quarta-feira, 31 de outubro de 2007

HISTÓRIAS SEXUAIS DE SANT’ANNA DO LIVRAMENTO V,

Atenção - No caso uma história machista, preconceituosa, de certa forma escatológica. Mas que pode este pobre escriba fazer se a História é muitas vezes assim?
Corria o ano de 1968.
Um grupo de brasileiros lutava para livrar o Brasil dos comunistas comedores de criancinhas vivas; e aumentar os seus pilinhas, que ninguém era de ferro.
Outro grupo lutava para derrubar os gorilas, sanguinários e entreguistas; e pegar a sua porçãozinha de poder, porque pra santo ninguém servia.
Já outro grupo, numa cidadezita lindeira com o Uruguay, procurava a fórmula alquímica de pegar a mulherada que, naquela época, e naquelas paragens, ainda era muy arisca para estas coisas de sexo.
Num momento surge o boato, de procedência não conhecida, mas os boatos são assim mesmos, se não boatos não seriam, e põe em polvorosa a indiada todo.
Dizem, e isto tinha de ser dito a boca pequena, para ter mais valor e magia, que comer o cu de uma negra, em uma noite de lua cheia, ao ar livre, era tiro dado e bugio deitado. Não tinha mais mulher que negasse o estribo para o guasca veio.
Notícia de tal jaez não tinha como não criar um frisson, e, logo logo, um monte de cientistas locais procurava verificar a veracidade de tão meritória informação.
Saíram a pesquisar in loco, até encontrarem o dia da lua cheia, a afro descendente e os fundos necessários para tão fundamental comprovação.
Três ou quatro felizardos descobriram os meios e fizeram a experiência. Passou-se um mês sem que se observasse resultado algum.
Na nova lua cheia os mesmos, e mais alguns abnegados pesquisadores repetiram a experiência.
Desta vez o resultado não se fez esperar, mas não era o esperado.
Em uma semana se tinha um bando de gente com chato (Pthirus púbis), ou com sarna (Acarus scabiei)(Um pouco de nomes científicos e latim para dar uma certa seriedade a este tipo de crônica).
Com isto, mais um prêmio Nobel da Antropologia, ou do Comportamento Humano, foi perdido por Livramento.
E as gurias de Livramento continuaram fazendo doce, até o ano da redenção, que foi quando, quase simultaneamente, os ecos de Woodstock, de Maio de 68, do Sexo, Drogas e Rock’nroll, e, Aleluia, Aleluia Irmãos, a PÍLULA DEU AS CARAS PARA FICAR.
A vida melhorou um monte, a não ser para aqueles que acham que a vida tinha de ser encarada seriamente. (Até hoje eles estão se perguntando o que eles fizeram com bons anos de vida; a não ser terem histórias para contar, desde que encontrem quem as queiram escutar.)

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

NO LLORES POR MI ARGENTINA...




Talvez a Argentina seja mesmo um tango. Talvez esta idéia seja apenas uma opinião preconceituosa minha.
Mas me parece que a Argentina nos últimos anos carece, ou de uma mãe, ou de alguém que possa ser igual a outro alguém. Perón, de certa maneira, viveu à sombra de Evita Perón. Posteriormente colocou Isabelita (na foto), como vice em sua chapa. E o povo argentino a sufragou de modo quase absoluto.
No primeiro caso, ele não sobreviveu politicamente à sua morte (de Evita). No segundo, ela não sobreviveu à morte física dele.
Agora é o caso da esposa do atual presidente. Cristina Kirchner (na foto com o marido) deve ocupar o lugar do esposo Nestor.
Para deixá-lo continuar a governar, sendo ela apenas um preposto?
Para a continuação da obra dele, sendo ela e ele as mesmas pessoas?
Sendo ela uma pessoa com idéias próprias e que fará o seu governo (Como se imagina que faria Hilary Clinton?), diferente do do esposo, ou até parecido, mas com imprint de sua personalidade?
Meu único medo é que as suas antecessoras, de um modo, ou outro, foram sucedidas por um golpe de estado. Um golpe de estado é sempre dramático. O tango é uma música dramática. Espero que não tenhamos mais um tango portenho pela frente.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

MOMENTO CULTURAL

Se vocês olharem diversos dicionários, verão que alguns dizem que a forma certa é clítoris, e outros dizem que é clitóris.
A forma certa é CL Í TORIS, porque vêm do grego kleitorís ou kleitorido, que é oxítona ou proparoxítona.
Ou seja, vão passar o fim de semana um pouco mais cultos.
(Ps; Já imagino que vou receber algum e-mail, ou comentário, contrariando o que eu disse, por A, ou, B, razões. Mas o debate também é cultura)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

NO TEMPO DOS PIONEIROS

A gente nem se dá conta de como o tempo passa e das modificações que a vida traz.

Nesta foto de 1947 minha tia Zelinda, uma rica fazendeira, uns 10.000 hectares, viajava com o meu pai (já um advogado bem sucedido) e mais uma terceira pessoa, entre Santa Maria e Livramento.

Atentem para a estradinha atrás, para a camioneta e para a balsa.

Como seria este quadro hoje?

E OS PUGILISTAS?

Sugar Ray Leonard

Será que eles estão bem?


Satisfeitos da vida, tranquilitos no más?


Será vão poder exercer a sua profissão?


