profissional e nem fazer programas. No final todo mundo (ela já vestida) tomou uma champagne por conta da casa e ela voltou para o hotel sentindo-se realizada.

RESPONSABILIDADE PESSOAL E DESTINO

Tem alguns que falam em Horóscopo. Outros em Maktub. Ou que temos o nosso Destino em nossas mãos. Ou de Deus. Ou Sorte/Azar. Ou...
No filme Onde Os Fracos Não Têm Vez, péssima tradução para o título original No Country for Old Men, existe dois diálogos que sintetizam a perfeição o que eu penso a respeito de responsabilidade pessoal e destino.
Nos diálogos do Grande Bandido com o velhinho, dono de um posto de gasolina, e com a esposa do sujeito que pegou a grana, se vê que os dois são responsáveis pelos seus destinos, já que podem escolher a resposta, mas, ao mesmo tempo, não sabem a que a sua resposta levará.
Ou seja, podem escolher, mas não sabem o resultado da escolha.
Vale a pena conferir.

FANTASIAS SEXUAIS II

Estas duas são do tempo do Ariri Pistola.
Época? Ao redor de 63/65. Tínhamos entre 14 e 16 anos.

Saíramos do Cine Gran Rex, onde tínhamos assistido um daqueles filmes de classe C de Hollywood.
Era a história de um sujeito que organizava um batalhão de mulheres para liberar um país dos invasores que haviam, entre outras atrocidades, matado todos os homens que nele viviam.
Me diz o meu amigo. –Sabe Quadrado, o meu sonho é ser que nem este cara. -Só que antes de tudo eu punha todas as mulheres em linha e tirava o cabaço de todas elas.

A outra fantasia era de um outro conhecido meu que foi o único zoófilo real que eu conheci. Estava apaixonado por uma éguinha de um tio dele, que era fazendeiro. “Coisa mais querida, com aquela mancha preta bem no meio da testa. ”A fantasia dele era comprar um apartamento com um quarto enorme que ele forraria de pelegos brancos, e no chão pelegos negros. “Já imaginou, ela ali deitadinha, bem branquinha em cima dos pelegos pretos?”

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

FANTASIAS SEXUAIS

Inauguro hoje uma nova série.
Não tem data para sair, nem prazo para concluir.
É constituída de fantasias sexuais que eu fui recolhendo ao longo da minha vida. Bota no mínimo 50 anos de colheita.
A maior parte delas são masculinas, por conta de em sendo eu homem, homens acabavam tendo mais facilidade em me contar os seus devaneios sexuais do que as mulheres.
Procurei não selecionar, nem catalogar, nem colocar em qualquer tipo de ordem. Será na base do “senta na frente do computador e o que a memória mandar escreve”.
Não pretendo ser um cientista, um moralista, um explicador. Apenas alguém disposto a relator o que me foi contado.
Quem me acompanha, quer por e-mail, quer pelo blog, talvez tenha uma sensação de déjà vu; mas que se há de fazer, quem ouviu, pensou, lembrou, escreveu sempre foi a mesma pessoa. Eu.

Uma das primeiras que eu lembro era de um colega no Colégio Estadual em Livramento. Circa 63/64(opa, opa). Sua fantasia era casar com uma mulher bem feia, bem escroncha, que ninguém quisesse transar. Aí ele ficaria tranquilito no más, transando com a mulher de todo o mundo sem medo de que alguém fizesse o mesmo com ele.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

METAMORFOSE

Uma das coisas que fascina são as metamorfoses da natureza. Uma praia com sol, uma praia com chuva, embora seja a mesma praia é totalmente diferente. Acho que com a alma se passa a mesma coisa nesta coisa de amor. Uma mulher é uma coisa quando a gente ama e é algo totalmente diferente quando não.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