É uma pena que os meus poderes cartomânticos sejam tão pequenos!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

CARTA A UM AMIGO JUDEU - III

Que a perseguição as “raças inferiores” não foi bem assim. Que a Alemanha nazista foi obrigada a ir a guerra, contra toda sua vontade. Que em verdade a Alemanha e, mais particularmente, os nazistas foram mais vítimas do que algozes.
Lamento, mas é assim que as coisas acabam funcionando.
Quanto aos jovens, duvido que a grande maioria saiba, realmente, o que é o nazismo.
Flávio Josefo, na Guerra dos Judeus, já dizia: ...zombava das pessoas inexperientes ao afirmar que os romanos não poderiam atravessar as muralhas de Jerusalém, nem que tivessem asas, pois já tinham tido dificuldades nas aldeias da Galiléia e haviam quebrado suas máquinas de guerra ao derrubar suas fortificações. Com estas palavras arrastou a maioria dos jovens e os empurrou para a guerra, pois nada é mais fácil de enganar que um jovem, basta que se lhe diga em palavras melífluas como ele é sagaz...
Para alguns, nazismo são SSs em flamantes uniformes negros, paradas militares operísticas, a mística do militarismo prussiano.
Talvez até pensem que se disserem que não gostam de judeus, ou espanquem alguns, serão temíveis nazistas.
Nada disto, serão meros criminosos a bater em quem não pode se defender.
O que me preocupa, portanto, não são os dados desta pesquisa, e sim as intolerâncias deste mundão, os portadores das verdades absolutas, os juízes onipotentes do certo e do errado.
Os novos Hitleres, não virão com bigodinho de vassoura, não terão suásticas, SSs e Sas. Surgirão com discursos messiânicos e soluções radicais. Dirão coisas que me agradam, sem que eu me dê conta, ou, pior ainda, sem que eu queira me dar conta de que o verdadeiro perigo está à sombra.
É deste novo nazismo que temos que ter medo. Porque, de início, ele terá um fácies bem simpático.
Um abração, meu amigo, e que tempos funestos não nos aguardem.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

CARTA A UM AMIGO JUDEU - II

Francelino Pereira é 2º da esquerda para a direita
Lembra-te do Francelino Pereira dizendo, ufanisticamente, que a ARENA era o maior partido do ocidente? Que no senado só havia um senador do MDB (Do Rio de Janeiro)? O poder atrai seguidores como moscas ao mel. Hoje, todo mundo é contra a revolução, ninguém votou com a ARENA. Deve também haver ocorrido por aqui um genocídio, de partidários da revolução, sem que houvéssemos nos dado conta.
Depois que os nazistas caíram lá, e os revolucionários da Redentora aqui, tirando um, ou outro, ninguém mais é tão contra estes e aqueles, como aqueles que os apoiaram apenas baseados nos seus interesses particulares.
Passados os anos, baseados na falta de lembrança das massas, e na sensação de impunidade, as pessoas começam a tirar as suas máscaras. E os velhos 37,5% reaparecem.
Agora estão dizendo que reconhecem que Hitler fez algo de bom. Mais alguns anos, se vivos estiverem, talvez , peremptoriamente, digam que nunca a Alemanha teve um dirigente tão bom!

RAPIDINHAS II


Queridos, hoje, li no jornal que a ILHA QUE É O FAROL QUE ORIENTA A HUMANIDADE, SALVE SALVE, negou o visto de entrada aos deputados brasileiros que iam fazer uma visitinha aos pugilistas,que fugiram da delegação cubana, durante o PAN e depois foram expulsos, repatriados, mandados de volta, ou qualquer outra expressão que se queria usar para dizer que os dois atletas voltaram para Cuba.

Obviamente não caio na esparrela de dizer que os nossos muy nobres deputados iam apenas para constatar que os dois ex-refugiados estavam bem, ou mal. Que apenas nobres sentimentos e idéias os acompanham. Em verdade, em verdade, ainda hoje eu vos digo, estavam afim de pegar algum furo do governo Lula.

Mas negar o visto, pegou mal. É a velha história. Quem não deve, não teme. Parece que Fidelito e seus acólitos têm algo a esconder.

Mas alguns deputados nossos também pisaram no poncho. Tentam dificultar a ida dos outros. Que o caso está encerrado, que não temos que intervir nos assuntos de outros países e assim por diante. Logo eles que se julgam tão democráticos, tão defensores dos direitos humanos. Ah o discurso humano. Meu professor de Psiquiatria, Dr. Marcelo Blaya, costumava dizer que o discurso mais servia para ocultar do que para revelar.

RAPIDINHAS


Nesta época de jornalismo segmentado, no qual se tem revistas, periódicos, jornais de todos os tipos e gostos, uma revista como esta certamente teria o seu público. E acho que não seria pequeno.

CARTA A UM AMIGO JUDEU


Meu querido, recebi o teu e-mail a respeito da pesquisa que dizia que, 25% dos alemães achavam que algumas obras de Hitler haviam sido boas. Esta percentagem variava de 5% nas camadas mais jovens da população, a 37,5% entre os mais velhos.
Já havia lido esta mesma notícia de outras fontes.
Sinceramente, ela não me surpreende.
Ao contrário de um monte de pessoas, não acredito que a maioria das pessoas possa se modificar, no seu âmago, de uma maneira mais significativa. Ou troque suas convicções.
Esta afirmação talvez choque alguns, pelo fato de ser eu um psiquiatra. Mas é justamente por ser psiquiatra, há muito tempo, que eu ouso faze-la.
- Mas então para que serve um psiquiatra?
- Para ajudar as pessoas a se adequarem às suas circunstâncias. Para que elas possam viver, socialmente e intimamente, melhor.
Se olharmos para os números, veremos que estes 37,5% correspondem ao número de votos que o partido nazista recebeu na penúltima eleição antes da sua chegada ao poder.
Ou seja, pessoas que acreditavam, realmente, no nazismo com tudo que ele significava.
A percentagem de apoio ao nazismo aumentou enormemente depois da chegada destes ao poder. Mas este é um fenômeno corriqueiro.
(segue ao longo da semana) (Carrion, o pasquineiro)

domingo, 21 de outubro de 2007

Criadores & Inventores


Um dos inúmeros nomes de Deus é o CRIADOR.
Acho que o Ser Humano, quando cria, se aproxima muito mais de Deus do que em qualquer outro momento.
Vendo uma série de pinturas corporais, como estas, fico eu a matutar.
No momento desta criação, este sujeito ficou muito próximo do Todo-poderoso.
Talvez seja por isto que os verdadeiros inventores, criadores, despertem em mim uma espécie de admiração venerativa.

HISTÓRIAS SEXUAIS de SANT'ANNA DO LIVRAMENTO IV

Naevius Sutorius Macro foi uma espécie de Jose Dirceu (do governo Lula), no final do governo de Tibério.
Acertadamente julgou que Calígula seria o sucessor. Para garantir o seu lugar junto ao futuro imperador, passou a lhe puxar o saco. Mais ainda, induziu que sua esposa e Calígula se tornassem amantes.
Dizem que teria dito à esposa, “sejas a mais selvagem e devassa amante do mundo” (Quem souber a frase em latim, por favor, não se acanhe, mande-ma.).
Com isto, gozou dos favores de Calígula por mais algum tempo. Depois, como soia acontecer com quem ficava perto do Imperador, perdeu a cabeça, juntamente com a mulher.
Pois Sant’Anna do Livramento também teve um caso semelhante.
Um personagem, cujo nome e profissão nem ouso mencionar, querendo crescer na vida, usou do mesmo ardil.
Como Livramento não tinha um imperador, e sim vários reizinhos, puxou o saco de um monte de gente e fez da mulher amante de vários.
Fazendeiros, gerentes de banco (Que na época, no interior, tinham muita força econômica.), pessoas influentes, grandes negociantes, eram os escolhidos para ele fazer negócios, serem seu fiador, avalista, e outros quejandos da vida.
Só que ele aprendera com a História.
Lá pelas tantas, guaiacas cheias de dobrões de ouro, se dando conta que, mais cedo, ou tarde, seria desmascarado, como tortuga de algibe esperou o golpe do balde.
Este veio sob a forma d’um tipo se apaixonou pela mulher. Ele, então, vendeu tudo que podia vender, passou adiante os compromissos que podia passar e picou a mula.
Deixou um monte de gente com o freio, mas sem o cavalo, na mão. A mulher perdeu todo o charme de ser um caso e foi ele viver a vida lá sabe donde.
Ou seja História é Cultura e Livramento tinha muita gente culta.



sábado, 20 de outubro de 2007

INTERVIR OU NÃO?

Lendo as manchetes a respeito da invasão do território ocupado pelos curdos, pela Turquia, me veio esta questão.
Intervir, ou não?
Freqüentemente vejo manifestações contra as intervenções. Mas, ao mesmo tempo, eu penso naquelas situações em que a não intervenção custou milhares, se não milhões, de mortes.
Tutsis x Hutus.
Turcos x Curdos
As Guerras Étnicas na falecida Iugoslávia.
Indonésios x Timorenses
Iraquianos x Curdos
Haiti
Abissínia, Etiópia, Somália.
Isto para não falar no Adolfito e seu Reich de Mil Anos, em 34 e 35 (Depois o tipo se agrandou e não dava mais para intervir sem se pensar em guerra, que foi o que acabou acontecendo, ao custo, por baixo, de umas 40 000 000 de almas, uma bagatela.)
Isto só pensando nos últimos 100 anos. Isto só pensando em conflitos em que morreram mais de 10 000 SERES HUMANOS. Isto só pensando em situações em que foi cogitada a intervenção externa e nas quais haviam condições de se intervir.
Uma vez, lá em Livramento, vi um marido chifrudo correndo atrás da mulher com um facão na mão. Uns três ou quatro intervieram e o impediram de mata-la. Em horas como estas eu sempre penso no Camarada Stalin, que dizia: - Matar um homem é assassinato. - Matar milhares é estatística.
Ou seja, os grandes massacres não nos mobilizam. A nossa indignação não passa de um exercício mental.
Ou seja, “deixa estes caras se entenderem!”
Porque, se alguém interferir, vai-se ter passeatas e manifestações contra a intervenção. Até porque em todas as intervenções existem interesses ocultos e escusos.
Estou convencido que, na prática, a vida alheia sempre vale muito pouco. As ideologias valem muito mais.
Portanto, deixemos as valas comuns, com suas camadas de cal, proliferarem, porque é preferível que isto aconteça, do que imaginarmos que alguém, ou algum país, vá se beneficiar com a intervenção.

COMO SE EXPRESSAR CORRETAMENTE

Dizem que, para se falar em guerra, se deve falar em ALEMÃO.
Para os negócios, em INGLÊS.
Para a poesia que se use o ITALIANO.
Já para o amor, o FRANCÊS.
Pero, para hablar con Dios, se necessita hablar en ESPAÑOL.

Talvez seja por conta disto que, nos meus momentos de delírio, eu fale e pense em espanhol.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O CLUBE DA CHAVE


Não sei precisar a data do ocorrido. Pois foi antes do meu nascimento e nunca ninguém disse, peremptoriamente, foi assim, assado. Mas, como várias fontes me contaram versões parecidas, é bem provável que o fato seja verdadeiro.
Ao criarem o frigorífico Armour, os ingleses criaram, junto à planta industrial, uma vila inglesa, para moradia dos seus técnicos e pessoal administrativo.
Até hoje, quem vai ao Clube Campestre, passa por casas do mais típico estilo inglês. Havia também o Clube dos Solteiros, que em verdade era um hotel, para o pessoal inglês de nível médio e que vinham solteiros para a minha Macondo.
Também erigiram uma sede monumental para um clube de golfe, que era, à época, com poucas exceções, só para o pessoal inglês. As exceções, para variar, eram os grandes da terra, ou quem tivesse um prestígio muito significativo em algum campo.