MON CAHIER DU CINÉMA, ou pretensão pouca é bobagem

O GANGSTER – É um bom filme. Nada mais que um bom filme. Um filme para gastar duas horas da vida sem arrependimentos.
A temática é baseada no tráfico e consumo de drogas nos EUA.
No final a Lei, a Moral, vencem.
Mas a pergunta que não quer calar dentro de mim é a seguinte:
É um negócio de bilhões de dólares. Nele ganham:
a) Os produtores da matéria prima.
b) Os que fazem o refino desta matéria prima, ou algo que o equivalha.
c) Os que transportam esta droga para os grandes distribuidores.
d) Os grandes distribuidores.
e) Os que distribuem dos grandes para os pequenos distribuidores.
f) Os vendedores do varejo.
g) Também podem ganhar os corruptos do esquema repressivo.
h) Os que ganham (honestamente) com o esquema repressivo.
i) Os que ganham com a doença (também honestamente).
Quem perde sempre.
a) A Sociedade.
b) O Usuário.
Aí entra o paradoxo.
A Sociedade topa pagar, resmunga mas topa, mas não quer saber de envolver no processo e não quer que os seus paguem um preço por se haverem envolvido com a droga.
O Usuário é tratado e se comporta como umpobrecoitadovítimadocrueldestino. A rigor, com exceção do dano que cria a si própria ele é sempre absolvido como vítima.
Ora, se estes elos não tiverem uma motivação muito forte para romperem com o resto da cadeia, ela permanecerá intacta. Pois não vai ser quem tem lucro que vai desistir. Se se aumentam os riscos aumenta-se a margem de lucro. Resolvido este problema.
Se o preço para o Usuário, e para a Sociedade, não aumentar, duvido muito que se obtenha qualquer resultado. Esperar que bom senso, ou a educação, venham a mudar isto é acreditar em conto da carochinha, pois nunca se viu isto na História da Humanidade.

IVETE SANGALO & Planeta Atlântida




Ontem dei uma olhada no Planeta Atlântida e fiquei pensando em algumas coisas.
a) Graças aos meus amigos Renato e Eugênio acompanhei a trajetória do Planeta desde sua primeira edição. Ele não parou de crescer, de se tornar mais sofisticado. O que prova que, quando se colocam pessoas competentes na frente de um empreendimento, ele vai em frente, e bem.
b) Numa das cenas, vista do fundo do palco, no show da Ivete Sangalo, ela pede ao público que levante os braços e os balance ao sabor do ritmo. Simplesmente fabuloso. A impressão que se tem é a de se estar no fundo do mar, no meio de um cardume imenso, que se mexe de um lado para outro.
c) O pique, a energia, da Ivete. Deus do céu, a mulher é uma mistura de liquidificador/batedeira elétrica com corredora de maratona! Fico pensando que, se ela gosta da coisa, arrasa qualquer homem que passe na sua frente. Não tem Viagra, Cialis, Testosterona que possa ajudar o vivente. Quinze minutos de jogo e ele já está jogando a toalha, ou pedindo substituição. A não ser os mentirosos de plantão que sempre os há.

CAHIER DU CINÉMA, ou pretensão pouca é bobagem

TROPA DE ELITE – Não me surpreende haver ganhado o Urso de Ouro de Berlim. O filme é simplesmente fantástico.
Vai relatando uma realidade sem compromissos com alguma moral hipócrita.
Seus personagens são em carne e osso. Todos têm as suas razões. E, principalmente, hay sangre, y sangre caliente.


ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ – Dos irmãos Cohen. Não ganharia o Urso pela simples razão de ser americano. O Oscar, nem pensar, a não ser um daqueles prêmios menores, tipo, Melhor Caracterização de Figurantes. Relata menos a realidade, é mais thriller, mas não se preocupa também com moralidades ou finais coerentes. Tiene sangre, but cool blod.
PS. Um elemento importante que, para variar, a péssima tradução dos títulos, aqui no Brasil, induz, é que o filme também trata da perda de função das pessoas, principalmente as mais velhas, nesta sociedade competitiva.


DESEJO E REPARAÇÃO – Um drama, mas com elementos de um thriller emocional. O jogo de emoções é fantástico, a meu ver. O fato de mostrar a história do ponto de vista de cada personagem é feito com tanta sutileza que não se têm aquela percepção de se estar recebendo uma aulinha. Novamente, o compromisso em relatar uma realidade sem idealismos, sem moralismos, sem pieguismo faz com que eu possa dizer. “Tchê lôco; me abri pra esta pelícola!”

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capítulo VI

Aumentava a hilaridade do momento o comportamento do público. Homens babando. Homens fazendo de conta que viam aquilo todos os dias. Homens “sérios”, que faziam um ar de “que barbaridade”, mas não desgrudavam os olhos e não cediam lugar. Mulheres que aplaudiam. Mulheres se mostravam indignadas, algumas com a meninas, outras com o comportamento do seu homem e, por fim, algumas não escondiam a sua admiração pela audácia de outras mulheres, que estariam fazendo, penso eu, o que elas desejaram um dia fazer e não tiveram coragem.
O barco se afastou numa cena digna de um Fellini.
Ao final da tarde a van buscou as garotas e os rapazes se prepararam para ir embora.
D’Artagnan foi embora embrulhado em seu sofrimento. Ficaria assim por mais 6 a 7 meses, até que um psiquiatra, já havia percorrido vários psiquiatras e psicólogos, fez-lhe uma terapia do joelhaço.

A troco de que ele tinha que estar sempre numa má suruba com a mulher e o outro. Má suruba porque os dois ficavam fazendo o bem bom e ele era que tinha de ficar tomando no rabo.
–Tu não te dá conta bobo, que cada minuto, cada segundo, que tu ficas pensando na tua ex, tu não estás gastando em pensar ou fazer algo por ti!?
-Se é para sofrer vai numa loja de artigos gauchescos, compra um rebenque e fica, que nem estes fanáticos religiosos, a te dar rebencaços pelo corpo todo a toda hora!
Acho que uma intervenção destas não está nos compêndios de psicoterapia; mas que funcionou, funcionou.
Athos continuou a sua vida, assim como Portos.
Aramis mudou um pouco. Passou a criar mais situações para poder usar melhor a sua inventividade.
O Cisne Branco durante um tempo teve a sua lotação esgotada, depois, lentamente, as coisas voltaram ao normal.
O passeio pelo Delta do Jacuí nunca mais foi o mesmo. Sempre havia a esperança, secretamente cultivada, de que numa destas curvas da vida um bando de amazonas viesse trazer o inédito, o surpreendente.
Para os que assistiram de cima do navio ao espetáculo, ficou a expectativa de que uma outra vida era possível.
Aliás, esta é para os queixosos, lamurientos. Uma outra vida sempre é possível, pelo menos até o Alzheimer, a arteriosclerose, ou as demências senis chegarem.





FIM

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capítulo V

Portos se divertia fazendo tudo aquilo que uma mente bandalha e lúbrica é capaz de criar, contando para isto com o auxílio da maîtresse experiente.
D’Artagnan transou uma vez, aliás parece que fez o dever de casa pela metade, com a letra feia e de uma maneira meio ininteligível para quem viu.
Algum tempo depois, não fosse o ar de cansaço satisfeito que pairava no ar, a pouca, ou nenhuma, roupa dos participantes, e se pensaria em um almoço de fim de semana.
Neste momento Aramis viu pelas janelas, que já não mais estavam com as cortinas fechadas, o
Cisne Branco se aproximando (Para quem não sabe o Cisne Branco é um barco de turismo que faz passeios pelo delta do Jacuí, que se diga de passagem é muito bonito, se bem que pouco explorado.). Teve então uma explosão de criatividade. Um daqueles momentos em que se pode dizer que alguém foi atingido pela marca da genialidade.
Mandou as gurias, irem para a sacada, semidespidas, ou despidas mesmo, pôs o som a mil, e que
elas dançassem de costas para o rio. A plebe ignara que estava no barco começou toda ela a se atropelar sobre a amurada de estibordo do navio. As meninas, longe de se inibirem, dançaram mais devassamente. Quando faltavam uns 100 metros para o navio passar bem em frente à sacada Aramis baixou o som e mandou as sapecas entrarem e fechou as janelas. Foi o anticlímax. O povo começou a se dispersar. Mal o navio passou pela frente e Aramis, como um mestre sala da cupidez, soltou o som e fez as artistas retornarem ao palco. Desnecessário dizer que no navio um caos se formou, com todo mundo se atropelando para encontrar o melhor ângulo. Dizem que o navio adernou de maneira significativa.