Por outro lado, havia ainda muitas rivalidades entre argentinos, brasileiros e uruguaios. Isto determinava que existisse uma forte guarnição militar, com um grande número de oficiais vindo do Rio de Janeiro e São Paulo.
Para completar, a zona da fronteira sempre se prestara de palco para aventuras revolucionárias, o que fazia com que o contingente da Brigada Militar (Polícia Militar) fosse grande. Os oficiais, embora gaúchos, eram de outras cidades. Nenhum governador se agradava da idéia de dar muito poder a um conterrâneo por conta da força eleitoral que isto criaria.
Não bastasse tudo isto, o fato de ser fronteira atraia muita gente em busca da fortuna fácil, ou para negócios, ou foragidas da justiça de um ou outro país.
Este caldeirão de pessoas, sem maiores compromissos com as regras morais vigentes, numa cidade que era pequena e não tinha muitas formas de lazer, tinham de criar algo para se distraírem e divertirem, o que dava margem a muitas extravagâncias.
Dizem que uma destas bizarrias era o clube da chave. Que consistia no seguinte.
Uma vez por mês um grupo se reunia. Faziam um jantar com muita dança, muita brincadeira, muito álcool e, lá pelas tantas, as mulheres (Esposas, namoradas, noivas, nada de prostitutas ou amantes, para não tirar a graça da coisa.) iam cada uma para um quarto. Deixavam uma caixa com as chaves destes quartos na sala. Então os maridos, num jogo de cartas, ou algo pelo estilo, iam tirando as chaves e procurando que quarto aquela chave abria. A surpresa era descobrir qual mulher lá estaria.

Dizem que quando o cara entrava e se deparava com a própria mulher, ficava muito frustrado. Não chegaram a me dizer se a recíproca era verdadeira.
Por isto, quando me falam hoje em swings, trocas de casal, e outras coisas do mesmo gênero, me dou conta que a novidade só existe na cabeça de quem conta o fato. Quadro do Angeli
Em Livramento era mais velho que andar a pé.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

EU E O ANJO DA MORTE



Existe uma hora, ao final da tarde, em que as luzes e sombras começam a dançar, que seus limites ficam totalmente indivisíveis.
Neste momento é comum o ser humano ser tomado por uma sensação de melancolia.
Não sei se por um resquício atávico do medo da noite, quando ficávamos mais a mercê das feras noturnas e dos medos da imaginação, ou, talvez, simplesmente porque se deu conta que mais um dia, irrecuperavelmente, passou. Que o sentido do tempo é unidirecional e, seja para onde ele nos leve, nos aproximamos um pouco mais do ponto final da viagem.
Pois vivia eu todas estas sensações e sentimentos, sentado em cima de um tronco de árvore, observando os sinais da vida diurna que se esfoliava quando o vi.

Escuro, negro diria, seu rosto eram todos os rostos. Sorridente, benevolente, belo, sarcástico, maldoso, ferino, angustiado, apavorado, aparvalhado, estupefato, mordaz, assustado, dolorido, sereno; enfim, todas as formas possíveis que um rosto pode mostrar quando abandona este estado que chamamos de Vida.
Seu olhar frio e vazio parecia contemplar o nada ou a eternidade.
Durante alguns minutos ficamos a nos olhar. Ou melhor, eu fiquei a olha-lo, pois, definitivamente, não saberia dizer se ele olhava para mim.
Depois, lentamente, se levantou, deu-me as costas e murmurou.
- Ainda não é a hora.
E assim como chegara, foi-se.


Talvez alguém, numa destas curiosidades pueris, tão comuns, me perguntaria se ele tinha asas. Total, dizem que os anjos têm asas. Mas para que anjos precisam de asas? São divinos, imateriais. Acho que somos nós quem precisa colocar-lhes as asas. Ele não tinha asas. Respondo sobre isto apenas para dirimir dúvidas e esclarecer definitivamente este ponto.
Meus agradecimentos ao meu amigo Paulo Burd (Querem um assessor de imprensa? Ele é o homem!) que me mostrou uns delitos que eu estava cometendo com o português.

domingo, 14 de outubro de 2007

A BIENAL, uma concepção






Cada vez que vou a Bienal daqui fico pensando que, se o que vi foi arte, eu poderia ser um artista.





Neste tríptico, o artista coloca uma situação, aparentemente óbvia, mas que o observador pode colocar as mais distintas dinâmicas. De maneiras que são artistas, tanto o autor, como o(s) observador(es).

Sendo que o observador pode, de acordo com seu estado de espírito, mudar a dinâmica, acomodando-a à sua nova circunstância.

Carrion, o bienalista

HISTÓRIAS SEXUAIS de SANT'ANNA DO LIVRAMENTO III

COCAINA NO CÚ

Na Macondo da minha infância não só se faziam coisas, como também se ia aprender e, algumas vezes apenas se ia ver as novidades, para depois contar nas rodas do Clube Comercial.
Eram os anos 20, “los años locos”.
Pois me vai um taura, dos bons, ao Rio e volta estupefato.
Descobrira que o must do momento era pagar uma mulher, para cheirar cocaína no cu dela. Como a cocaína também é absorvida pela mucosa anal, ficavam os dois muito doidões. E faziam “horrores”.Mas embora esta prática houvesse deixado muita gente no “Ah é, heim?” Não foi praticada por lá. Mas encheu o imaginário de muita gente. É bem possível, como era hábito, naqueles tempos, que alguns fossem ao Rio para fazer o que não tinham coragem de fazer na vieja Sant’Anna.

HISTÓRIAS SEXUAIS de SANT'ANNA DO LIVRAMENTO II

O CONSULTÓRIO

Rodrigo Cambará, de retorno a Santa Fé (O TEMPO E O VENTO – Érico Veríssimo), já formado em medicina, fazia planos para o seu consultório, mulherengo que era, aquele era um local onde muita coisa podia acontecer.
Sant’Anna do Livramento também teve o seu Rodrigo Cambará. Um médico boníssimo, seja na competência profissional, seja no contato pessoal. Um médico humano. Se o paciente era pobre ele atendia e não cobrava. Se era rico, atendia e metia-lhe a faca. Mas sempre atendia bem.
Mas era mulherengo a mais não poder. E em seu consultório passaram-se poucas (e nem tão poucas) e boas (algumas muito boas) aventuras erótico sexuais.
Embora algumas coisas vazassem de quando em vez; a culpa, a eterna culpa a estropiar muito do que a vida tem de bom; nunca houve uma denúncia mais séria, um escândalo de fechar porteira.
Naqueles idos tempos, se viajava relativamente pouco, por conta da precariedade dos meios de transporte. Para ir ao Rio de Janeiro, por exemplo, se levava uns dois dias. Por isto, quando se ia viajar, se ia por um período de tempo maior. Vinte a trinta dias, na média.
Pois o nosso trêfego mancebo resolveu um dia ir passar uns dias na Cidade Maravilhosa Que Nos Seduz.
Retorna bronzeado, ares e vestimentas renovadas. A massa ignara, sedenta de novidades, vai-lhe em cima.
- E aí? Como é a mulherada por lá? É verdade que elas dão?
- Dão! E não dão pouco! Mas a falta que um consultório faz lá, vocês não imaginam!!!...

sábado, 13 de outubro de 2007

ARTE E BELEZA – A BIENAL I


Como já disse antes, para mim a Arte tem de ter um compromisso hedonístico. Claro que aceito que pensem diferente de mim. Só que a argumentação dos outros, inclusive da Débora, não conseguiu fazer com que eu mudasse este ponto de vista.
Os vídeos, as instalações, com exceção de pouquíssimas, nenhuma desta Bienal porto alegrense, conseguem mexer com as minhas emoções (do ponto de vista artístico não considero o tédio como uma emoção, a não ser quando o artista quer mostrar o tédio).
A foto que acompanha este comentário, por exemplo, tem um fundamento artístico (se vai ser considerada bela, ou não, é outra coisa).
A combinação de cores dá vida a uma natureza morta, entre outras coisas porque há uma sugestão de que algo foi feito e algo será feito a partir de então. Neste espaço de fantasias, de deduções, de intuições, de desejos, ao som dos quais a imaginação pode dançar, é que está o aspecto artístico, pelo menos para mim.

HISTÓRIAS SEXUAIS DE SANT’ANNA DO LIVRAMENTO I


Telhado de Zinco

Quando digo que lá pelas tantas nada mais consigo me surpreender em termos sexuais é porque, de quase tudo, já havia tido notícia.
A minha Macondo era o Mundo em miniatura.
Já formado, início dos anos 70, dois médicos, meus conhecidos, disseram ao passar por nós um senhor já mais perto das Parcas do que eles.
“Este é o homem do telhado de zinco”.
Como não entendi, eles me explicaram.
“No início dos anos 50 ele, de repente, parou de funcionar. Procurou recursos, mas naqueles anos, como agora, pouco se podia fazer. Até que um dia, estava na fazenda, com a patroa véia, quando caiu uma daquelas chuvaradas boas para dormir. Pra sua surpresa o bicho velho se manifestou. Dali a pouco se erguia mais reto que o obelisco do Parque Internacional e ele mandou ver. E não fez papel feio.”
Volta para a cidade e tudo volta a ser como d’antes no quartel de Abrantes. Só que, ao longo dos anos, consegue ver que, em dias de chuva, quando havia aquele gritaredo da chuva no telhado, a coisa funcionava.
Num toma lá, vai cá, não deixou para amanhã. Mandou fazer um quarto com o pé direito d’uns 4 ou 5 metros e fez nele construir uma espécie de dossel de telhado de zinco, com direito a calhas e tudo o mais. Fez uma ligação hidráulica e instalou um, ou mais chuveiros sobre o dossel.
Deve ter ficado esquisito uma barbaridade; mas parece que funcionou louco de bem especial.


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

PAULO AUTRAN


Ele, Paulo Gracindo (como Odorico Paraguaçu), Jardel Filho e Lima Duarte, foram pessoas que me puseram na frente da telinha, assistindo novelas.
É verdade que só assistia quando eles apareciam, ou quando eu pensava que eles apareceriam. Mas deixei de fazer programas mais “nobres” só para poder vê-los.
Não tenho, hoje, dúvidas que valeu a pena.
Requiescant in pacem.

ARTE E BELEZA



Meu ponto de vista é que uma obra de arte deve suscitar em mim algum tipo de emoção, de preferência, agradável.
Por conta disto esta Bienal foi, para mim, de uma pasmaceira absoluta.
Pouquíssimas coisas foram capazes de mexer com alguma emoção minha. Tive a sensação de que as pessoas imaginam que, se elas fizerem algo diferente, derem um título exótico, classificarem-na de arte, ela é arte.
Se arte é isto, deveria sair de lá com a sensação de ser eu um artista plástico.
Este quadro foi um dos poucos que gostei. Que me deu prazer em contemplar.

HISTÓRIAS SEXUAIS DE SANT’ANNA DO LIVRAMENTO




Diz-se que o melhor de uma cultura encontra-se no início de sua decadência.
À primeira vista isto parece um contra-senso, mas, examinando-se a coisa mais friamente, pode-se entender melhor esta premissa.
O primeiro momento desta civilização é caracterizado pelo esforço para crescer, desenvolver, conseguir escalar até o mais alto píncaro.
Depois vem o momento do deslumbramento, pela chegada ao ápice.
Só então se começam saborear os despojos da conquista.
Com as pessoas, e as cidades que estas pessoas criam, as coisas ocorrem mais ou menos assim.
No início tem-se que se apossar da terra.
Depois doma-la.
Após, vem a batalha para que ela produza.
Segue-se a construção de meios de produção secundária e terciária.
O atendimento das necessidades básicas vai-se sofisticando. Os primeiros sinais de luxo começam a surgir.
Lentamente estes começam a sugar as forças produtivas (econômicas, de organização social). Os bens do prazer, que são voláteis, começam a aumentar a sua fatia no bolo energético.
O sistema sócio-econômico passa lentamente a se desorganizar e a involuir.
Mas nesta fase é que se tem tempo, gosto, energia, para criar e gozar dos prazeres do espírito e da carne.
Este processo havia-se iniciado há alguns poucos anos, quando nasci.
A fronteira com o Uruguay (me recuso a escrever Uruguai com i) que tinha toda a sua economia baseada na lã e na carne, sentia as primeiras ferroadas da entrada de novos concorrentes na produção destas matérias primas, além de mudanças de hábitos. Mas havia ainda muita gordura para gastar. Se passávamos da fase do “pai rico para a de filho nobre”, ainda não chegáramos a do “neto pobre”, que é a hodierna.
Tinha-se tempo, dinheiro e energia para gastar nas boas coisas da vida, embora fazendeiros, pecuaristas, estancieiros, latifundiários, produtores rurais (o sinônimo cada um escolhe de acordo com o seu ponto de vista) sempre tenham sido uma raça de chorões.
Além disto, o fato de Sant’Anna do Livramento e Rivera serem uma só cidade, geograficamente falando, em verdade são duas muito ligadas, mas diferentes naquilo que mais importante é. A cultura das pessoas que as habitam. No caso, tinha-se criado, ainda por cima, uma terceira cultura, as dos doble chapas (em alusão de que os carros tinham duas placas, uma brasileira e outra uruguaya para poderem trafegar nas duas cidades).
Somando-se a tudo isto, vinha o fato de que o nível cultural do Uruguay era, à época, muito superior ao nosso. E, como era um país pequeno, tudo lá chegava mais rápido. Um filme americano às vezes demorava quase um ano para ser apresentado no Cinema Internacional. Já El Cine Avenida, ou o El Gran Rex, o apresentavam três meses depois da estréia.
Ora, tudo isto contribuía para que vivêssemos uma cultura mais cosmopolita que o resto do interior do RGS, exceção talvez de Pelotas, e da grande maioria de capitais brasileiras (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, talvez Salvador).
Tudo isto contribuiu para que, na vida sexual, se visse, ou soubesse, de muitas coisas que nos dias de hoje ainda sejam vistas como “novidades”. Evidentemente devem saber que sexo não procriativo é cultura.
Encerrado este intróito, vamos ao que interessa.