Segue num próximo capítulo.

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capítulo IV

Quase ao soar do horário aprazado uma buzinada mostrou que, para sacanagem, no Brasil o horário é respeitado. As meninas haviam chegado.
Deu uma desculpa qualquer e, como um mestre de cerimônias, foi buscar as meninas e orientá-las quanto ao script.
Feito isto, colocou um som bate estaca, fechou as cortinas que davam para o rio, e fez as gatas adentrarem no recinto. Quatro faziam o tipo ninfeta inocente deslumbrante. A quinta era um pouco mais velha, e não tinha a beleza das anteriores. Mas, como fora explicado pela alcoveta, o que ela não tinha de juventude e beleza compensava no que fazia e na capacidade de organizar a orgia, ajudando as gurias a soltarem a franga.
Falar em impacto é dizer pouco. Um frisson se fez entre a homarada.

Portos explicou a razão de tão meritória atitude e já partiu pro bem bom. No que foi seguido por Athos, que não se fez de rogado.
D’Artagnan se dirigiu à orgia como quem vai ao dentista tratar um canal. Comportava-se como quem tem um dever penoso a cumprir. Prova para uma redenção.
Aramis ficou na roda. Passava a mão numa, noutra, dava palpites, mas não entrava para valer na farra. Aliás, uma vez ele me confessou, naquele tom de voz que os homens usam quando vão falar em sacanagem como se fosse a coisa mais séria do mundo.
-Adoro uma suruba, mas não prá trepá, gosto é da gritaria.
Athos parecia um touro de cobertura.



Segue num próximo capitulo.
PS. O Livro o Manual do Hedonista acabou se revelando um livro de auto-ajuda. No início até parecia muito interessante, mas depois caiu na mesmice dos de auto ajuda. Para quem gosta, tudo bem. Ou para quem não tem nada o que ler.

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capitulo III

Nestas horas, somente os dotados do poder do livre pensamento, dos que jogaram fora os grilhões das falsas morais, se é que existem morais verdadeiras, são capazes de criar o novo, o surpreendente. Portos tinha esta capacidade. Sem avisar ninguém decidiu que o negócio era pôr mulher no meio.
“Nada como uma mulher para fazer esquecer outra mulher.”
Do fundo da mais abissal das filosofias ele buscou a idéia.
Daí, do lampejo para a prática foi um pulo. Se dúvida houve, foi para onde ligar. La Seducion, BR-TOP, Golden Amanda? Gruta Azul e a Carmem nem cogitou. Cobravam muito pela intermediação. Tiro dado bugio deitado. Em segundos estava de papo com a Madama, explicando o causo e as necessidades. Como não era hôme de se mixar por pouca bosta, de ficar mesquinhando por detalhezinhos, mandou vir 5 meninas. Por via das dúvidas.
A cafetina explicou que, por conta da hora, dos telefonemas que teria de dar, para ver quem estaria disponível, e toparia a parada, da distância até a ilha, de ter de arranjar uma van (Estava quase dizendo uma Kombi, mas aí estaria entregando a minha idade.) as meninas demorariam umas 2 horas para chegarem.
-Tudo bem, se tem todo o dia.
Volta para a roda, não conta nada, só dá um jeito de atrasar a comida e fica dando queijinhos e salaminhos. Total não queria ver nenhum atleta fora de forma por estar empanturrado.

Segue num próximo capitulo.