(Num próximo capítulo)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

EL CHE

Ernesto Che Guevara é o último herói romântico do século passado.

Aos poucos se vão perdendo seus contornos reais e criando-se outros ao sabor das fantasias e desejos de cada um.

Ele era bonito, carismático, sonhador, simpático.

Ele era um péssimo político, administrador, guerreiro, estrategista.

Matou ou ajudou a matar um monte de gente, alguns adversários, outros nem tanto e alguns inocentes que ficaram entre ele e seus inimigos. Se bem que até aí nada demais.

Escolheu o sonho socialista, numa época em que os países socialistas, sob influência da China e da Rússia viviam ditaduras duríssimas.

Fracassou como Ministro da Economia de Cuba. Fracassou como diplomata e negociador.

Fracassou como guerrilheiro no Congo e depois na Bolívia. Fracassou como construtor de algo concreto que fizesse melhorar a vida do povo, onde quer que tentasse fazer isto. Fidel, muy amigo, queria-o muito, mas longe dele e de Cuba.

Os jovens, e alguns maduros que não amadureceram, vão continuar levando bandeiras com fotos, slogans, fazendo peregrinações a lugares santos que Ele percorreu, igual aos beatos que eles criticam.

Os ossos branqueiam, esfarelam-se, desaparecem. Mas os monumentos se mantém em pé a testemunharem uma grandeza que só os seus construtores idealizam.

É, o mundo gira e a Luzitana roda.

Mas era bonito, carismático, sonhador, simpático. Vai ser um sucesso hollywoodiano, ou congênere.

MENTIRAS MASCULINAS DO DIA A DIA VII

Talvez existam outros itens, mas não vou procura-los, até porque não estou disposto a criar um tratado.
Aliás, nem sei se teria capacidade para tanto.
O fato é que, praticamente, não conheço homens que tivessem recebido uns tapas sem revidar, uns calateboca tendo de baixar a cabeça, terem ficado aprisionados com um aéeeé na garganta, nunca terem realizado um feito esportivo digno de nota, tivessem caído em contos do vigário ou outros do mesmo jaez, houvessem cometido safadezas mesquinhas, pequenas e, principalmente, houvessem transado com umas duas ou três (ATENÇÃO, com o ZERO, o sujeito pode alardear que ele é o cara que resistiu aos pecados da carne; com o UM, que nos mostra que ele teve a capacidade de encontrar a mulher certa e força de vontade para manter-se fiel a ela.) mulheres ao longo da vida, no basicão mesmo. Que não tivessem dado três ou quatro, de preferência na corrida, que não houvessem deixado a mulher exausta, saindo de quatro por não agüentar mais, querendo largar marido, filho, família para ficar com ele, mesmo que ocupando um cantinho mísero e infecto de sua vida.
Que fumou e bebeu todas e até hoje o bicho velho, quando se apruma, tá que é um aço, daqueles que a gente dá um peteleco e ele faz tóiiimmmm!. Nunca ele funciona pela metade, meio bobão, necessitando mais escoras que tapera velha para cumprir seu heróico dever.
Nunca foi corno. E se foi, tomou enérgicas providências. Desmoralizou o corneador; a mulher, agora ex- , tem um arrependimento bíblico.
Enfim.
Todo homem é um herói, um semideus, um ser perfeito, só abandonando a perfeição por moto próprio.
Ou é um ser humano masculino normal que mente e que não quer, não gosta, não aceita que minta.
Mas isto é assim mesmo e não pretendo ser moralista com estas constatações.

MENTIRAS MASCULINAS DO DIA A DIA VI


E) Conquistas amoroso/sexuais, mas com muito mais ênfase no sexual.
Sempre tem uma, ou mais, mulheres belíssimas que foram ou são apaixonadas por ele.
Seu desempenho na cama supera os Casanovas de longe, mesmo correndo de ponche molhado contra o vento.
Sua esperteza, carisma, habilidade em enredar estas mulheres lindas, gostosas, ricas, boas de cama, inteligentes, apaixonantes e apaixonadas (por ele, é óbvio) é absolutamente inexcedível.
(Segue numa próxima edição)

MENTIRAS MASCULINAS DO DIA A DIA V



D) Honradez, seriedade, confiança. Nunca, em lugar nenhum, existiu alguém mais sério, honrado, de confiança do que ele. No contraponto Goebbels

Catão

MENTIRAS MASCULINAS DO DIA A DIA IV


C) Negócios. Pode ser um pé rapado, que anda matando cachorros a gritaços, mas sempre tem algumas histórias nas quais ele enganou todo mundo. Não deixou alguém, que enganou todo o mundo, engana-lo. Descobriu o melhor negócio do mundo. Por um detalhezinho (por azar, nunca por incompetência) não pode levar o negócio adiante e se tornar bilionário que deveria ser.