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - capítulo II

À sua maneira cada um deles sofria pelo amigo. E procuravam mitigar a dor do parceiro.
Convidavam-no para um chopp
, para um jantar, para uma festinha, para apresenta-lo para uma amiga, uma colega, uma parenta, uma recém separada, enfim toda esta flora tropical de mulheres que eles julgavam que seria o lenitivo para as dores do indigitado.
Às vezes estiveram à beira de desistir. O mundo não tinha salvação, a vida era uma via crucis, as mulheres eram umas falsas e interesseiras, ele era mesmo um azarado.
Fora o ficar contando o seu drama, interminavelmente, em diversas versões. Parecia até uma
daquelas vinte e duas versões para uma sonata de violino de Pagannini, só que cada uma era mais desagradável que a anterior, por que o que era suprimido, ou agregado, não trazia nada de realmente novo, ou, pelo menos, um elemento de tragicomédia.
Como todo mundo que já passou por uma situação destas sabe, seja como ator principal, seja como um mero coadjuvante, os fins de semana são particularmente dolorosos. Por conta disto preparam um esquema.
Um churrasco na casa da ilha, no delta do Jacuí, da família de Portos, que estava viajando. Sol, natureza, lancha para esquiar, quem sabe não estaria aqui alguma forma de tirar o hôme do casulo de acabrunhamento e amargura em que se enfiara. E prepara a carne, e toma cerveja, e contam-se as mesmas histórias, e lá vem o drama de novo.

Segue num próximo capítulo.

O PRAZER TEM DE SER CRIADO - parte I

Conto como me foi contado. Conhecendo os personagens é bem provável que seja verdade. Apenas troquei os nomes por razões óbvias.
D’Artagnan tomara da mulher um rico pontapé na bunda. Não só isto, deixara com ele um rico e brilhante par de cornos. Pior, trocara-o por um outro que só servia para humilha-lo ainda mais. Mais jovem, mais bonito, mais culto, mais rico, dizem até que mais bem dotado, mas este último detalhe talvez seja apenas uma destas fofocas que pululam em casos como este.
Para
piorar, nem mesmo o consolo de dar um pau no desgraçado era viável. O sujeito era faixa preta em karatê e outra destas formas de luta marcial no qual se dá um tom filosófico, talvez para tornar a violência mais chic. E tinha fama de mau, pois mandou mais de um para o HPS (Hospital de Pronto Socorro, para quem não é de Porto Alegre.), para refazer a lataria. Dar-lhe um tiro acabaria muito caro, se acertasse, ou ruim, se errasse.
Ficava para o D’Artagnan o isolar-se, a ruminação, a autocomiseração.
Mas é para estas horas que servem os amigos. Os de verdade. Os da doença e da saúde.
D’Artagnan os tinha, para sua felicidade.
Athos era um porra-louca, mas estava presente sempre que dele algum amigo precisasse.
Portos era um bon vivant, mas sabia ser generoso. Aramis era o parceiro de todas. Discreto, algo tímido, mas o que topava tudo.

Segue um próximo capitulo.

OS CERTOS, O CARNAVAL ou simplesmente NO MEU TEMPO...

Vem ano, passa ano, e a ladainha continua a mesma.
-O Carnaval não é mais como era antigamente... Como se fosse possível alguma coisa parar no tempo para ser igual à antigamente.
Vou mais, com a globalização tudo é possível. Meu filho está na Austrália e lá praticamente ninguém sabe o que é o tal carnaval. Talvez pensem que é uma excentricidade dos trópicos. Farão alguma analogia com o carnaval de Veneza, ou de Munich?

Para alguns o carnaval da Marquês de Sapucaí é uma deformação, uma aberração, um espetáculo artístico-comercial.
Para outros o carnaval da Bahia é o espetáculo grotesco de uma turba ensandecida.
Outros dizem que o carnaval já terminou e o que existe é um bom feriadão.
Os bailes de carnaval são meros espectros decadentes das festas burlescas d’antanho.

No fundo, no fundo, acho que se idealizava o carnaval do passado, que não se aceita que o carnaval de hoje seja o que cada um quer que seja. É difícil aceitar o fato de que não se encontra algo que em verdade só existe na imaginação.
Muitas vezes acredito que o aumento de opções, tão alardeado, que recebe loas em prosa e verso, não é de agrado da grande massa que preferia que tudo continuasse resumido a um certo ou errado.
Por uma questão de segurança. Que tudo mude, sem nada mudar...