MENTIRAS MASCULINAS DO DIA A DIA III


B) Façanhas esportivas. O cara é velho, gordo, barrigudo, sedentário, desajeitado. Mas ele sempre tem uma história desportiva, da qual ele participou, da qual saiu como herói, ou na qual realizou o grande lance inesquecível.

MENTIRAS MASCULINAS DO DIA A DIA II

Vamos então aos itens favoritos das mentiras masculinas:
A) Situações de conflito, brigas, arranca rabos. O sujeito sempre descreve como bateu, gritou, se impôs, arrasou o outro(a) com seus argumentos.Se por acaso for se referir a uma derrota, esta foi a pior derrota, a pior surra que alguém já tomou na vida, a situação de trágica passou a divertida. Ou seja, ele é o REI da derrota, que não é muita coisa, mas é melhor que nada.

domingo, 7 de outubro de 2007

UM ELOGIO DA PESADA

Meus queridos. Nunca me agradou ver pessoas se auto elogiando, ou falando de que todo mundo o elogia. Mas quando alguém é elogiado pelo MAURO CHEROBIM (antropólogo dos bons) (Uma lenda! Como diria o meu amigo Renato Viera - excelente cirurgião plástico.), não tem como este alguém não se sentir orgulhoso e acabar se abacanando.
Eis o elogio.
D) Quem diria que um médico (apesar de psiquiatra!) escrevia tão bem e era tão "ideoso"? Acontece que Carrion não é destas fornadas de médicos tecnocratas, mas herdeiros daqueles médicos que penetraram, se penetraram e foram penetrados pelo gosto da literatura.
Se não aparecer um fato novo, hoje durmo com as coronárias dilatadas de prazer.

sábado, 6 de outubro de 2007

MENTIRAS MASCULINAS NO DIA A DIA

Buenas.
Depois de ler o George Orwell que com seus livros me ensinou mais sobre a mentira
do que os tratados de psiquiatria; que, aliás, também muitas vezes mentem, se enganam, não levaram em conta outros fatores, selecionaram a amostra de modo inadequada, e outros sudários; resolvi escrever um pouco sobre a mentira. As mentiras masculinas mais explicitamente.
Em primeiro lugar, os homens mentem, e mentem bastante, e mentem dizendo que não mentiram. Ou, o que é pior, pensando que não mentiram.
Segundo, acusamos as mulheres e as crianças (de qualquer sexo) de mentirem. Estou convencido que não mentem mais que nós, se é que não mentem menos.
Terceiro, somos mais verdadeiros em alguns pontos, mas mais mentirosos em outros. Muito mais mentirosos.
Quarto, como a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer (Mário Quintana), ou precisamos mentir para o bem - a mentira piedosa (Igreja Católica, se não me falta a memória.) - , ou, finalmente, toda a mentira tem uma fração de verdade, ou pelo menos uma premissa de, e nós só acrescentamos alguns dados para tornar esta verdade mais verossímil, ou divertida, ou impactante, mentimos.
Vamos então aos itens favoritos das mentiras masculinas:


A) Situações de conflito, brigas, arranca rabos. O sujeito sempre descreve como bateu, gritou, se impôs, arrasou o outro(a) com seus argumentos.
(Segue num próximo capítulo)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

GEORGE ORWELL - LUTANDO NA ESPANHA IV (final)


Hemingway, que também esteve do lado republicano, descreve a guerra quase como um safári à África. As brigas intestinas, os fuzilamentos, as torturas, as sabotagens à causa maior, tudo isto eram pequenos detalhes a serem vistos à vol d’oiseaux. Via os falangistas como personagens românticos que no final deveriam morrer para que os Certos triunfassem.
Orwell, não. Não perde de vista o Grande Objetivo. Mas não tem medo de apontar os problemas, os entraves, os responsáveis, mesmo que em alguns momentos tenha de fazer um mea culpa. Não é um jornalista engajado. Ele é engajado. O Jornalista não. Ele dá os fatos para que, em liberdade o leitor crie a sua interpretação. Para isto ele não fica distorcendo fatos, criando fatos, se deixando seduzir por seus desejos.
Ele mostra um país com as tripas de fora, sem compaixão, sem horror, sem querer cagar regras, sem querer cooptar o leitor para seus pontos de vista.
Ele relata, ele relata o que vê, ele relata o que ele pensa, o que ele interpreta. Mas ele dá margem para o que o leitor pense, para que o leitor interprete.
Enfim, ele não me tratou como um estulto, um sorongo, um pacóvio, um jerico, um coió, um capadócio, um pancrácio. Um idiota qualquer, enfim. Como muitas vezes me sinto ao ler notícias nos jornais.
Ou quando vejo a luta da "dança da cadeira" nas nossas distintas instâncias políticas.
At last but not least. Qualquer semelhança com a nossa Terras brasilii é mera coincidência.
THE END
FIM
FINALE
FINE

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

GEORGE ORWELL - LUTANDO NA ESPANHA III

Ferido gravemente, tem de abandonar o front. Volta a Barcelona.
Nem um ano se havia passado do início da guerra e a população já se mostra desiludida com a revolução e os revolucionários. Se Franco não era benquisto, era, pelo menos, visto como um mal necessário.
E tudo isto ele vai retratando com uma simplicidade, com uma veracidade (Basta olhar os fatos com a distância que o tempo nos trouxe.) que fica fácil de entender por que Franco venceu.
Sempre foi-nos dito que a vitória da direita era por conta do auxílio de Hitler. (Mussolini também ajudou, mas de uma maneira bufa; seus esquadrões voluntários de infantaria foram batidos sistematicamente.) Que de fato deu o auxílio (Um esquadrão de aviões de caça, outro de bombardeiros, mais instrutores militares), mas numa escala muito menor do que a União Soviética para o governo republicano.
Mas a guerra civil entre os republicanos, a sede de poder das facções, a submissão a Moscou, a corrupção para obtenção de cargos e privilégios, tudo isto concorreu para desmoralizar a causa e
desmobilizar a população civil.Gay da Fonseca – Um brasileiro na guerra civil espanhola -, este sim, um comunista stalinista de carteirinha, descrevia um quadro em que os comunistas submetidos à Moscou eram os únicos heróis, que a população os adorava. Só que não consegue entender porque Barcelona foi tomada pelos franquista em três dias, praticamente sem luta. Nunca conseguiu entender que a população estava cheia da guerra, das desavenças entre os republicanos, dos privilégios dos iguais mais iguais. Do dizer uma coisa e fazer outra.
(segue no próximo capítulo)

GEORGE ORWELL - LUTANDO NA ESPANHA II



Ele quer lutar contra o franquismo. Só isto, lutar contra aqueles que ele julga que representam o que há de mais reacionário e anacrônico na Espanha.
Chega em Barcelona poucos meses depois do início da guerra. A cidade aderira a revolução. Todos eram socialistas/comunistas/iguais.
Vai para o front. As tropas são mal alimentadas, mal armadas, mal comandadas. Mas isto era aceito com tranqüilidade. Era o preço que tinha
de pagar pela causa. Ao final de alguns meses começa a sentir que algo está mal.
Que os que eram para ser inimigos de Franco, são inimigos entre si.
Ao voltar para Barcelona de férias dá de cara com uma nova guerra civil. Desta vez entre os partidos que apoiariam o anti franquismo. Guerra com tiros, mortos, traições, cárceres, torturas, fuzilamentos, com todo mundo acusando todo mundo, com todo mundo odiando todo mundo, com todo mundo tendo medo de todo o mundo.
Franco é o frágil cimento que os une. Sempre que Franco não está perto brigam entre si. Chegam a brigar entre si mesmo quando estão enfrentando Franco. Mais importante que vencer Franco é vencer o Outro.
Tudo isto faz com que ele vá se desiludindo com os revolucionários, com aquela guerra. Em junho de 37 ele já sabe que Franco vai vencer. Não pelos seus méritos, mas pelos deméritos de seus adversários.
Ele apenas continua a lutar por que TÊM que lutar contra o anacronismo, contra os românticos que sonham com a volta a um passado glorioso.




(segue num próximo capítulo)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

se hodieron los Infantes de Carrion



Como já falei anteriormente, minha família era originária do norte da Espanha, quase fronteira com França.

Os Carrions pertenciam a nobreza espanhola, na época do reino de Castilla, não sei se a alta, ou a média nobreza.

Por injunções políticas dois dos Hermanos Carrion casaram-se com as filhas do EL CID.

Numa destas idas e vindas políticas, EL CID foi desterrado e os filhos de Carrion renegaram a suas filhas.

Só que o EL CID foi perdoado...

Y los Carrion se hodieran.

Esta gravura representa uma parte deste episódio.

HOMENS FINGEM O ORGASMO

Esta é outra destas histórias que a gente é induzido a ler como se novidade fosse.
Os homens sempre fingiram ter um orgasmos, pelos mais distintos motivos. Só não vou dizer que todos fingiram um orgasmo alguma vez na vida, porque, em termos de conduta humana, não me agradam números absolutos.
Talvez agora, em tempos de Viagra (que as vezes até impede que o cara tenha o seu orgasmo), a coisa tenha se exacerbado. Mas sempre existiu. Pelo menos lá em Livramento.
Aliás, qualquer dia destes vou escrever algo do tipo
"Confiesso que presencié, en Livramento". Te cuida Neruda.

DOGGING



Dogging, passear com o cão, é uma expressão usada para falar de um modismo que surgiu na Inglaterra, ou Estados Unidos. Um casal, ou um grupo de pessoas se combinam para irem a um determinado lugar onde uma dupla, ou mais farão sexo em público.


Isto é noticiado agora com alarde. Mas...


...lembro que em Livramento, isto já ocorria há muitos e muitos anos. Cansei de ouvir falar, e presenciei alguns destes "espetáculos".
É claro que não havia internet, celular, os telefones eram parcos, de maneira que a notícia, a combinação, era feita na boca da orelha, no Clube Comercial (o Palácio Branco das Andradas) ou na calle Sarandi.


Isto me dá a idéia de que, de vez em quando, um jornalista descobre o que pensa ser uma novidade, ou uma fonte chega para ele como grande novidade e a coisa é lançada como tal. Vejo que isto é cada vez mais comum. Por isto, cada vez acho mais necessário que se leia, qualquer coisa com espírito crítico.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A MODA DO CORPO ou O CORPO NA MODA



Voltando a questão dos corpos, pode-se ver que, até na estatuária religiosa, a deusa Mitra, cujo culto se espalhava por todo o Império Romano, também seguia a linha de um corpo voluptuoso.

N’EST PAS SERIEUX...


Hoje, uma das manchetes da primeira página de um jornal importante deste país era: “Olavo provou que era o grande vilão”.
Lido assim, de supetão, por alguém que arribasse a estas terras brasili, bem poderia que se estava desvendando mais uma das tantas maracutaias que por aqui abundam.
Mas não, a dita manchete se referia ao fim de um personagem, de uma novela que terminara na noite anterior.
Devo portanto imaginar que:
A) O nível cultural de quem anda lendo jornais está no nível de revistas como CONTIGO e AMIGA (Ainda existem? Se não mais existem, alguém se lembra delas?).
B) A disputa por leitores está tão renhida que qualquer notícia que chame a atenção, ou possa interessar à grande massa, é válida para ser publicada.
C) Eu sou um avis rara, que, por alienado, não sei mais o que é, ou não, importante neste país. É bem provável que eu não me tenha dado conta que o destino dos personagens de uma novela seja algo absolutamente importante, transcendental, num país como o nosso.
D) A coisa está num nível tal, que alguém gritou: “Fodam-se os escrúpulos.” E todo mundo aderiu.
Talvez todas as respostas estejam corretas.